quarta-feira, 31 de julho de 2024

 Eleição 2024 em pauta ( LXXIV)



O QUE DEBATER?
Não há quem possa responder com segurança: até que ponto o eleitorado teria disposição de relegar o debate sobre questões eminentemente locais, temas de interesse do município, e mergulhar nas discussões políticas nacionais. Certo, contudo, é que, ocorrendo essa “nacionalização”, terá sido consequência das divergências do PT e PL, que teriam capacidade para tanto, sem que lhes seja negada capacidade para atrair e afagar legendas menores para essa conduta.
Quando veio à cidade, recentemente, para a inauguração de um viaduto, o presidente Lula não deu sinais de que poderia estimular a cidade, chegadas as urnas, a priorizar as questões políticas de âmbito federal. Talvez o fizesse, em uma segunda visita, o que parece pouco provável.
Tal expectativa, contudo, não é a mesma em relação ao PL, que em setembro traz à cidade o ex-presidente Jair Bolsonaro. Bastará sua presença física para acentuar conflitos ideológicos e programáticos. Nesse caso, o eleitorado pode se interessar mais pelos embates Lula-Bolsonaro, menos pelas propostas de Margarida e Charlles Evangelista.

IDENTIDADE
Discursando na convenção municipal do PDT, quando recebeu apoio do partido à sua reeleição, a prefeita Margarida Salomão acentuou a identidade de ideias e propósitos dos pedetistas com o PT. Garantiu: já havia testemunhado isso durante os mandatos que exerceu como deputada federal.

GASTO MÁXIMO
O União Brasil manifesta preocupação com os candidatos a vereador, no que se refere aos gastos com a campanha. Para evitar abusos e, posteriormente, problemas com a Justiça Eleitoral, estabeleceu que cada um gaste, no máximo, R$ 150 mil. Considerando-se o volume da campanha o limite é bem razoável.

VOTO IMPRESSO
Corre, nas redes sociais, um apelo, sem que se saiba de quem a autoria, propondo que os eleitores de outubro exijam compromisso dos candidatos de darem apoio à introdução do voto impresso nos pleitos seguintes. Quem decide é o Congresso, mas prefeitos e vereadores podem pressionar parlamentares de sua confiança.

COMO FICA?
Depois de decidir que as federações partidárias não respondem por eventuais deslises de um de seus integrantes, o ministro André Mendonça, do Supremo, reformulou a decisão. De forma que há solidariedade entre os entes que as compõem. O ministro cedeu ao argumento dos técnicos do TSE, com base nos sistemas informacionais, que temiam que, suspenso o vínculo, a Justiça teria dificuldades operacionais.
Pelo que se sabe, em Juiz de Fora os partidos federados ainda não atentaram para isso.

ÚLTIMA HORA
O PL quase esgota a prazo dado para a realização das convenções. Será no sábado, para homologar a candidatura do ex-deputado Charlles Evangelista à prefeitura, bem como a chapa de candidatos à vereança. A decisão será logo comunicada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, e confirma sua vinda no dia 6 de setembro, para o lançamento dos candidatos em comício.

SOBE A VIOLÊNCIA
Notícia desagradável é que têm aumentado, em Minas, os casos de violência, por causa de divergências políticas. Comparados os dias atuais com a campanha de 2020, o recrudescimento chega a 50%, com destaque para a Zona da Mata. Em Orizânia, um ex-vereador foi assassinado, e em Matipó o pré-candidato a prefeito Gabriel Melo, do PL, agredido por adversário, quando gravava peça publicitária de sua campanha.
Em Formiga, o prefeito Eugênio Vilela foi agredido por um homem irritado com a qualidade do calçamento das ruas, e, em Engenheiro Caldas, o prefeito Juninho Dutra viu-se ameaçado com arma na cabeça.

