domingo, 29 de abril de 2012

A influência que vem de fora

1 - Não há exagero quando se diz que parte, se não mesmo a maioria das decisões em torno da sucessão municipal, procederá de Brasília e Belo Horizonte. O que não pode ser motivo de espanto para políticos e partidos, porque eleição em capitais ou centros de maior referência raramente passa sem o dedo dos escalões superiores. Seria ingenuidade, por exemplo, desconsiderar o empenho do governo do estado para a reeleição de Custódio Mattos. Só desistiria desse projeto se a campanha expusesse a total inviabilidade do prefeito. 2 - Da mesma forma como o PSDB de Minas se interessa pelo destino de Custódio, para o comando nacional do PT seria interessante a vitória de sua candidata, a professora Margarida Salomão, e nesse sentido trabalha abertamente para ganhar o apoio do PMDB (ou de sua dissidência). São partidos irmãos na base política do governo. Brasília vai precisar saber: rachado ao meio pela candidatura de Bruno Siqueira, o PMDB é forte por causa de Tarcísio ou o tarcisismo é forte por causa do PMDB? 3 - São conhecidas as boas relações entre Aécio Neves e o deputado Júlio Delgado, cuja candidatura a prefeito ainda não se mostra suficientemente animada aos companheiros do PSB. O senador influirá decididamente para impedir que o deputado se volte para a candidata do PT, no primeiro ou no segundo turno.
Novo presidente
Como havia prometido, no sábado o PPS promoveu reunião extraordinária da executiva municipal, quando elegeu seu novo presidente, o empresário Bernardo Martins, substituindo o secretário de Saúde, Antônio Jorge, que deixa o cargo, depois de o estado estabelecer que seus executivos não devem participar da direção de partidos. Mas não haverá alteração nos planos do PPS, pois Martins tem perfeita integração com seu antecessor.
Entusiasmo
Em acontecimento social do fim de semana em torno do deputado Bruno Siqueira e do jornalista César Romero, um dos destaques ficou com a animação do vereador Júlio Gasparete em relação à disputa da prefeitura neste ano. Segundo ele, o favoritismo que se observa em segmentos diversos do eleitorado não deixa dúvidas quanto à vitória de Bruno em outubro. E vai além: eleito prefeito, logo depois ele dará saltos mais ambiciosos.
In memoriam
No dia 8 será aberto o 29º Congresso Mineiro de Municípios, que certamente terá como um dos temas prioritários o endividamento do estado e seus reflexos sobre as prefeituras. Também programada homenagem 'post mortem' ao ex-senador Itamar Franco e do ex-vice-presidente José Alencar. Motiva a homenagem, ainda que tardia, o fato de ambos terem sido simpáticos ao municipalismo.
Conversas
Das últimas conversas políticas em setores autorizados deduz-se que a candidatura de Margarida Salomão, do Partido dos Trabalhadores, conta, desde agora, com a adesão do PCdoB e do PRTB. Mas os petistas não escondem seu projeto de ir além, agregando o apoio do PSB e dos tarcisistas do PMDB, que são dois setores destinados a interagir. O apoio do deputado Júlio Delgado (PSB) pode ser importante.
Galeria
Nesta segunda-feira festejam-se os 50 anos de inauguração da Galeria Carmelo Sirimarco, parte de uma paisagem da zona urbana que tem entre suas características as muitas galerias que facilitam a ligação entre as ruas. Às 17h, no local, a historiadora Daura Barbosa fará uma palestra lembrando o comerciante Carmelo Sirimarco, que, tempos atrás, ali morou em um casarão com vasto quintal. Será descerrada uma placa comemorativa, apresentado um sarau e, em seguida, haverá audição do "Coral Juiz de Fora em Serenata".
Vale dizer
Acabou acontecendo exatamente o que estava previsto: o deputado estadual Sargento Rodrigues fracassou na tentativa de constituir Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar o caso de propina paga a policiais que vinham protegendo o jogo do bicho. Na liderança do governo, o deputado Bonifácio Mourão disse que, mais tarde, se houver necessidade, o assunto será retomado; o que vale dizer: assunto arquivado. __
De Memória
O pintassilgo
Em seu livro “Casos Raros da Ornitologia”, a professora Marion Marques Delpra citou fato singular ocorrido em Juiz de Fora, em julho de 1990. Nunca antes um brasileiro havia parado na cadeia por causa de um crime que, na verdade, não era tratado em leis de proteção à fauna: em Dias Tavares, Milchard Alves Nogueira, de 26 anos, estrangulou um pintassilgo, na frente de guardas florestais, ao ser instado a libertar o pássaro. O delegado de Vigilância Geral, Rui Henriques, confirmou a prisão, quando o estrangulador desafiou, dizendo que podia fazer o que quisesse, pois era dono do pintassilgo. Mas a permanência de Milchard no presídio de Santa Teresinha durou pouco, graças a uma fiança de 20 cruzeiros.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Há dez meses

Para confirmar as expectativas otimistas com que era aguardada, a reunião de lideranças regionais, realizada em junho do ano passado, sob o patrocínio da Universidade Federal, trouxe uma diferença capaz de torná-la superior aos esforços anteriores igualmente preocupados com o desenvolvimento da Zona da Mata. O que a diferenciou, e nisto ficou a esperança de proveitosos resultados junto os governos estadual e federal, é que, tomando por base a própria UFJF, que se transformou em referência de realizações, nossos líderes prometeram abandonar aquele antigo modelo de elaboração de queixas e derrotismo, optando pela coragem e a formulação objetiva de propostas e metas. Foi o que se ouviu. Essa nova etapa na história de nossas reivindicações acaba de completar dez meses. O que aconteceu desde então? Precisamos da palavra dos deputados, que se ofereceram para intermediar as negociações.
Ulysses Guimarães
Há quem sugira que, proximamente, na passagem dos 20 anos do desaparecimento do deputado federal Ulysses Guimarães, o PMDB aproveite a oportunidade para avaliar suas condutas políticas desde que o líder desapareceu no mar. A começar pelo 'mea culpa', por tê-lo cristianizado, quando foi candidato a presidente da República. Bem pensado, foi desde então que o partido inaugurou sua longa trajetória rumo ao adesismo.
Só calma
Na cidade ainda não se conhece turbulência no processo pré- eleitoral. Aliás, sem surpresas. O que poderá surgir em maio, coincidentemente com as comemorações do aniversário da cidade, é o prefeito apresentar uma programação “estonteante” para a oposição. As pesquisas eleitorais que circulam, que não o contemplam confortavelmente, correm 'a boca pequena', mas ontem o TRE informou que não tem registro de qualquer pesquisa em Juiz de Fora.
Valorização
Está para ser divulgada, nos primeiros dias de maio, a lista das personalidades que serão agraciadas com a Comenda Henrique Halfeld, a mais alta distinção da cidade. Há indícios de que será uma lista sem excessos, “enxuta”, o que haverá de valorizar a homenagem.
Espanto
Custa acreditar. Mas o deputado Newton Cardoso, como relator, deu parecer favorável a uma aberração. Trata-se do projeto do deputado paulista Guilherme Mussi, do PSD, que autoriza a qualquer parlamentar instalar placa oficial em seus carros particulares. Significa que suas excelências, sendo autuadas por qualquer infração no trânsito quem vai pagar é o Congresso. Resta a esperança de que o plenário recuse tamanha monstruosidade.
Mais um
O PSDB avança, ainda que vagarosamente, no seu projeto de despertar candidaturas viáveis em cidades politicamente estratégicas de Minas. O primeiro foi Custódio Mattos, em Juiz de Fora. Agora surge o segundo, Toninho Andrada, que vai disputar em Barbacena, onde já foi prefeito. Em maio, Andrada deixa o Tribunal de Contas, onde é conselheiro.
Desconfiômetro
O ex-presidente Lula foi a Brasília traçar linhas de ação para a CPI do Cachoeira, entre outras decisões que divide com dona Dilma. Amoroso defensor do cargo que se recusa a desocupar, é preciso que alguém lhe diga que a faixa presidencial já está com a companheira.
Na escala
Há outro fato importante que não escapa da segunda quinzena de maio: saber quais os partidos que tomarão parte nas alianças em torno dos candidatos a prefeito. Alguns já se anteciparam oficialmente, como o Democratas, que se alinhará com o PSDB para a campanha de reeleição do prefeito. O Partido dos Trabalhadores tem sido discreto na divulgação dos contatos que promove em busca de alianças. __
((publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

