LIsta fechada
Há uma proposta
revisitada de mudar a forma como nós devemos eleger os deputados federais,
estaduais e vereadores no Brasil, para um sistema de "lista fechada",
que surge agora numa eventual reforma política que podemos chamar de
‘meia-sola’. Nada mais do que isso. Nesse modelo o eleitor vota no partido, em
vez de escolher candidatos avulsos. Os votos são depois
distribuídos de acordo com uma ordem de candidatos previamente definida pela
legenda.
Os defensores desse
modelo defendem que ela é necessária para tornar as campanhas mais baratas e
mais fáceis de fiscalizar, tendo em vista que as doações de empresas estão
proibidas por decisão do STF.
Para os opositores
a proposta tem como objetivo facilitar a reeleição dos parlamentares, muitos
arruinados pelas denúncias da Operação Lava Jato, evitando assim a perda
da prerrogativa de foro. É como se diz em Brasília, entre os próprios parlamentares:
‘quem não tem foro vai para o Moro (juiz)’. Então é mais um casuísmo dos
diversos partidos, que estão mais preocupados com essa ‘reforma’ do que com
outras.
A população não pode
aceitar tal disparate, pois, se isso se concretizar, vai possibilitar aos atuais
mandatários se perpetuarem no Congresso Nacional ‘ad aeternum’. Como estão nos
parlamentos (em todos os níveis) os descendentes de antigos políticos, que
ocuparam o espaço como se houvesse o direito à dinastia, a tendência é de pouca
renovação na política nacional.
Falso argumento
A proposta de transferir a uma consulta popular o destino da
reforma política, ideia a que agora se filia também a ministra Carmem Lúcia, do
Supremo Tribunal Federal, é a velha solução requentada e calejada de empurrar
para a responsabilidade do povo a obrigação que genuinamente pertence do
Congresso Nacional. A matéria vem sendo debatida há mais de 30 anos no
Congresso, nada mais guarda de segredo muito menos dúvidas. Senadores e
deputados, que representam a sociedade, sabem muito bem o que deve ser mudado e
aperfeiçoado. Se eles, convivendo com o a intimidade da reforma desejada, não
se sentem suficientemente capazes para decidir, quanto mais o eleitor, que aqui
fora não trata do projeto, porque está cuidando de se safar dos problemas que
os políticos não resolvem. Toda vez que as lideranças se sentem acuadas diante
de um problema complexo mandam chamar o povo para suprir sua omissão.
O eleitorado certamente votaria mal na reforma, porque não dominar
um assunto de repente jogado às suas costas. Como votou mal ao ser chamado,
meio século atrás, a decidir entre presidencialismo e parlamentarismo.
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