LIÇÃO EM CONVENÇÃO
“A temporada das convenções partidárias, que está em curso, tem sido lembrada, não por muitos, sobre o grande abismo que afasta essas organizações políticas de suas bases, só chamadas no momento em que têm de homologar candidaturas e dar aprovação a alianças que já não podem evitar. Tirante essa tarefa, os convencionais são abandonados, à espera de uma nova participação, o que raramente acontece, porque permanecem esquecidos até o próximo pleito. Interessante observar que a legislação brasileira, no artigo 87 do Código Eleitoral, dispõe de claros dispositivos para dar aos filiados esse dever de escolher os candidatos, e considera ilegítima a convenção que não obtiver quórum. Mas, estranhamente, a mesma legislação não cobra dos dirigentes partidários um calendário de reuniões e estudos programáticos. Esse desleixo é antigo, mas agravou-se com a ditadura dos anos 60, quando as legendas nada mais eram que reféns de conveniências, em nome da segurança nacional. As bases, onde estão os verdadeiros representantes, ficam permanentemente esquecidas.” (Jornal do Brasil, 30 de julho )
Na eleição de 1934 experimentou-se candidatura sem legenda, chamada de “avulso”. Não foi do agrado das lideranças, e a novidade logo esquecida. Para se ver como a filiação é, como sempre foi, indispensável.

CONTRA E A FAVOR
Dado curioso, revelado em recente pesquisa realizada pelo Instituto Paraná, mostra que os três candidatos a prefeito apontado com os maiores índices de rejeição – Margarida Salomão, Charlles Evangelista e Ione Barbosa - são exatamente os que aparecem em primeiro lugar na preferência do eleitorado para 6 de outubro, quando estimulados pelos pesquisadores…


O nome Trabalhismo faz parte de vários partidos, embora não se possa dizer que têm atuação clara em torno das questões que mais interessam ao operariado. Interessante observar que, na cidade, ele era calorosamente levantado antes do surgimento dos partidos; antes mesmo do histórico PTB, que não existe mais, depois de ter passagem história em Juiz de Fora.

Voltando ao passado, talvez seja permitido afirmar que, em oposição aos políticos da época, a origem do trabalhismo local remonte a 1880, ano em que o comércio funcionava todos os dias, até 9 da noite. Francisco Jenz, nosso primeiro trabalhista, liderou vigorosa campanha, e conseguiu abreviar o expediente: aos domingos, as lojas passaram a fechar as portas às 4 da tarde…


terça-feira, 30 de julho de 2024

 

Lição das convenções


((Wilson Cid, hoje, no "Jornal do Brasil" ))  

A temporada das convenções partidárias, que está em curso, tem sido lembrada, não por muitos, sobre o grande abismo que afasta essas organizações políticas de suas bases, só chamadas no momento em que têm de homologar candidaturas e dar aprovação a alianças que já não podem evitar. Tirante essa tarefa, os convencionais são abandonados, à espera de uma nova participação, o que raramente acontece, porque permanecem esquecidos até o próximo pleito. Interessante observar que a legislação brasileira, no artigo 87 do Código Eleitoral, dispõe de claros dispositivos para dar aos filiados esse dever de escolher os candidatos, e considera ilegítima a convenção que não obtiver quórum. Mas, estranhamente, a mesma legislação não cobra dos dirigentes partidários um calendário de reuniões e estudos programáticos. Esse desleixo é antigo, mas agravou-se com a ditadura dos anos 60, quando as legendas nada mais eram que reféns de conveniências, em nome da segurança nacional. As bases, onde estão os verdadeiros representantes, ficam permanentemente esquecidas.
(Na eleição de 1934 experimentou-se candidatura sem legenda, chamada de “avulso”. Não foi do agrado das lideranças, e a novidade logo esquecida. Para se ver como a filiação é, como sempre foi, indispensável).
Essas assembleias, servindo para homologar postulações criadas pelos donos das agremiações, acabaram se tornando uma espécie de imposição consentida. Os filiados, vítimas do pouco-caso, esquecidos em grandes e pequenas cidades, ficam sabendo, pelos órgãos de comunicação, quase de véspera, quais as chapas que aclamarão, no dia aprazado. Votam e depois dispensados, experiência que muitas vezes fica reduzida a uma única vez. Para os pleitos municipais, sua utilidade só se renova em quatro anos.
Nada mais oportuno para lembrar a inconsistência da estrutura partidária brasileira; de tão inconsistente, que faz nisso sua transformação em mero trampolim para projetos pessoais. Exemplo estampado é que os políticos, em particular candidatos em véspera de disputa de mandatos, entram e saem das siglas sem qualquer constrangimento; até porque deles não se cobra fidelidade ou compromisso mínimo com o ideário que, por um princípio lógico, deviam defender e divulgar. Tanto é vero que, semanas atrás, praticou-se algo não imaginável em outros países: abriu-se aos deputados o que se chamou de “Janela”, para que saltassem de uns para outros partidos, de forma a se tornar mais fácil sua reeleição. E só por isso. Nessa hora, conflitos e posicionamentos anteriores ficam superados, permitindo-se esquisitices, como inúmeras candidaturas lançadas por combinações exóticas, de petistas e bolsonaristas, direitistas e comunistas. Uma simbiose que dá sustentação à crítica ao oportunismo.
Não há - devia haver – a cobrança de fidelidade aos programas partidários registrados no Tribunal Superior Eleitoral, onde os ministros dão assentimento aos partidos para que, organizados, possam funcionar, com estatuto e proposta programática. Ora, se o TSE tem poder de decidir se uma organização política pode funcionar, não é menor seu poder para exigir o cumprimento de certas responsabilidades. E uma delas, sem dúvida, seria definir e cobrar regras para conferir dignidade às bases, de forma que tenham elas presença e participação ativas, durante todo o ano, na vida das agremiações de sua escolha. Diferentemente do modesto papel da atualidade, quando seus filiados são convocados para subscrever, em convenções formais, decisões prontas que vêm dos gabinetes dos chefes.