quarta-feira, 25 de abril de 2012

PPS muda o comando em JF

O PPS estará reunido no sábado, a partir de 10h, em sua sede, para reorganizar a executiva municipal, o que poderá, contudo, estar limitado à substituição do presidente, com a saída de Antônio Jorge Marques. Isso resulta do fato de o governo do estado e o partido passarem a considerar como incompatível ocupantes de funções executivas esterem na direção de partidos políticos. Neste fim de semana serão concluídos os entendimentos para a escolha do novo presidente, sendo o nome mais cotado o do industrial Bernardo Martins, do setor de alimentação, já aceito nas sondagens anteriores. Na sucessão natural do presidente está o vice Carlos Alberto Gasparete, mas também ele tem impedimento pelas mesmas razões pelas quais afasta-se Antônio Jorge, secretário de estado da Saúde. Gasparete é atualmente coordenador do Procon. E o ex-vereador Marcos Pinto não pode deixar a secretaria do diretório porque é imprescindível nessa função.
Respingos
Não apenas pela sorte do contraventor Carlinhos Cachoeira, a quem a Justiça promete um futuro sombrio, mas pelos envolvimentos diretos e indiretos, o processo contra ele deixa em suspenso o quadro político deste ano eleitoral, e não apenas em Goiás, de onde ele comandava o crime. Há evidências de que as coisas não vão parar no senador Demóstenes.
Quem ajuda?
O deputado Sargento Rodrigues caminha num deserto de desinteressados, à procura de outros parlamentares que lhe deem apoio na constituição da Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os casos de propina do jogo de bicho pago a policiais civis e militares. E esse esforço tem fôlego limitado e ele só irá até onde for possível. O deputado não pode insistir demais, pois correrá o risco de sofrer retaliações e boicote na Assembleia. É o que o leva a não estar criticando os que lhe negam solidariedade.
A distância
Há um mês, talvez pouco mensos, o ex-prefeito Tarcísio Delgado sugeriu que os pré-candidatos Bruno Siqueira e Júlio Delgado se sentassem à mesa para discutir a união de suas forças, na certeza de que esse é o caminho do êxito eleitoral para o PMDB e o PSB. Não se soube de avanços concretos. De tudo, o que resultou foi um comentário de Júlio em relação à irredutibilidade do peemedebista. Não se sabe de outras tentativas de entendimento.
Novo diretor
O ex-deputado constituinte Luiz Otávio Ziza Valadares, também secretário de Administração no governo Tancredo Neves, foi eleito, ontem à tarde, no Rio, para dirigir a recém-criada Diretoria de Comunicação da Light. Obteve os votos unânimes dos conselheiros da companhia.
O pacto
Está na pauta dos governadores mais influentes a discussão de novo pacto federativo, capaz de conferir um mínimo de autonomia aos estados afundados em dívidas impagáveis. O senador Itamar Franco, morto em julho do ano passado, gostaria de estar assistindo a esse momento das governadorias. Dias antes de ser hospitalizado para morrer, ele comentou com amigos e jornalistas que esse pacto seria sua prioridade entre todos os temas políticos. Quanto à atuação no Senado, prometia que as atenções estariam basicamente concentradas em duas questões: o pacto das entidades federadas e a defesa de uma legislação capaz de conferir a defesa da privacidade das pessoas.
Luta interna
A recente pesquisa de aceitação pública deu vantagem à presidente Dilma, o que, com justificada razão, massageou o ego da equipe do governo. Mas veio de acréscimo um dado para preocupações internas: mesmo com a aceitação crescente, quando chegar a eleição de 2014 essa aceitação vai se desviar em favor de Lula. A persistir a tendência, serão inevitáveis dissabores internos e nas relações entre os dois grupos.
Participante
A presidente tem dito que não terá empenho pessoal na campanha das grandes e pequenas cidades. Pode ser, no íntimo, que ela assim o desejasse. Mas já surgem sinais de que a realidade seria outra, graças a envolvimentos inevitáveis. E os ministros diretamente interessados nos seus próprios projetos cuidarão de demovê-la dessa disposição. Então, ela poderá estar ausente fisicamente, mas o seu governo totalmente representado. __
(( publicado também na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

terça-feira, 24 de abril de 2012

Palestra

Na palestra mensal do Instituto Histórico e Geográfico, quem fala amanhã à noite é o delegado Rodrigo Rolli, também professor de Direito Penal da Faculdade Estácio de Sá. Ele vai abordar o tema “Justiça e Pacificação Social”. O Instituto se reúne às 19h30m, no 4º andar do edifício Credireal. E a partir de hoje é presidido pelo professor Lucas Amaral, que substitui Vitor Valverde, em licença do cargo pelos próximos seis meses.
Convenções
Maio, que está chegando, é o mês em que os partidos se empenham nos preparativos para as suas convenções, que têm de ser realizadas em junho. Mas não são importantes apenas para os convencionais. Elas vão mostrar aos eleitores, em definitivo, as candidaturas e, mais ainda, o roteiro das coligações, que traçam as possibilidades de os partidos chegarem à Câmara.
Tudo normal
Os dirigentes do PT e seus candidatos a vereador já conferiram e sabem que não terão problemas para os registros na Justiça Eleitoral. Uma dificuldade que afeta outros partidos, a dupla filiação, inexiste para os petistas. O fato de alguns futuros candidatos terem optado por uma segunda filiação, sem o cancelamento da anterior, é impedimento, segundo o TRE, contrariando conduta de eleições anteriores, pois se considerava automaticamente nula a filiação passada, quando se adotava a nova opção partidária.
Sob comando
Diferentemente do procedimento adotado na eleição de 2008, desta vez os chefes das principais igrejas evangélicas não decidirão sozinhos o apoio aos candidatos a prefeito. Nota-se uma tendência de aos seus dirigentes estaduais ser dada a palavra final. Como as definições vão partir de Belo Horizonte, conclui-se que os candidatos governistas poderão levar vantagem.
Quem salva?
São mais poderosas do que se pensa as pressões para afundar, antes mesmo de acabar de nascer, a Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia para apurar o pagamento de propina aos militares que protegem o jogo de bicho. A desistência de deputados governistas de participar da CPI é resultado visível das reações. Mas, sobre a possibilidade de as investigações terem curso no Legislativo mineiro, afirma um deputado que pede anonimato: se a CPI avançar isso se deverá a Juiz de Fora, “porque ali é maior a evidência das irregularidades, de tal forma que fica difícil um pretexto para ignorá-las”.
Como empresa
Não mais apenas no campo administrativo, mas jurisdicional, a prestação de contas das campanhas eleitorais seguirá as regras da Resolução 21.841/2004. Diante disto, todas as peças constantes do artigo 14 devem ser assinadas pelo presidente do partido, pelo tesoureiro e por um profissional legalmente habilitado. Também devem ser entregues o livro diário, acompanhado de balanço e demais demonstrações contábeis; o livro razão, acompanhado de plano de contas e extratos bancários do período integral do exercício. Todos os documentos devem ser entregues impressos. O que significa que os partidos e as candidaturas têm tratamento semelhante ao que é dispensado às empresas.
Financiadores
Diante das insistentes advertências de ministros e juízes de que serão rigorosos na fiscalização dos gastos de campanha e das fontes de financiamento de que se valerão, há quem recomende aos partidos e candidatos uma orientação segura às empresas que vão contribuir e como não correr riscos. Muitas, temerosas, negarão contribuições, mas nenhum problema terão se fizerem direitinho.
______ Esquerda e direita se igualam no ódio à democracia (Norberto Bobbio) ______
De Memória
Fazendas
Vai ser realizado pelo governo o levantamento das fazendas históricas de Minas, a começar pelas que já chegaram aos 200 anos ou estão próximas disso. No caso de Juiz de Fora, vai figurar a fazenda de São Mateus. Ela foi pioneira na cafeicultura na região, e seus cafezais se estendiam até Matias Barbosa, como conseguiu Nogueira da Gama. O prédio tem extensão de 45 metros, cerca de 30 quartos, e foi o local preferido do presidente Getúlio Vargas para suas temporadas de repouso.
_____
(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Avaliação

