Qual o balanço desapaixonado da política de privatização que está completando vinte anos hoje? O que têm a dizer os especialistas, desde que o presidente Fernando Collor privatizou a Usiminas, de Ipatinga?
Há alguns pontos nos quais parece não haver dúvida. É quanto à inconveniência de confiar à iniciativa privada dois serviços essenciais, água e energia. Quanto a esses itens, considerando-se, em tese, que têm de ser eficientes, sem almejar lucros, é bom que fiquem sob o controle do estado.
No caso das privatizações que se seguiram à Usiminas, o governo lucrou, pois deixou de viver com déficits intermináveis; mas também perdeu, porque não teve mais fontes generosas de emprego para afilhados políticos.
Os privativistas têm a seu favor a inquestionável eficiência das grandes empresas que saíram do controle estatal. O que autoriza garantir aos saudosistas que a Vale do Rio Doce nunca mais será estatal, por mais que sonhem com isso.
Aparando
as arestas
O objetivo capital do PSDB mineiro, a partir do painel político que será criado para a eleição do próximo ano, é confirmar e consolidar a candidatura do senador Aécio Neves à presidência da República em 2014. Os novos prefeitos terão, portanto, um papel importante, principalmente se forem escolhidos para administrar municípios com mais de 50 mil eleitores. Quanto mais coesos melhor para o projeto.
Mas não é só isso. Também a partir da campanha que se aproxima os dirigentes tucanos vão pretender num primeiro passo, ainda com vistas ao futuro de Aécio, criar condições para que sobrevivam as alianças e não se diluam depois de eleitos os prefeitos.
Na semana passada, esse foi o objetivo revelado pelo presidente estadual do PSDB, Marcus Pestana, ao propor às alianças que começam a ser construídas agora, que revelem, o quanto antes, suas diferenças e divergências, para que sejam resolvidas. Além disso, esses partidos aliados poderão logo “mapear suas prioridades e expectativas”, como explica o presidente estadual.
Os poderes
masculinos
Alguém precisava mostrar disposição para estudar os fundamentos de uma pesquisa, publicada na semana passada, indicando que em Juiz de Fora (provavelmente mais que em qualquer outra cidade brasileira) 80% das mulheres agredidas por seus companheiros desistem das ações que promovem contra eles. É muito expressivo o volume dessa desistência para que passe sem um estudo, e não morrer nos números de uma estatística.
O que estaria acontecendo com os casais em conflito? As mulheres tendem mesmos a esquecer a humilhação e a dor, quando os hematomas vão embora? Seria o temor de ver rompido o elo da sobrevivência? Ou – pior ainda – as queixosas acabam desistindo por causa de novas ameaças dos agressores, que só temem a Justiça?
A violência contra a mulher não cessa. É preciso conhecer melhor as razões que a levam a tolerar.
Planos em
quarentena
A crise que envolveu o Ministério dos Esportes respinga, pelo menos por um breve tempo, nas primeiras conversações que vêm se processando entre correntes políticas de esquerda da cidade. Um dos principais assessores do ministro Orlando Silva, Wadson Ribeiro, tem alimentado expectativas de uma união dessas correntes e seus partidos, e com base nela disputar o primeiro turno. Mas agora, também ele denunciado por ter sido beneficiado com verbas destinadas a ONGs, essas articulações terão de esperar algum tempo.
Wadson não era desconhecido em Juiz de Fora no ano passado, quando entrou disputando cadeira de deputado federal, mas sem tradição eleitoral. Promoveu campanha pesada e custosa, dando ao PcdoB uma das boas estruturas de campanha no ano passado. O partido (onde estão seus comunistas?) ficou devendo a ele a melhor performance eleitoral de sua história: 20.879 votos.
Renovar é
preciso?
O jornal ”O Tempo”, em matéria publicada ontem, avaliou temas que poderão ter presença frequente na campanha eleitoral de 2012, incluindo entre eles a renovação no comando administrativo das principais prefeituras do estado. Depois de lembrar que nos últimos 28 anos Juiz de Fora teve apenas três prefeitos, o jornal ouviu a opinião de Custódio Mattos, que será candidato à reeleição.
Para ele, a proposta de renovação tem um componente de relatividade. Renovar o quê? Com quem? Para quê? O fato de mudar os nomes, simplesmente por mudar, não é uma ideia que por si deva ser admitida.
A mudança de nomes em Juiz de Fora vai mesmo ser incorporada ao discurso da oposição ao prefeito, mas ela também terá dificuldades. Não poderá ter como candidatos seus veteranos, sob pena de pagar pela contradição.
(( publicado também na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))
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