quarta-feira, 24 de julho de 2024

 




Eleição 2024 em pauta ( LXXIII)


LIÇÃO DA ABSTENÇÃO

Não se sabe se os candidatos a prefeito, quase todos já conhecidos, tiveram tempo e vagar para avaliação cuidadosa das experiências que ficaram da eleição de 2020, quando estiveram em cena duas candidatas que agora voltam a disputar. É o caso, por exemplo, de estudar as tendências do eleitorado minoritário, e como poderiam estar pensando os que o compuseram; e, quatro anos depois, como se sentem ante as questões que mais diretamente interessam ao futuro da cidade.
Mas, esse ainda não é ponto que surge como o mais importante para a reflexão dos candidatos e dos assessores que vão orientar as campanhas. Nessa linha, pode ter grande importância a análise do fenômeno da abstenção no segundo turno do pleito municipal anterior. Os números parecem significativos: 29.12%, o que representou 119.497 eleitores, que não foram definir seu voto entre Margarida Salomão e Wilson Rezende. Não saíram de casa. Há quem opine que tão expressiva ausência deveu-se, em grande parte, ao eleitorado mais idoso, recolhido por temer os riscos da Covid, que grassava naquele ano. Agora, vencido o temor, um contingente expressivo daquele abstencionismo estaria de volta em outubro próximo. Pode ser apenas um palpite, mas merece atenção.

FORA OS EX
Tirante Tarcísio Delgado, que trabalha para a eleição do filho, Júlio, os ex-prefeitos não têm revelado entusiasmo pela campanha eleitoral, no que diz respeito à eleição majoritária. Alberto Bejani cuida, no que pode, para reeleger o filho vereador. José Eduardo, Custódio Mattos, Antônio Almas não expuseram sua preferência. Igualmente Bruno Siqueira, que tem se dedicado a colaborar apenas na organização nacional do Avante.

ROTAS SEPARADAS
Se os ex-prefeitos mantêm-se equidistantes, a mesma observação não é válida para figuras de prestígio no tucanato da cidade. Consta que o ex-vereador Rodrigo Mattos e o ex-secretário jurídico do segundo mandato do prefeito Custódio, Gustavo Vieira, além do ex-presidente do diretório do PSDB, Luiz Eugênio, estão na campanha de Charlles Evangelista, do PL. Numa rota diferente, mensagem da campanha da prefeita Margarida Salomão informa a adesão da ex-vereadora Sueli Reis, que foi do PSDB, partido também de Manoel Barbosa, agora no PSB, apoiando a chapa PT-Marcelo Detoni. Sueli nega participação, empenhada apenas no seu escritório de advocacia.