Cada vez mais estimulado pelo recém-chegado senador Clésio Andrade, o PMDB só espera a segunda quinzena de maio para iniciar uma série de reuniões destinadas à avaliação do quadro eleitoral nos principais municípios em que estará disputando a prefeitura. É importante, porque, segundo entende o senador, o quadro político que se construir nos 50 maiores municípios terá influência na eleição do governador em 2014. Não apenas o PMDB, mas outros partidos também se fixaram nos 50 principais entre os 853 municípios mineiros. É que eles representam metade do eleitorado. Portanto, resolvem.
Quanto valem?
Outro objeto de avaliação, esta de particular interesse para Juiz de Fora, é o peso das obras no destino da eleição, considerando-se que elas serão o carro-chefe da campanha do prefeito Custódio Mattos. O PSDB e seus aliados devem esperar tudo das obras ou cuidar preferencialmente das articulações políticas? Há uma fundada razão para o administrador público não jogar tudo nos dividendos eleitorais das obras estruturais na zona urbana, pois sobre elas também pesa um triplo desdém: critica-se o prefeito ou o governador por não realizá-las; critica-se quando estão sendo realizadas, por causa dos inevitáveis incômodos; e continuarão sendo criticados depois, porque demoraram a tirá-las do papel...
Eufemismo
O presidente do PSDB mineiro, deputado Marcus Pestana, estuda o comportamento da sociedade brasileira frente à avalancha de corrupção que se vê no País. Na verdade, os brasileiros ainda se mostram mais interessados em questões objetivas, principalmente os salários. Quando se trata da moral pública relegada, ele até vê um exemplo na própria presidente Dilma, que prefere definir a roubalheira como ”malfeitos”, segundo sua própria expressão.
A maior
O governador Anastasia, que tem passado dias de preocupação, por causa das dívidas do estado, pelo menos começou a semana com motivo para grande contentamento. A Cemig foi eleita por especialistas como a maior empresa de energia elétrica da América Latina, com valor de mercado superior a 16 bilhões de dólares. A companhia presidida por Djalma Morais superou a Endesa, do Chile, e a Eletrobras.
Pena capital
Basta surgir um maluco para que se reacenda a discussão sobre pena de morte. É o que certamente volta a acontecer agora, por causa do nordestino que fazia empadinhas com carne humana. A pena de morte ainda não teve a sustentá-la um argumento imbatível, mas são vários os que recomendam a prisão perpétua. No caso presente, o criminoso pode chegar, teoricamente, a 100 anos, que na verdade serão 30, pois é o castigo máximo permitido pelo Código. Se tiver bom comportamento e conseguir sobreviver à degradação dos nossos presídios, dentro de mais uns dez anos estará em liberdade. Coisa inconcebível, segundo opinião manifesta de juristas.
Provisórias e intocáveis
As medidas provisórias, que são o instrumento do Executivo para passar por cima do Congresso Nacional, e legislar segundo seus interesses, já foram objeto de dezenas de tentativas de senadores para conter o ímpeto dos presidentes da República. Hélio Costa tentou quando esteve por lá. Mais recententemente, Aécio Neves propôs soluções conciliatórias entre os dois poderes. E José Sarney prometeu atuar para remover a grave distorção, antes de 2014, quando promete deixa o vida pública em paz. Essas tentativas fracassaram, e vão fracassar sempre, porque o Congresso não consegue dar a desejada compensação ao Executivo, que são os instrumentos de agilização do trâmite dos processos. Deputados e senadores consomem meses, até anos para votar determinadas matérias, deixando o governo imobilizado. O Congresso, para se queixar das medidas provisórias, tem de vencer sua própria morosidade.
____ “Os governos têm um braço longo e um braço curto. O longo serve para tomar, e chega a qualquer lugar. O curto serve para dar, e só chega aos mais próximos” (Ignacio Silone, socialista italiano)
__
Memória
Antigo investigador de polícia, Lage das Neves dedicou boa parte de sua vida a registrar em traços muito cuidadosos os prédios mais importantes da cidade, que ficou devendo a ele a imagem de muitos casarões que já foram demolidos. É o caso da primeira sede da Quarta Região Militar, na Rua Espírito Santo, onde o artista serviu, ainda no tempo do Primeiro Regimento de Infantaria.
(( publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

domingo, 22 de abril de 2012

Comunistas pioneiros

Quando a organização dos movimentos comunistas dava os primeiros passos, com a realização de um congresso no Rio, entre 25 e 27 de março de 1922 – noventa anos se passaram - os pregadores do marxismo já estavam agindo em Juiz de Fora; e se tiveram pouca atuação naquele encontro deveu-se a um imprevisto: chegaram atrasados. Mas nas atas há citações sobre a atuação dos camaradas da cidade. Até 1920 quem falava aqui sobre marxismo era José Honorato, que neste mês estaria com 100 anos. Foi entre 43 e 45 que os velhos comunistas acentuaram sua importância, sobretudo na resistência ao Estado Novo, quando então surgem um mártir e a grande revolta: a polícia assassinou o alfaiate Luiz Zúdio, em São Mateus, na noite em que ele pichava muros contra a ditadura. Também nessa época começava a se projetar o primeiro vereador comunista, Lindolfo Hill, sem dúvida a maior expressão do PC na cidade. Na década de 50 ele chegou a participar do Comitê Central, e foi quando a bancada de vereadores do PC ( Hill e Irineu Guimarães) deixou sua marca na Câmara: os dois fizeram aprovar lei proibindo a prefeitura de usar meninos infratores no serviço de capina de ruas, o que era feito para castigar, não instruir. De tal forma se expandiam os planos do partido, que a direção nacional destacou Dimarco Reis para, a partir de Juiz de Fora, coordenar as ações em todo o estado. Realmente, era grande a atividade do Comitê Municipal em 45-46, agitando nas fábricas e promovendo comícios grevistas. Era nas portas da Bernardo Mascarenhas que se concentravam com mais frequência. Em 1945 o partido estava consolidado em Juiz de Fora. Ano em que o legendário Luiz Carlos Prestes, hóspede do professor Irineu Guimarães, veio para participar, na Praça da Estação, do maior comício de todos os tempos na cidade. Aliás, deveu-se a um comício comemorativo do aniversário de Prestes, em 3 de janeiro de 1951, na mesma praça, que os comunistas enfrentariam a maior violência da polícia, e para isso certamente contribuíram os desafios da militante Dona Filhinha, que ninguém superava em coragem. A repressão começou a exigir códigos e nomes de guerra, como “Ramos” da Alfaiataria Vicente Rosa. Passada a era do romantismo, permaneceram muitos idealistas, como o barbeiro Mílton Fernandes, Wilson Raimundo e Sílvio Rodegheri. Já não se concentravam apenas nos trabalhadores, mas chegaram aos intelectuais, como José Paulo, teórico que ganhou expressão nacional. A fase antiga do Partidão, se é que assim possa ser chamada, vai se fechar com a eleição de prefeito em 1962, quando apoiou e perdeu com Raimundo Nonato.
Na mira da Justiça
Candidato que tiver contas a ajustar com a Justiça em Minas vai se dar mal e sobre eles a principal preocupação é impedir que sejam candidatos, e nesse caso não está apenas quem praticou crime no exercício de mandato, ocupando cargo público, mas também quando na direção de conselhos regionais de classe. O procurador geral em Minas do Ministério Público Federal, Adaílton Nascimento, afirma que a disposição é agir com rigor, e considera que a Lei da Ficha Limpa é instrumento importante e suficiente para conter o avanço dos maus candidatos. No fim de semana, em entrevista ao jornal “Hoje em Dia”, o procurador considerou que o Ministério Público está bem aparelhado para agir, o que deve ocorrer logo após as convenções partidárias anunciarem, na segunda quinzena de junho a lista de seus candidatos. Durante os trabalhos convencionais os partidos não deverão impedir o registro de suspeitos, permitindo que eles disputem na condição de sub judice. Em Juiz de Fora, é o que deve ocorrer em relação ao ex-prefeito alberto bejani.
A Light em Harvard
Os professores Kash Rangan e Aldo Musacchio, da Harvard Business School, ouviram palestra do presidente da Light, Jerson Kelman e propuseram que o business case “Light nas Unidades de Polícia Pacificadora” seja transformado num dos casos analisados em detalhe por aquela escola, que no setor de negócios é a mais famosa do mundo. Os professores deverão visitar o Rio para conhecer a experiência in loco. A companhia vem tendo uma participação destacada nas UPPs, apontadas como um dos mais importantes projetos sociais que o País já realizou. Para Kelman, o interesse revelado em Harvard, onde fez duas palestras, é importante para a companhia sob todos os aspectos. A propósito: há setores da política social em Minas interessados em importar a experiência do Rio, mesmo que os problemas daqui sejam bem menores.
Sob suspeita
A CPI que pretende apurar as façanhas de Carlinhos Cachoeira mergulha em fundadas suspeitas. Antes mesmo de ser instalada, quando se sabe que dos 32 deputados chamados a integrá-la 17 têm problemas diversos com a Justiça.
Caso concreto
Em Belo Horizonte, o deputado Sargento Rodrigues começa uma semana complicada, sob pressões contra a CPI do Bicho, que ele criou. Oito deputados que apoiavam a constituição da comissão retiraram a assinatura. Mas, tão logo sejam instalados os trabalhos, os deputados vão saber que o primeiro caso concreto e confirmado de propina está em Juiz de Fora. É possível que, diante da evidência, a CPI se desloque para cá, por algumas horas. O segredo de um bom discurso político é ter um bom começo e um bom final. E que sejam o mais próximo possível ( George Burns ~ 1896 – 1996 ) ___
(( Publicado na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS))

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Caminho das pedras

Levantamento que acaba de ser feito pela Associação Mineira dos Municípios revela que 70% dos prefeitos em primeiro mandato vão disputar a reeleição em outubro. O número surpreende, porque há cerca de quatro meses, quando se realizou pesquisa, a tendência de concorrer estava acima de 90%.
Se, por um lado, estanha-se esse desejo, sabendo-se que são pesados os encargos, pesa também a convicção dos prefeitos de que aprenderam muito com o primeiro mandato, e, portanto, haverão de se dar bem no segundo. Agora, eles conhecem o caminho das pedras.