HERANÇA
Credite-se ao ex-prefeito Alberto Bejani robusta contribuição para a história do socialismo mineiro, particularmente de Juiz de Fora. O presidente do PSB no Estado, deputado Noraldino Júnior, foi secretário de sua administração, como também participou de seu secretariado o empresário Marcelo Detoni, confirmado agora vice-prefeito na chapa petista de Margarida Salomão. Detoni é presidente do partido na cidade.
O PSB tem a filiação do vereador Bejaninho. O que vale dizer: o novo socialismo, ao sopro dos ventos do Paraibuna, inspira-se no bejanismo, uma linha política que pode estar afivelando as malas para voltar ao poder num futuro próximo.

(( A história do socialismo em Juiz de Fora deu um vigoroso salto ideológico. Nos anos 50, e mesmo nos tempos quentes do golpe de 64, suas expressões eram bem diferentes: Irineu Guimarães, Tomás Bernardino, Sílvio Rodeghery, Raimundo Nonato, Lindolfo Hill, Mílton Fernandes, entre os principais ))

UNIÃO BRASIL
O diretório municipal do União Brasil, presidido pelo vereador Antônio Aguiar, aprovou a chapa de candidatos a vereador, em convenção realizada na segunda-feira. Dizia o presidente que foi resultado de um ano de pesquisas e consultas, o que o leva a admitir que é uma lista qualificada.
Esse partido tem um detalhe particular: em cidades com mais de 200 mil eleitores, como Juiz de Fora, a escolha do candidato a prefeito tem de passar pelo crivo das executivas estadual e federal. Quanto a nomes a serem analisados, os convencionais mostravam-se divididos. Mas, acertado ficou o apoio a Ione Barbosa, com sugestão de o vice ser o advogado Fernando Fagundes Reis.

FÉ E ESPERANÇA
Levantamento superficial, antes de iniciadas as convenções partidárias, indicava que são cerca de vinte os evangélicos militantes que vão disputar a preferência do eleitorado da cidade neste ano. Quase todos sonhando com a conquista de uma cadeira na Câmara. Quanto à eleição majoritária, a luta nos templos e salões de oração está concentrada na deputada Ione Barbosa, da Batista, e no pastor Gilmar Garbero, da igreja Estrela da Manhã, que vem como vice na chapa de Charlles Evangelista.

MAIS VOTANTES
Concluídos e conferidos os mapas dos mineiros aptos a votar em outubro, o TRE informou que, em dois anos, aumentou em 178.276 o número dos que vão, pela primeira vez, escolher prefeito, vice e vereador. Minas tem agora 16,4 milhões, como segundo colégio eleitoral do país, superado apenas por São Paulo.
Explica-se aí o interesse dos partidos pelas lideranças mineiras, com vistas à sucessão presidencial de 2026.

FORA DE CENA
Além de ex-prefeitos citados, sem participação ativa na campanha eleitoral, há vários ex-deputados também ausentes. É o caso de Sebastião Helvécio, cinco vezes deputado estadual e ex-vice-prefeito. A coluna de Márcio Fagundes, no jornal Estado de Minas, informa que Helvécio, consultor do Banco Mundial, está de viagem marcada para Tadjiquistão, na Ásia Central, onde vai falar sobre tribunal de contas, assunto em que se especializou.

PRIORIDADES
Vereador Marlon Siqueira, que busca a reeleição, tem insistido no discurso que privilegia o desenvolvimento econômico, não apenas como forma de ampliar as riquezas do município, mas também solução concreta para melhorar a empregabilidade e a vida dos que trabalham. Ele considera que é prioritário para Juiz de Fora disputar, com vigor, novos projetos industriais e comerciais.