Insegurança

A vida do contraventor Carlinhos Cachoeira está na dependência do que ele sabe sobre os políticos, muito menos pelos crimes que andou cometendo. Há quem diga, nas suas relações, que ele conhece situações constrangedoras de gente importante da República. Por isso, pode não ter sido uma boa ideia sua transferência para prisão em Brasília.


Alternativa

A cada momento é possível indicar um componente importante para se analisar o rumo da sucessão municipal. Uma delas é a capacidade de transferências de votos, o que pode acabar sendo decisivo. Por exemplo: não estando na disputa, possibilidade que negam com veemência, qual seria a opção preferencial para Júlio Delgado e Bruno Siqueira?


Os partidos

“ Sem partidos inseridos no cotidiano nacional, há pouco protagonismo social. Os partidos parecem fechados nos seus velhos esquemas de contrapeso, de chantagens, pressões, trancamento de pautas parlamentares e composições. Fecham-se em si mesmos, se alimentando desse sistema que se auto-promove. Assim, acabam por gerar um pêndulo que se bifurca entre as eleições e os jogos palacianos. Os jogos palacianos têm nos parlamentares seus protagonistas, quase sempre avalistas de ministros ou que chantageiam diariamente os governos” (Rudá Picci) .


Provisórios

Com a aproximação das convenções que indicarão os candidatos, confirma-se previsão feita em novembro do ano passado: 90% dos partidos que participarão da campanha eleitoral estarão na condição de comissão provisória, não diretórios como seria desejável. Mas não se trata de uma realidade local, porque a situação é a mesma no resto de Minas, o que não recomenda os dirigentes estaduais. Eles preferem deixar seus representantes na condição de provisórios, porque podem destituí-los facilmente no caso de desobediência.
Neste ano, em Juiz de Fora, apenas o PPS evoluiu para a categoria de diretório.


Investimento

A três novatos pré-candidatos a vereador um amigo comum, veterano observador da política municipal falava sobre as condições básicas e mínimas para quem pretende disputar: ter dinheiro, não menos de R$250 mil para gastar, disposição para subir os morros e muitos amigos para ajudar no dia da eleição, porque é em cima da hora que muitos ganham os votos indecisos.


Boa lição

Ex-presidente do Banco Central, o professor Armínio Fraga insiste em que o Brasil não vem trilhando o caminho mais adequado para enfrentar possíveis novas turbulências com a crise financeira europeia. Adverte que o governo pretende superar qualquer dificuldade e removê-la apenas com reservas monetárias, o que não é correto admitir, a despeito de Fraga já ter sido o principal consultor do doutor Soros, um mágico do dinheiro em espécie. Mas, com a experiência de quem já presidiu o BC, ele acredita que o escudo ideal para o Brasil está em maiores investimentos na educação, redução drástica nos gastos públicos e moralização dos instrumentos de poder.
Diga-se de passagem, nada mais que isso.


__

De Memória

Para morrer

Em outubro de 1974, depois que o prefeito Saulo Moreira manifestou preocupação com o esgotamento das sepulturas no Cemitério Nossa Senhora Aparecida e dos outros cinco existentes no município, a Santa Casa anunciou que estava concluindo o Parque da Saudade, projeto do arquiteto Jean Kamil, que vinha com a promessa de resolver o problema nos vinte anos seguintes. Fazia parte do enunciado da exposição de motivos: “o repouso eterno é direito sem distinção para todas as classes sociais, por isso dez por cento dos espaços ficavam reservados para os indigentes” (sic)...

__


(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Sob o alto comando

Do jeito como as coisas vão sinalizando no quadro da sucessão municipal, é fora de dúvida que os dirigentes maiores dos grandes partidos é que darão, em Brasília, a última palavra sobre quais as alianças a serem montadas e, afinal, quem será candidato.
Um dado que podia ter sido divulgado na terça-feira ficou para hoje, pois dependia de confirmação: não foi obra de um desejo isolado o apelo do PT a uma aliança com o PMDB, manifestado no sábado, durante a confirmação da candidatura da professora Margarida Salomão. Na verdade, para que o entendimento se concretize, dirigentes nacionais estão conversando, sabendo que têm pela frente um argumento poderoso e uma dificuldade. O argumento é que a aliança PT-PMDB em Juiz de Fora faria bem ao governo federal, pois são partidos de mesma base política. A dificuldade é convencer o deputado peemedebista Bruno Siqueira, cuja candidatura foi lançada em Brasília pelos mesmos dirigentes que agora pretenderiam demovê-lo. Bruno já caminhou o suficiente para resistir.
O mesmo esforço, sob igual contexto, teria como alvo o deputado Júlio Delgado candidato pelo PSB. Mas a tarefa de afastá-lo ficaria com o pai, já conhecida sua simpatia ao projeto de aproximação dos peemedebistas com o PT.
Um detalhe que não pode ser desconsiderado: todos esses partidos têm a conta de fraca e vulnerável a candidatura de Custódio Mattos, mas nem por isso querem enfrentá-lo separadamente.



Getúlio

Deve passar em branco este 19 de abril, que marca os 130 anos de nascimento do presidente Getúlio Vargas. Gaúcho de São Borja, ele se tornaria o brasileiro mais influente do século em que viveu. Como todas as personalidades que fizeram a História, também ele teve uma biografia na qual não faltaram muitas contradições: deu status à classe dos trabalhadores, mas também comandou uma ditadura pesada; criou moderno Código Eleitoral, mas cancelou as eleições; prometeu um rápido governo provisório, e ficou 15 anos no poder; garantiu uma Constituição liberal e esmagou São Paulo, quando lhe foi cobrada pelo movimento constitucionalista de 32.
Há alguns anos o PT B, partido que ele fundou, não deixaria a data sem uma celebração.



De véspera

Vinte e quatro horas antes do estouro, a coluna havia anunciado, com base em confidência de amigo do contraventor Carlinhos Cachoeira, que os negócios criminosos por ele comandados tinham ramificação em Juiz de Fora e envolviam autoridades. Na verdade, ainda com base na fonte, só no final do mês o escândalo devia chegar ao conhecimento do público, mas a precipitação foi necessária, porque já se perdia o controle do sigilo das investigações.

_____

Se o Estado é laico, e é bom que o seja, como explicar a rigorosa obediência do serviço público aos feriados religiosos ?

_____



A diferença

O Tribunal de Contas do Estado faz uma advertência às câmaras municipais, ainda que não precisasse fazê-lo: salário é uma coisa, subsídio é outra muito diferente. O que significa não ser iniciativa correta pagar ao vereador 14º e 15º salários. Alguma câmara mais atrevida pode alegar que, frente à legislação municipal, o pagamento é legal. Legal não é sinônimo de moral.



Mais problemas

Se é preciso evitar que as dificuldades políticas se agravem para o governo, e se tudo mostra que outros problemas estão em curso, o fundamental agora é conter os furos nas relações com o Congresso. Seria um greve erro permitir que elas se deteriorem de tal forma, que o diálogo acabe se tornando impossível. Não está distante o exemplo do que ocorreu com o presidente Collor, que teria escapado de todas as dificuldades e talvez até do impeachment se contasse com boas relações no Congresso.
No PT há outra preocupação. José Dirceu, que era e ainda é altamente influente no Planalto, está na alça de mira do Supremo no caso do mensalão, e, para complicar mais, aparace agora como tendo prestado assessoria à Delta, empresa do esquema de Carlinhos Cachoeira.


______________________________________________________________

De Memória

Retoques


O assunto não prosperou, embora merecesse outro destino. A proposta partiu do deputado Bonifácio Andrada, que estava em Juiz de Fora em agosto de 1997 para o encontro estadual do PPB, partido ao qual pertencia: não o parlamentarismo, mas um presidencialismo sob controle mais rígido. Lembrava que o presidente Fernando Henrique tinha mais poder que seu colega americano Bill Clinton. Se não fosse estabelecido o controle que propunha, o presidente brasileiro continuaria tendo mais poder que os governos militares. Em resumo, Andrada queria “a introdução de técnicas parlamentaristas no presidencialismo”.

__________________________________________________________________

(( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

terça-feira, 17 de abril de 2012

Sob pressão

O julgamento pelo STF dos 38 réus no processo conhecido como mensalão, ainda neste semestre, é algo de duvidar. Como reconhece o Ministro Ayres Brito, presidente do Supremo a partir de amanhã, é julgamento peculiar, quer seja pelo quantitativo de procedimentos regimentais a serem cumpridos, quer seja pelo envolvimento de políticos entre os réus. Sabem bem os ministros o quanto serão procurados para diálogos com interlocutores importantes da República. Quantos constrangimentos alguns passarão até o mês de julho. Talvez por isso concluam pela necessidade de procrastinação para o ano de 2013, um ano sem eleições.

Aeroporto

O governo estadual garantiu que até fins de julho terá sido cumprida a última etapa de obras no aeroporto do Goianá, o que significa desbastar um morro de cabeceira, que até hoje impede a chegada de aviões cargueiros. Eles ainda não dispõem de visibilidade suficiente para descer. O custo final da obra é de R$ 10 milhões.
O aeroporto já tem empresas cadastradas para operar com cargas.