Em 25 de julho de 1935, o presidente Getúlio Vargas, que durante 12 dias havia instalado, informalmente, o governo em Juiz de Fora, aproveitou para passear. Esteve no Museu Mariano Procópio, na sede da Quarta Região Militar, conheceu a fábrica de artefatos bélicos, em Benfica, e visitou as obras de abastecimento de água. Foi o presidente da República que mais esteve na cidade: seis vezes. Em duas oportunidades, 1934 e 1935, fez com que seu ministério viesse despachar na Fazenda São Mateus.

quarta-feira, 17 de julho de 2024

 



Eleição 2024 em pauta ( LXXII)


AS CONVENÇÕES


No sábado, segundo o calendário eleitor oficial do TSE, começa a temporada das convenções dos partidos oficialmente constituídos, com prazo até 5 de agosto para decidirem sobre seus candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador. Trata-se de um dos prazos que não permitem alterações, estando as candidaturas inviabilizadas, no caso de descumprimento. Começa a ser contado, igualmente, o tempo para que os candidatos apresentem relatório sobre origem dos recursos financeiros obtidos para o financiamento das campanhas.

As convenções não deixam de ser importantes para os filiados, porque são a oportunidade única para que travem contato com seus partidos. Ideal que não fosse assim, mas frequentes as reuniões destinadas a avaliações, instruções e projetos. Nada há que obrigue uma organização partidária a conviver periodicamente com os filiados, só lembrados quando chega a hora de definir candidaturas. Como agora.


A PRIMEIRA

A primeira convenção partidária na cidade, no sábado, será do PRD – Partido Renovação Democrática, oficialmente criado em novembro do ano passado, resultado da fusão do Patriota com o Partido Trabalhista Brasileiro. A nova sigla ainda não se manifestou sobre questões municipais.

A convenção seguinte, na segunda-feira, à noite, na Câmara, será do União Brasil,


OS AUSENTES

Na segunda-feira foi sepultado o ex-deputado Marcello Siqueira, aos 86 anos. Tornou-se menor o grupo de antigos e fiéis colaboradores do presidente Itamar Franco, que tinha, como hábito, confiar cargos e missões especiais a amigos de estrita confiança. Já havia perdido, em poucos meses, a secretária Neusa Mitterhoff e os ex-ministros Saulo Moreira e Murílio Hingel. Bem antes, em meio à pandemia, morreu Djalma Morais, outro influente. Hoje, da antiga assessoria, restam Thales Ramos e Henrique Hargreaves.


MEIA DECISÃO

O PSB confirmou sua convenção municipal para a próxima terça-feira, com a presença do presidente estadual, deputado Nonaldino Júnior. Uma novidade: naquele dia, os convencionais serão chamados a votar apenas na chapa dos candidatos à vereança. Quanto à candidatura a prefeito, o partido vai ficar no aguardo da decisão do PT, onde está acertada uma aliança que define o empresário Marcelo Detoni como vice na chapa da prefeita Margarida Salomão. Consolidado o acordo, a aliança passa a viger automaticamente.

Sem previsão de surpresas quanto ao vice. Tudo ajustado.


PRETO NO BRANCO

O pré-candidato a vereador José Figueirôa deve sentir que uma faixa significativa do eleitorado desconfia de promessas em tempo de campanha eleitoral. Tanto assim que, inovando, prometeu para esta quinta-feira, às 18h30min, a assinatura de uma carta-compromisso com a c idade, enfocando questões essenciais, como assistência social e meio ambiente. O ato será numa sala da Avenida Rio Branco, 2053.


UM DOS DOIS

Depois de especulações e muitas consultas, o Novo decidiu que não terá candidato próprio à prefeitura, como também não alimenta a pretensão de indicar um nome para vice. O que está para ser definido, nas próximas horas, é se dará apoio à deputada Ione Barbosa, do Avante, ou a Charlles Evangelista, do PL. Caminhará com um dos dois.

O rumo que tomar, sinalizará, certamente, as ideias do governador Romeu Zema em relação ao futuro político de Juiz de Fora.


ESCÂNDALO

“Um mínimo de compostura está a exigir que a sociedade seja informada, com o máximo de clareza, sobre o destino dado às nebulosas Emendas Pix, robustecidas com mais R$ 9 bilhões, em semana de definições políticas. Os deputados ganharam o direito de distribuí-las como convier à sua campanha de reeleição, ficando com os prefeitos da preferência aplicá-las ao gosto. Trata-se de uma imoralidade, mesmo que destinadas a socorrer evidentes necessidades do município contemplado. Nada justifica ausência de transparência na aplicação de dinheiro público”. (deu no Jornal do Brasil, anteontem)