Dissidência

Em Belo Horizonte, os fatos políticos vão levando dissidentes do PT a olhar com simpatia a candidatura do PMDB à prefeitura. Em Juiz de Fora pode ocorrer o contrário, se as conversações não chegarem a bom termo.


Com vagar

Se os pequenos partidos têm como ajustar as chapas de candidatos a vereador, formando ou não coligações, o mesmo não se dá em relação à prefeitura. Sendo pequenos e sem faixa própria para disputar, o que lhes resta é esperar que os grandes decidam, e então possam ocupar algum espaço nos esquemas maiores. Até que isso aconteça, permanecem mantendo seus sonhos em fogo brando.


Acomodado

Depois de um período em que parecia dono de grande animação para atuar na politica mineira, escapando dos limites de São Paulo, o PDS parece ter se recolhido. Já faz parte do primeiro escalão do governo Anastasia e não revela interesse em apressar sua expansão para os municípios do interior.


Rumo certo

Ao comunicar, ontem, o que já era esperado – a retirada de seu nome como pré-candidato à prefeitura – o vereador Isauro Calais não disse qual partido pretende acompanhar. Mas dois pontos ficaram claros: 1 - trazendo de 2010 cerca de 25 mil votos na bagagem, ele será candidato a deputado estadual; 2 - qualquer que seja o candidato a apoiar, o seu PMN vai insistir na indicação do candidato a vice-prefeito. E tão animado nesse projeto, que tem seis opções a oferecer.
Calais faz referências simpáticas ao deputado Bruno Siqueira, que quer disputar pelo PMDB. Elegendo-se prefeito, Bruno deixa de ser deputado e Calais terá mais espaço para chegar à Assembleia.


Marcha lenta

O senador José Sarney pode ser ajudado pela conhecida hipocondria que carrega, e, temeroso, cumprir com rigor o que certamente lhe será prescrito pelos médicos, depois do susto com o coração. Ele terá de reduzir bastante o ritmo das atividades, delegar decisões que prefere concentrar nas mãos, abdicar do controle absoluto do que acontece e deixa de acontecer no Maranhão, e, se possível, reduzir a carga de maldades contra o País.



(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Obras custosas

Os governos, não é de hoje, enfrentam altos custos de obras públicas, muito mais caras do que podiam custar, por causa dos grandes interesses. E demoram na conclusão, até porque obra demorada é que dá mais lucro às empreiteiras. Há uma estrutura de poder tão influente e poderosa, que nem a honestidade pessoal do presidente ou dos ministros seria suficiente para conter a gulodice.
Há uma comparação entre duas pontes, uma no Brasil e outra na China, para mostrar como o contribuinte brasileiro é espoliado. Por exemplo: a deles, com 42 km, custou R$ 2,4 bi e demorou quatro anos para estar concluída. A nossa, em Guaíba, com extensão de 2,9 km, custou R$ 1,16 bi, e também quatro anos para terminar.



As primárias

Pena que a sociedade não tenha debatido o assunto e a classe política se manifeste pouco interessada, mas ainda nesta semana, talvez mesmo amanhã, o senador Álvaro Dias esteja submetendo ao Congresso Nacional um projeto de lei que, alterando o modelo eleitoral brasileiro, introduz o sistema da eleições primárias. É o que se adota nos Estados Unidos.
Com as primárias, o eleitorado se manifesta previamente, e as convenções não têm como contrariá-lo. Sua utilidade inicial e principal: poder conter a ditadura dos partidos.



Aliancistas

Já está suficientemente claro que se trabalha nas altas esferas para que PMDB e PT unam suas forças na sucessão municipal. As sucessivas reuniões de peemedebistas em Brasília, das quais tem participado o ex-prefeito Tarcísio Delgado, e as esperanças dos petistas, como se ouviu na festa de apresentação da candidatura de Margarida Salomão, mostram que o projeto de aliança está em curso. Se a história vai dar certo é outra história, mas o enredo está aí. Não há negá-lo.



Má vontade

Para que se vença a batalha pela reformulação das dívidas do estado com a União é preciso conhecer o problema em toda a sua intimidade. Um detalhe importante é saber que no período corrente de doze meses Minas paga 17,77% de juros, já sequestrados na fonte. Pois bem. O dinheiro desse juro o governo federal utiliza para amortizar suas próprias dívidas a um juro de 10,5%. Portanto, paga e ainda sobra.
Ganhando 7% ao ano sobre o que lhe devem os estados, o governo federal não tem pressa em acertar as coisas.



Cachoeira

Gente habituada a conviver com Carlinhos Cachoeira no alto mundo do jogo antecipa à coluna duas garantias: 1 - o contraventor, peça central no escândalo com o senador Demóstenes Torres, tem interesse direto no esquema de jogo em Juiz de Fora; 2 – em breve estarão interrompidas as investigações em torno dele, porque à medida em que elas aprofundam vão envolvendo mais políticos.



Indefinido

Quase meio ano desde a morte do vice-presidente José Alencar, o PRB ainda não sabe exatamente que rumo tomar. Morto seu principal encorajador, ao lado do “bispo” Macedo, poderia continuar sendo apenas um partido de evangélicos ou procuraria escapar do estigma? Dependendo dos êxitos que obtiver, tentará lançar candidatos a prefeito em algumas cidades. Falava-se em Montes Claros.


__

De Memória


O “lacet”

Na manha do dia 24 de maio de 1975, o reitor da Universidade Federal, João Martins Ribeiro presidiu, na presença de várias autoridades, a inauguração do novo acesso ao campus, que ele apresentou como uma obra que tem “a elegância e a suavidade de um lacet”, vencendo desnível de 140 metros e funcionando como prolongamento da Avenida Independência. Como engenheiro que é, acrescentaria:
“Em linhas gerais, são duas tangentes concordadas por uma curva não plana que funciona como patamar de equilíbrio entre rampas, aliviando os motores dos veículos que sobem e neutralizando energia cinética dos que descem”.

___

(( publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

domingo, 15 de abril de 2012

O revide alemão

Seja qual for a sua permanência no poder, a presidente Dilma não teria condições de voltar à Alemanha, e nem a chefe de governo daquele país não tem como vir aqui. Angela Merkel foi dura com Dilma, por causa de opiniões inoportunas da brasileira.
A imprensa explora e a internet manda para todo o mundo esta declaração de Angela, que deixa constrangimentos nas relações:

- Essa senhora vem à Alemanha nos dizer o que temos que fazer?  Ora,  a Alemanha vai bem, obrigado, apesar de tudo.  Mas eu vou aproveitar para dar um conselho a ela...  antes de vir aqui reclamar das nossas políticas econômicas, por que ela não diminui os gastos do governo dela e diminui os juros que são exorbitantes no Brasil?  Se eu posso emprestar dinheiro a juros baixos e o meu povo pode ganhar juros absurdos lá no País dela, não vou ser eu que direi ao meu povo que não faça isso.
Ela que torne a especulação no País dela menos atraente.

Apostas

Informa-se a quem interessar possa que na antiga Esquina dos Aflitos já é possível acertar alguma aposta sobre as eleições, certamente baseadas em palpites, até porque nem são conhecidas as candidaturas. É possível, por exemplo, arriscar alguns reais na média da renovação da Câmara. Há quem a projete acima dos 50% e põe algum dinheiro nisso.

Ideias

Com o patrocínio da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, no fim de semana empresários da cidade participaram de um almoço com o deputado Bruno Siqueira, que ouviram seu depoimento sobre problemas e desafios da cidade e o papel de Juiz de Fora no contexto regional.

Blocão

De volta à Assembleia Legislativa, depois de ter ocupado a Secretaria de Defesa Social, o deputado Lafayette Andrada não pode dizer que tem os costados folgados. Além de líder do PSDB, ele lidera, a convite do governador Anastasia, o chamado Bloco Transparência e Resultado. Esse bloco traz uma grande complexidade, pois é composto, além do PSDB, pelo PSD, PTB, PPS, PR, PRP, PRTB e PT do B. Em ano eleitoral as exigências serão muitas e quase sempre os partidos da base puxam com objetivos e direções diferentes. Não há negá-lo.

Entrosamento

Ninguém tem direito de ignorar que facções trabalham no PSB e no PMDB para que os diretórios municipais abandonem o projeto da candidatura própria e transfiram seu apoio ao PT na disputa da sucessão municipal. Ideia bem vista pelo comando nacional desses partidos, porque o que interessa é a coesão da base de apoio. Seja como for, o deputado Júlio Delgado, apontado como candidato do PSB, afirma que qualquer conversa tem que partir das conveniências locais. É no município que as coisas devem ser decididas.

Culpados

As explicações dos deputados sobre falta de quórum crucificaram a Semana Santa como grande culpada. Mas isso não é exatamente verdadeiro. No ano passado, a semana do Sete de Setembro teve apenas um feriado para estrangulá-la e, em 40 dias antes e após, a Assembleia mineira tratou de 17 processos. Apenas um aprovado.



Segurar o ministro

Vai ser retomada em Brasília a campanha recentemente fracassada de colocar ativos os deputados mineiros em defesa do ministro Fernando Pimentel, que ainda não saiu da tempestade de denúncias. Ele resiste, mas vai chegando o momento em que o apoio político será sua única defesa.
Não fosse o conteúdo partidário do caso, o apoio seria mais fácil. Há um detalhe a mais para dificultar a solidariedade parlamentar ao ministro: escapando agora, ele virá fortalecido para disputar o governo de Minas.


Definições

De uma coisa os tucanos mineiros estão certos: o governador Antônio Anastasia será mesmo candidato a senador em 2014. Havia dúvidas quanto à sua disposição pessoal para essa campanha, mas ele acabou concordando.
No Partido dos Trabalhadores haverá dúvidas durante algum tempo, porque o nome para o Senado vai depender, na época, de como estiver o ministro Fernando Pimentel. No PMDB, quando chegar a hora, vai se falar em Clésio Andrade, Hélio Costa e Newton Cardoso.


___

De Memória

A cidade na crise

Um fato politicamente banal, a nomeação de um professor, teve Juiz de Fora como referência para azedar as relações de Getúlio Vargas com o interventor em Minas, Benedito Valadares, e a partir daí outras dificuldades políticas. No seu diário, Getúlio registrou, em 4 de junho de 1937:
“O governador de Minas ameaça uma nova crise porque eu nomeei, sem consultá-lo, um inspetor de ensino para um colégio de Juiz de Fora. Sem dirigir-se a mim, esbravejou, fez ameaças, intimou o ministro da Educação a pedir demissão e obrigou o presidente da Câmara a viajar para Belo Horizonte. Aguardo os resultados de uma nova crise de histerismo. O homem a quem dei o governo do maior estado do Brasil não me permite nomear, sem sua audiência, um simples inspetor de ensino. E esse inspetor chama-se Lindolfo Gomes, um velho mineiro, um professor cultíssimo e paupérrimo”.

---
(( publicado na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A arte de ser amigo do rei

Michel Temer, presidente licenciado do PMDB, e por isso vice-presidente da República, não podia mesmo dizer outra coisa. Na festa dos 46 anos do partido quis defendê-lo da acusação de ser adesista; gente que se calejou para, afinal, aprender que melhores são as sombras e as águas frescas de Pasárgada, onde não é preciso ser rei, mas amigo dele.
Recusada a crítica, é preciso recorrer à história para confirmar a consagrada tendência adesista. Desde o início da ‘Nova República’ (1985) com a chegada de José Sarney à presidência da República, após a morte de Tancredo Neves, o PMDB esteve sempre no poder do País.
Com uma pujante bancada de parlamentares no Congresso Nacional deu sustentação aos governos de crises, com Collor e depois Itamar, e, em seguida, possibilitou a Fernando Henrique ficar no poder por oito anos, aprovando a reeleição. E quando Ulysses e Itamar quiseram ser candidatos? O primeiro, abandonado; o segundo, nem aceito. Na sequência, o partido socorreu o governo Lula desde o início do ‘mensalão’, escândalo que poderá ser julgado agora pelo STF. Com isto,. o PMDB adquiriu a condição de participar do consórcio de poder com a eleição da presidente Dilma.
Se esta não é uma história de adesismo, o que é então?


Proximidade

Fala-se que o DEM, como a velha Tereza Batista, cansado de tanta guerra, realmente pensa em se aposentar como partido, passando de armas e bagagens para o PSDB. Sem problemas, porque são velhos conhecidos, de forma que a fusão não resultaria em transtornos. Nem em Juiz de Fora, onde o partido (antigo PFL) apoia a atual administração tucana e apoiará a próxima, se houver.


Lista fatal
Eis um fim de semana corrido nas secretarias dos partidos, que têm prazo até segunda-feira para encaminhar ao Tribunal Regional Eleitoral a lista final e oficial dos seus filiados, já agora sem tempo para ajustes. São milhares de nomes, mas o que realmente interessa ao TRE são os dos candidatos a vereador, e identificar os casos de dupla filiação.
Há dois problemas no PV, que vem trabalhando para resolvê-los.


Excelsior

A pedido do vereador Flávio Cheker, a Câmara promove audiência pública no dia 23, às 15h, para tratar do destino do Cinema Excelsior. Esse imóvel é um caso interessante. A Comissão de Patrimônio negou, por duas vezes, que fosse considerado espaço cultural. Em duas outras tentativas foi negado o seu tombamento. Em outra vez, era considerado infundada a proposta de tombamento das paredes e do teto. E nisso já vão uns dez anos.
Baseados em tais decisões, os proprietários obtiveram alvarás para dar outra destinação ao imóvel. Quem paga o prejuízo?


Pé atrás

Foi um aceno à oposição: a presidente Dilma não participará da campanha eleitoral deste ano. É bom não confiar plenamente nessa garantia, porque sua ausência física só se dará nos casos em que haja conflito incontornável entre candidatos da base de apoio. Como as previsões indicam que serão raros esses conflitos, a expectativa é que ela desembarque em muitos lugares.


Previsão

Muitos entre os médios e pequenos partidos se darão por satisfeitos se conseguirem eleger um vereador. Poucos ousam disputar duas cadeiras, e mais que isso (três vereadores) só mesmo o PSDB, PT e PMDB.


LANÇAMENTO

Amanhã, o PT lança a pré-candidatura de Margarida Salomão à prefeitura de Juiz de Fora. A plenária vai acontecer no Sindicato dos Bancários, às 17h, e terá a presença do presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, que também visitará Contagem, Montes Claros e Governador Valadares. O lançamento oficial da candidatura da ex-reitora vai acontecer na convenção do partido, mas a presença do presidente nacional do partido já mostra que o PT dará forte apoio a ela.

____

De Memória

Velhas obras

Em junho de 1975, a revista Momento, editada por José Carlos de Lery Guimarães, quis saber o que os cartunistas achavam da promessa da prefeitura de realizar algumas obras de reforma da Avenida Rio Branco, quando cometeu o equívoco de garantir que seriam poucas e rápidas as intervenções. Mas, o pouco que se fez já foi suficiente para tumultuar bastante a vida do pedestre. O militar Sebastião Vicente, que trabalhava no setor de estatística da PM, também contribuiu. Tinha
um traço rico, que se destacava pelo detalhismo, como se vê ao lado.

__

(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

terça-feira, 10 de abril de 2012

Os torturados

1 - Estão de volta às ruas as manifestações que exigem punição para policiais e militares que praticaram tortura contra presos políticos logo após o golpe de 64, quando foi derrubado o governo João Goulart. Melhor dizendo, a partir de 68, quando os anos de chumbo chegaram pra valer. Punir não é empresa das mais fáceis, quando o golpe já caminha para comemorar seu cinquentenário. Mais ainda, quando se sabe que ilustres vítimas, como a presidente Dilma, acham nada conveniente remexer no assunto.

2 - Nos casos que podiam ser apurados em Juiz de Fora, a impossibilidade é quase total, porque já não se encontram mais aqui os processos dos oito anos de funcionamento da Auditoria de Guerra. Pelo menos em uma terça parte deles faziam-se alusões a agressões físicas e pressão psicológica, muito mais na fase dos interrogatórios do que na ala dos políticos da Penitenciária de Linhares.

3 - O sindicalista Riani, 90 anos, a quem os militares mais procuravam naqueles idos, gravando recentemente para “Diálogos Abertos”, da Pró-Reitoria da UFJF, confirmou ter sofrido agressões físicas, por se recusar a confessar o que não era: comunista. Mas aqui nenhum caso foi mais dramático quando se deu a prisão de chineses que se apresentaram como comerciantes, acusados de prestar ajuda a grupos de resistência. Sofreram a maior humilhação que pode sofrer um homem: foram empalados.

4 - Em novembro de 84, o sargento Alceu Scritori foi preso em Juiz de Fora, depois de falar à revista Veja sobre seu livro “Vamos ver a chuva”, onde denunciou organizações militares por prática de tortura e assassinato de presos, o que, segundo sua mulher, ele também teria sofrido, quando esteve preso.

5 – As coisas teriam sido mais sombrias se a imprensa e os órgãos de defesa da cidadania não reagissem, segundo Nélson Chaves dos Santos, que chegou clandestinamente a Juiz de Fora, em agosto de 79 e foi logo preso. Menos sombrias, mas, cinco meses antes, José Francisco, secretário do Sindicato dos Tecelões, último preso político de Minas a ser colocado em liberdade, deixou a Ala C da Penitenciária de Linhares, afirmando que finalmente ia dormir, “depois dos choques e espancamentos que levei”, de tal forma que se recusava a tomar remédios, “porque naquele ambiente o que eu queria mesmo era morrer.”