OLHO NO AMBIENTE

O MDB, que tem como pré-candidato à prefeitura o ex-deputado Júlio Delgado, foi o primeiro a apresentar proposta objetiva sobre ações administrativas prioritárias para o município nos próximos anos. Enfoque para as questões ambientais. Nesse particular, são indicadas atenções especiais para a Barragem Chapéu D’Uvas, que vai servir à população nas próximas três décadas, um programa permanente para conter enchentes e tratamento de esgotos. E, ainda, atenção para o que os técnicos chamam “cidade esponja”, isto é, a capacidade de as áreas urbanas absorverem, com mais facilidade, o excesso das chuvas.


Autoridades municipais têm sido, informadas, oficiosamente, que os serviços do Judiciário do Estado deverão ser transferidos para a nova sede, na avenida Brasil, até maio de 2025. O resultado desejável dessa transferência é o Benjamin Collucci ser ocupado logo pela Câmara, agora funcionando no velho Barbosa Lima. Com isso, a expectativa de esse espaço ser destinado a projetos culturais.

Até 1916, funcionaram ali todos os serviços municipais, à exceção da Saúde. Quase nessa mesma época teve início longa discussão sobre a propriedade do terreno, desejando o Estado tomá-lo de imediato. Foi mais longe seu intento. Na década de 70, o governo desejou doar o prédio a uma entidade estudantil. Fracassou, porque não teve como provar a propriedade.





terça-feira, 16 de julho de 2024

 



Tempo de impunidades

((Wilson Cid, hoje, no "Jornal do Brasil" ))

A decisão da Câmara dos Deputados, sob bênçãos e conivência da grande maioria de seus integrantes, concedendo perdão às dívidas dos partidos políticos, contumazes descumpridores da legislação eleitoral, é um capítulo a mais na vasta história que vamos escrevendo no campo das impunidades. Livram-se eles das dívidas tributárias, bem como suas fundações, algumas delas suspeitíssimas, por abrigarem ações irregulares, entre as quais o patrocínio de “palestras” jamais proferidas. Acaba que o mais recente episódio se transforma num conluio, porque, se as organizações políticas erraram, por agirem contra a lei, vieram, em seguida, complacentes e generosos, os legisladores que as afagam com o perdão, sem que, para tanto, nem se acanhem de recorrer à força de uma PEC, com escassa chance de a violência ser contida quando tramitar pelo Senado, nos próximos dias.
A concessão vai além, ao simular prazo de 180 meses para que os contemplados reorganizem as finanças, livres de juros e correções, com a evidência de que, diante de tão elástico prazo, vai aí embutida a garantia de nova e futura premiação aos faltosos.
No embrulho das faltas graves, insistentemente praticadas, figura o descumprimento do instituto das cotas, que, em pleitos anteriores, sacrificou candidaturas de negros e mulheres. Fica a sociedade brasileira autorizada a lamentar que os deputados tenham derrotado uma lei que, por sua própria iniciativa, foi votada, em nome dos direitos de minorias agora negados. Um contrassenso.
Este é um tempo de exaltação dos impunes, mesmo sem constituir novidade. Meio século atrás isso já preocupava o jurista Mílton Campos; mas vai, a cada dia, ganhando maiores dimensões na vida nacional. Progride a tolerância com os delitos, seja nas relações institucionais, seja nos crimes comuns do cotidiano. Alertava o ilustre mineiro que não há nada mais competente para estimular o crime.
Comete-se toda sorte de desvios, porque prevalece a certeza de que não vai dar em nada. A não ser, em muitos casos, quando os tribunais vão em cima dos desprotegidos; sim, porque se os poderosos estão acima da lei, os fracos estão na mira da lei. Vai-se consolidando a cultura da impunidade. O que é péssimo.
Não se permita que essas coisas deixem de escandalizar, pelo fato de estarem se tornando comuns no noticiário. Têm de assustar e gerar protesto, jamais passando encaradas como fatalidade de novos tempos e maus costumes; e, portanto, contra a realidade nada seria possível. Não pode ser normal que um ministro do Supremo Tribunal favoreça, com perdão monocrático, um grupo empresarial que deve, e não vai pagar, dívida de R$ 10 bilhões aos cofres públicos. Outro grupo, caso não menos espantoso, dispensado do compromisso de R$ 8,5 bilhões com a Justiça, depois de figurar como a grande estrela da corrupção da Lava Jato.
Simplesmente calar seria a última tragédia; se a nação perdesse o rubor na face, e admitir a tolerância com fatalidade.