Nonagenário

São poucos os documentos históricos do Partido Comunista que fazem referência à participação dos mineiros nos seus primeiros tempos. Mais raras ainda são as referências à presença de Juiz de Fora, que foi expressiva, como lembrou, recentemente, Juarez Amorim, que pertenceu ao partido, mas agora é membro do alto comando do PPS.
Em 1922, portanto há 90 anos, as primeiras células comunistas a serem organizadas estavam em Niterói e Juiz de Fora. Aqui, os pioneiros eram particularmente ativos no Bairro São Mateus, onde ocorreram enfrentamentos com a polícia. Pode ser que os comunistas remanescentes não vejam motivos para comemoração, mas a presença do velho partido na história política da cidade é suficiente para uma discussão.


Ao acordo

Há exato um ano, o PMDB fazia a primeira avaliação da composição do diretório municipal frente às eleições de 2012. Segundo seus próprios integrantes, as duas correntes que o compõem – uma liderada pelo ex-prefeito Tarcísio Delgado, a outra simpática ao deputado Bruno Siqueira – quase se equiparavam, quando observadas aritmeticamente. É o que permitia admitir que, mantendo-se tal situação, as duas se veriam animadas a promover o acordo, quando chegasse o momento de compor as candidaturas.
Mas os correligionários do deputado garantem que nesses doze meses o deputado impôs alguma vantagem.


Modelo

Vereadores já haviam pedido ao então secretário de Defesa Social, Lafayette Andrada, e vão insistir agora na criação de uma delegacia especializada na defesa dos idosos, vítimas crescentes de violência em casa e nas ruas. A possibilidade de a sugestão ser atendida ficou na dependência de alguns detalhes, como a comparação dos resultados obtidos por delegacias especializadas. Por exemplo: valeu a pena a criação de uma delegacia só para cuidar da violência contra as mulheres?

____

De memória

Frederico Ozanam

Poucos sabiam que em 1997 Minas Gerais reunia o maior contingente de vicentinos do mundo. Foi o que estimulou, em agosto daquele ano, a ida de uma delegação de Juiz de Fora a Paris para assistir à solenidade de beatificação de Frederico Ozanam, fundador e patrono da Sociedade São Vicente de Paulo. A cidade tinha no empresário Jarbas de Souza um representante no conselho nacional de veteranos, e ele também estava em Paris. As conferências pioneiras em Minas foram as de São João Del-Rey e Juiz de Fora, ambas com mais de 110 anos. Ozanam, que falava sete idiomas, dedicou a vida a socorrer os pobres. Naquela solene beatificação João Paulo II faria uma advertência ao mundo:
Nenhuma sociedade pode aceitar a miséria como fatalidade, sem que sua dignidade seja atingida.

----

(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Contra a parede

O governador Antônio Anastasia começou a semana desafiado pela bancada da oposição, que reage ao pedido de autorização para que o estado contraia empréstimo de R$ 600 milhões, destinado
a custeios diversos; e ele precisa muito disso. O que os contrários alegam é que esse novo compromisso agravaria a dívida mineira, que já anda pela casa dos R$ 60 bilhões. Na contrariedade dos argumentos, o governador se sente sitiado.
Desde ontem, o trabalho dos deputados governistas é tentar convencer a oposição sobre a importância operacional do empréstimo.



Nada feito


O governo federal ainda não disse quais são seus planos para conter as importações predatórias. Queixam-se vários estados. Há seis meses o governador Antônio Anastasia denunciou que estamos importando 3 milhões de litros/dia de leite do Uruguai e da Argentina, exatamente dois países que não têm feito concessões aos produtos brasileiros. No caso do leite, fez-se um apelo à Câmara dos Deputados para que legisle limites na importação do produto, pois essa compra predatória não encontra justificativa, nem mesmo sob pretexto de regular o mercado interno.



JF no debate

Começa amanhã, em Governador Valadares, a jornada da debates promovidos pela Assembleia Legislativa sobre o problema da dívida do estado com a União, e tentar saber o que os mineiros sugerem como solução para esse impasse. Depois, em datas ainda não marcadas, os deputados, com o apoio da Associação dos Municípios Mineiros, vão estender os debates a outros municípios que são referência regional. Em maio será a vez de a jornada chegar a Juiz de Fora.
Ideal é que essa iniciativa não se torne um acontecimento meramente político, mas que sejam apresentadas propostas e ideias sobre os caminhos para quem quer escapar de uma dívida de R$ 60 bilhões. Para tanto, as entidades deviam promover reuniões preliminares, preparando sua participação.


Risco de morte


O DEM pode ser um partido em vias de extinção. Teve sua origem na antiga Arena, partido do governo durante a ditadura militar; depois, graças a cisões ou adaptação à realidade, recebeu as denominações PDS e PFL. Para se livrar da imagem política ruim, após oito anos de FHC, e algumas situações de desgastes políticos devido a escândalos de alguns membros preeminentes, virou DEM (Partido dos Democratas). Desde o início a sigla foi alvo de críticas do PT, sendo que Lula os denominou de 'demo', demonizando a legenda. Com isto, a revelação do episódio envolvendo ex-governador do DF, Arruda, e agora o episódio do senador Demóstenes, que decepcionou até a crônica política, fazem imaginar que o fim da sigla pode estar mais próxima do que nunca.
A possibilidade de incorporação ao PSDB é uma tendência. Mas o senador Aécio Neves, pré-candidato à presidência, quereria tais companheiros em momento de desgraça política?



Fé na campanha

A Arquidiocese de S.Paulo dá o passo inicial, mas em breve, por sugestão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o clero de todo o País deverá receber recomendação para que evite ter participação direta na campanha eleitoral. Essa orientação já existia nas eleições de 2008, mas desrespeitada em algumas igrejas da arquidiocese. Houve casos em que os padres apenas recomendavam que os fiéis se dirigissem às sacristias para conhecer a lista dos candidatos católicos. Em outras, trabalhou-se abertamente para os preferenciais.
Uma sugestão do arcebispo dom Odílio Scherer, que também não seria novidade em Juiz de Fora, é a promoção de debates públicos entre os candidatos, mas sem discriminações.


__


Tal qual o pior defeito do presidencialismo, tais quais as práticas que vêm da República Velha, muitas candidaturas a prefeito estão sendo construídas em gabinetes, inspiradas em tramas ou conveniências. Vão chegar ao eleitor como produto pronto e acabado.

----

De Memória

Os médicos

Fala-se muito do poder das profissões, sobretudo as liberais, em se fazerem representar no poder Legislativo. Pela própria natureza do trabalho parlamentar, houve época em que os advogados constituíam maioria em qualquer Câmara, como também em Juiz de Fora. Ocorre que aqui o recorde histórico de presença profissional escapou dos bacharéis, pois ficou com os médicos. Em outubro de 1997, entre 21 vereadores, seis eram médicos: Antônio Zaidan, Sebastião Ferreira da Silva, João Carlos Arantes, Eduardo Freitas, Antônio Almas e Laurindo Neto. Quase todos atribuíam o fenômeno ao interesse da população pelas questões da saúde.

___

((publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

domingo, 8 de abril de 2012

Mensalão não escapa de maio

Os políticos envolvidos no volumoso processo do mensalão têm bons motivos para estarem preocupados. Dois deles: de várias capitais, principalmente do Rio de Janeiro, partem campanhas destinadas a pressionar o Supremo Tribunal Federal a não permitir que o julgamento sofra novos adiamentos; e também para preocupar, o fato de que a presidência da corte estará com o ministro Ayres Brito, que pretende colocar o processo em pauta o quanto antes. O ministro Ricardo Lewandowski conclui seu voto nos próximos dias, o que pode garantir o julgamento em maio.
O trabalho dos envolvidos, e entre eles principalmente o ex-ministro José Dirceu, é provocar adiamentos, até que se obtenha a prescrição próxima, pois os crimes foram cometidos em 2005. A Dirceu cabe outra preocupação, pouco lisonjeira para os membros do STF: ele acha que pode ser condenado, não pelos crimes que cometeu, mas para a Justiça dar uma satisfação às sociedade.



Na rotina
Não ocorrerão mudanças essenciais nos setores da administração municipal onde os titulares deixaram a chefia para, cumprindo a legislação eleitoral, poderem concorrer à vereança. Os substitutos, com pouco mais de cinco meses no cargo, não terão tempo suficiente para inovar, até porque, eleitos ou não, os recém-desincompatibilizados poderão voltar no dia seguinte à eleição.



Comunistas

Em fevereiro, quando se reuniu para traçar suas linhas no ano eleitoral de Juiz de Fora, o PCdoB decidiu que teria candidato a prefeito, o suplente de deputado Wadson Ribeiro, e chapa completa de candidatos a vereador, respeitada a cota feminina. Até o final deste mês o partido vai se reunir para decidir se as candidaturas estão confirmadas ou se surgiu uma tendência para as composições.