Atleta sexual
A mitologia do agreste pernambucano está enriquecida na insistência com que o presidente Lula tem revelado viril desempenho sexual, em resposta à sugestão de cronistas para se afaste em férias e repouse, ante sinais de esgotamento nervoso. Estamos, pois, diante do que os mitólogos certamente chamariam de garanhão de Garanhuns. Em rigor, longe de ser vítima de implicância dos jornalistas, o presidente mostra, ao proclamar suas epopeias horizontais, que, delirante, precisa mesmo desintoxicar-se, antes que adoeça de vez.
A suspeita de delírio faz sentido quando ele, vai mais longe, ao sugerir que, para dirimir dúvidas, tome-se o testemunho da primeira-dama, o que seria um despropósito. A ninguém se dá o direito de constranger aquela senhora com o atestado comprobatório, por mais zelosa que seja com tão singular virtude do marido.
É justo ter reservas em relação ao atletismo sexual de quem caminha quase octogenário. Sobretudo, tratando-se do presidente, de qualquer presidente, em quem corpo e alma vivem sob permanentes e perigosas tensões. Certas idades e certas vivências não permitem bazófias.
Parafraseando Henri Poincaré, quando falava sobre falsa cultura, sexo é como geleia para cobrir o bolo: quando menos se faz, mais se quer espalhar.

Fora da pauta

1 – Percebe-se. O que mais tem preocupado aos setores políticos e diplomáticos sobre o tiroteio que travam os presidentes Lula e Xavier Millei, além de nefastos reflexos nas relações entre dois países vizinhos, é que as farpas chegaram a tal ponto, que ficou difícil, para ambos, um diálogo menos acidentado no futuro. O argentino não tem como se desculpar com quem, repetidas vezes, chama de ladrão e corrupto contumaz. De sua vez, o presidente brasileiro não tem como abrir mão de um reparo formal, por mais calejado que esteja com ofensas, como as coisas que ouvia de Alkmin e Marina, perdoados com cadeiras ministeriais.

2 – Um mínimo de compostura está a exigir que a sociedade seja informada, com o máximo de clareza, sobre o destino dado às nebulosas Emendas Pix, robustecidas com mais R$ 9 bilhões, em semana de definições políticas. Os deputados ganharam o direito de distribuí-las como convier à sua campanha de reeleição, ficando com os prefeitos da preferência aplicá-las ao gosto. Trata-se de uma imoralidade, mesmo que destinadas a socorrer evidentes necessidades do município contemplado. Nada justifica ausência de transparência na aplicação de dinheiro público.

3 – O negócio das joias do ex-presidente Bolsonaro precisa ser apurado, mas sem descuidar de detalhes que, mal esclarecidos, acabam virando pontos positivos para ele. É o caso da diligência da Polícia Federal, que começou por considerar em R$ 25 milhões o valor das preciosidades, para, logo depois, anunciar o valor real de R$ 6 milhões. Diferença tão expressiva denuncia investigação apressada ou maldosa, algo ruim para quem destinar o caso a fins políticos.

quarta-feira, 10 de julho de 2024

 




Eleição 2024 em pauta ( LXXI)


LONGO PRAZO

Há uma explicação, sob ótica estratégica, para a resistência que importante facção do PT vem criando, em relação a um candidato a vice-prefeito que não seja de suas fileiras; sobretudo se for nome do PSB, porque nesse caso mais nítida ainda seria a carência de afinidade. Quem explica é veterano conhecido do partido: o projeto do PT não se esgota no pretendido novo mandato da prefeita Margarida. Vai mais longe, envolve gente da intimidade petista, a começar pela deputada federal Ana Pimentel. A propósito: o ex-deputado José Dirceu insiste em afirmar que um projeto de poder não pode pensar em menos de 12 anos.
Uma composição com vice “estrangeiro” das hostes do partido, diante da eventualidade de assumir metade do próximo mandato da prefeita, resultaria prejudicial para os planos,em benefício da direita.

SOBRE PROMESSAS

Chegando as convenções partidárias, conhecidos os candidatos, aberta a campanha, os eleitores passarão a conviver, diariamente, com promessas de campanha. Cabe lembrar que a responsabilidade não é apenas de quem faz a promessa, mas também quem acredita nela. Sobre o assunto, anteontem, o “Jornal do Brasil”, comentou:
“Para que o eleitor não se deixe enganar, conveniente é ter em mente que o pronunciamento de candidato sempre foi, e sempre será, uma proposta de ideal, do desejável. Muitas vezes o intangível, pouco tem a ver com o real. Ele fala em coisas com que sonha e com que sonham os eleitores. A propósito, cabe, por oportuno, uma palavra em defesa do presidente, muito criticado nas redes sociais, porque, em campanha, propôs, a todos os brasileiros, “uma picanha passada na farinha, com uma cervejinha gelada no fim de semana”. Idiota foi quem acreditou nisso, porque Lula apenas prometia o ideal; e o ideal não tem compromisso íntimo com a realidade. Aqui e em qualquer lugar do mundo. De Gaulle, por exemplo, advertia que promessa de campanha só compromete quem ouve”.

CARTILHA

O comando nacional do PT elaborou uma cartilha, destinada a orientar seus candidatos a prefeito. Uma das sugestões é que aperfeiçoem a aplicação do IPTU, como forma de valorizar os espaços urbanos. Da mesma forma, que os candidatos atentem para a importância da aplicação do ISS, seguramente o campeão entre os mais sonegados.

PALAVRA DE BISPO
Bispos da Baixada Fluminenses, antecipando-se aos seus irmãos de fé, divulgaram carta aos |eleitores católicos, chamando atenção para as responsabilidades, entre as quais votar em candidatos identificados com questões básicas da Igreja. Como “a defesa da concepção até a morte natural”, o que é uma convocação a não votar em que aceita o aborto. Reconhecem os bispos, integrantes da Regional Leste 1, um clima de frustração e pessimismo precedendo o processo eleitoral, mas apelam para o passo concreto rumo à “superação das divergências e das inimizades”.

ESPERANÇA

O MDB, que já foi a força política mais expressiva da cidade, liderou o quadro de filiações na movimentação da troca de siglas, para quem vai disputar em outubro. Soma-se a isso o fato de ter ampliado, consideravelmente, suas bancadas legislativas. É o que tem animado os dirigentes em Minas. As 159 prefeituras conquistadas em 2016 caíram para 100 em 2020.

ALÍVIO

Havia uma ideia de que a federação partidária tornava-se, automaticamente, solidária com uma de suas siglas que descumprisse obrigações com a Justiça Eleitoral, como, por exemplo, a prestação de contas. Nada disso. Definiu e decidiu o ministro André Mendonça, do TSE. Cada partido que cuide de suas obrigações. Se descuidado, os demais integrantes da federação nada têm a ver.

DESLIGADO

Cumprindo o que determina a legislação eleitoral, em relação aos candidatos, o ex-deputado Isauro Calais desligou-se da assessoria técnica do deputado Leonídio Bouças (PSDB) na Assembleia Legislativa. Não agisse assim, desincompatibilizando-se, estaria impedido de disputar a prefeitura.

AUSENTES

São muitas as razões levantadas pelas mulheres para lamentar sua pálida participação nos destinos políticos do país. Por exemplo, entre 5.600 municípios brasileiros, nas câmaras de 1.800 deles não há uma única vereadora. Fruto da antiga lógica machista.

No nosso diário político, o 11 de julho, 1937, marcou um incidente que, anos seguidos, resultaria em prejuízos para a cidade. Naquele dia, subindo a rua Halfeld, em campanha para José Américo, candidato à Presidência da República, o governador Benedito Valadares foi alvo de uma barulhenta hostilidade por parte dos defensores da candidatura de Armando Sales, que tinha um comitê funcionando no sobrado de número 758. Foi manifestação isolada, mas criou um clima de desprestígio para os interesses da cidade na capital.