Um reforço

Não se sabe qual o conceito que, ao longo de três anos, o prefeito Custódio Mattos pôde formular sobre a bancada de vereadores que apoia sua administração, embora quase sempre tenha dado votos necessários para a aprovação de matérias importantes. Ainda assim, considerando-se o ano eleitoral e que o prefeito se lança num projeto de reeleição, os vereadores deviam se mostrar mais animados na defesa do prefeito.


Sem delongas

Partidos e candidatos não têm mais pretexto no calendário para adiar definições. Passaram as comemorações do Ano Novo, as festas do Carnaval e as celebrações da Semana Santa. Poderiam prometer tudo só para depois do aniversário da cidade, em 31 de maio?



Hora certa
O senador Aécio Neves começa sua campanha à presidência da República com, pelo menos, quatro anos de atraso. Quando ele se reelegeu governador de Minas, com Anastasia de vice, era para ter iniciado a caminhada pelo País, pregando seu ideário de pré-candidato à presidência. Estava garantido o comando em Minas com o vice Anastasia, que seria o chefe do Executivo de fato. Mas, por falta de convicção de que o momento seria aquele, e sim mais adiante, fez com que só agora assumisse seu projeto nacional. O político Aécio Neves, conforme conta a crônica política de BH, não gosta de entrar no jogo 'em bola dividida'. Gosta da certeza de vitória, caso contrário não entra em campo. Com isso, pode-se prever que o senador considera-se agora predestinado a ocupar a presidência da República, no pós-Dilma. O falecido ex-presidente Itamar Franco, em diversas vezes, disse em seus últimos palanques eleitorais que Aécio estava predestinado a ser presidente.


___

De Memória

Machado e Belmiro
Estão entre as correspondências literárias menos conhecidas as cartas trocadas entre Machado de Assis e o nosso Belmiro Braga. Foram muitas. Algumas tratando das letras e escritores mineiros, mas particularmente sentimentais, como as de junho de 1906, quando Machado enviuvara: “Depois que perdi a minha boa companheira de trinta e cinco anos, a data de meu aniversário traz uma natural restrição”. E se queixava de ser ”um velho triste e desamparado, contando alguns poucos amigos, entre os quais figura o seu nome de moço de talento”.
Belmiro, escrevendo em 21 de junho, reconhecia que “os aniversários agora do meu grande amigo não podem ser tão felizes como aqueles passados juntos da companheira fiel – sinceramente chorada naquele soneto A Carolina, um dos melhores da língua portuguesa”.


___

(( Publicado na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Terceira via

Por mais salutar e estrategicamente inteligente que seja a sugestão aos deputados Bruno Siqueira e Júlio Delgado para que se sentem à mesa e se acertem na disputa da prefeitura, a possibilidade de um desistir em favor do outro só ocorreria com a interferência direta do alto comando dos partidos a que estão filiados: PMDB e PSB.
Nesse caso, o caminho mais fácil para os articuladores talvez fosse uma terceira via, alguém que, pelo menos ocasionalmente, possa representar o consenso.




Indisposição

Uma conversa com deputados mais influentes das bancadas pesadas revela que, ao contrário do que tem sido anunciado, não há disposição de se abrir discussão objetiva sobre a reforma política logo após as eleições de outubro. E, se for possível, só se tal disposição vier no primeiro semestre de 2013, porque logo depois a classe política já estará cuidando da sucessão presidencial.
Observe-se que uma eleição é sempre pretexto para se engavetar a reforma política, o que não deixa de ser irônico.




Máquina enxuta

Há meses, o presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, recomendou que os ministérios fossem reduzidos de 38 para 28, o que a presidente Dilma poderia fazer, tecnicamente, sem maiores dificuldades, a não ser enfrentar o azedume dos partidos da base que são contemplados no primeiro escalão. Raupp deve ter sido contrariado nessa declaração, até mesmo em seu PMDB, que é cliente privilegiado na distribuição de cargos.
Mais importante que reduzir as despesas com os excessos ministeriais, é a própria funcionalidade da máquina do governo: os ministros são muitos, vivem atropelando deveres e atribuições, causando prejuízo geral.


Os dependentes

Há um componente na análise dos paulistas sobre o momento político que não pode ser desconsiderado. Na verdade, boa parte do que vai acontecer em 2014 fica na dependência do quadro que será traçado pela eleição dos prefeitos das grandes cidades em outubro próximo. Os tucanos de Minas não relegam esse detalhe, mas não o veem capaz de comprometer uma pré-candidatura presidencial, pois consideram que em 2014 vai predominar a tendência pela renovação, isto é, nem Dilma nem Lula. Talvez nem São Paulo, que já deu oito anos de Fernando Henrique e mais oito de Lula.
Quem se lançar agora nessa campanha, complicada e extenuante, não terá como ignorar que são vários os fatores que podem influenciar os eleitores no momento de considerar o novo presidente. É o caso da economia nacional, pois não se sabe como estará frente aos desafios da crise internacional. Os candidatos, sejam lá quem forem, terão de estar preparados para elaborar defesas e indicar soluções para preservá-la de dificuldades maiores.



País biométrico

Nas eleições de 2018, não antes disso, mas não muito depois disso, os brasileiros votarão com a impressão deixada pelo dedo, diz o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowisk, que prevê para aquele ano a biometria estendida a todo o Brasil. Otimista, ele acha que isso será mais uma contribuição para modernizar o sistema eleitoral e, portanto, menos influência dos corruptos e dos “fantasmas” nas votações.
A se confirmar a previsão do ministro, não mais haverá necessidade de aperfeiçoar os títulos, que até lá já serão peça de museu.



Velha desconfiança

Em 1982, quando estava prestes a ser garfado pela Proconsult e perder um mandato, Leonel Brizola denunciou que a manipulação da urna eletrônica era um crime possível. Não tinha elementos técnicos, mas a própria pele para comprovar.
Agora, o Tribunal Superior Eleitoral anuncia que vai modificar o software do sistema de votação para reforçar a segurança do processo. A decisão foi tomada depois que um grupo de especialistas chamados pelo tribunal conseguiu, em um teste, violar o sistema das urnas. Eram professores de tecnologia da informação da Universidade de Brasília, que encontraram fragilidades no software e conseguiram saber, por exemplo, quem foram os escolhidos do primeiro eleitor, do segundo, e assim por diante.

__

De Memória

Dependentes

Em setembro de 1979 desconfiava-se que a população de dependentes químicos em Juiz de Fora havia atingido uma proporção incômoda, talvez nesse particular à frente de grandes capitais. Mas os serviços assistenciais reclamavam dados concretos, como primeiro passo para se aplicar uma política de combate às drogas. A primeira informação partiu do delegado de polícia Clírio Resende, da Ordem Social, garantindo que a cidade já contava com cerca de 4.000 dependentes. O que representaria um aumento de cerca de 50% em relação aos anos anteriores.

_____


(( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

terça-feira, 3 de abril de 2012

Presos que votam

Não são todos os estados que julgam ser o voto direito do cidadão que cometeu delito, e por isso encontra-se preso. Em pleitos passados ocorreram resistências, só removidas após a interferência do Tribunal Superior Eleitoral. Em Minas, o exercício desse voto não apenas foi acatado, como estimulado.
Ontem, o TRE determinou que comecem a ser tomadas as providências para a instalação de seções eleitorais nos estabelecimentos penais em que se encontrem pessoas que aguardam julgamento ou que estão detidas para investigações, desde que inscritos até 9 de maio. Não votarão os condenados que tiveram sentença transitado em julgado.
Em Juiz de Fora, a previsão é de 80 desses eleitores, se incluídos jovens de 16 e 17 anos recolhidos ao centro de recuperação de Santa Lúcia.



Jogos de azar
A comissão de juristas que estuda mudanças no Código Penal para subsidiar o Senado Federal quer criminalizar os jogos de azar, que hoje são uma contravenção penal. A pena seria de, no máximo, dois anos de prisão. Mas a pena não desestimula os praticantes de crimes dessa natureza. É mais uma medida para ter efeito político na sociedade, mas de pouca eficácia, porque hoje o jogo de bicho não representa muito para a contravenção devido à concorrência dos sorteios oficiais da Caixa Econômica, por exemplo.
Pode ser que a iniciativa da comissão seja conjuntural, devido à volta do nome do contraventor Cachoeira, no caso do senador Demóstenes Torres. Os especialistas em segurança pública, se forem ouvidos, terão opinião um pouco diferenciada. Alguns consideram que a rede do jogo foi sendo gradativamente substituída pelos ramos que o sucederam, tais como o tráfico de drogas, os assaltos a bancos, os sequestros etc. Há uma migração natural das máfias para negócios mais lucrativos.



Maldades

Desde o final do ano passado está com a representante do Brasil no Subcomitê para Prevenção da Tortura da ONU, Margarida Pressburger, um manifesto do Conselho Federal de Psicologia, em que a entidade denuncia maus tratos a pacientes internados em clínicas e hospitais psiquiátricos. Relatam-se casos de maus tratos e morte de pacientes e usuários de drogas atendidos em comunidades terapêuticas e outros espaços de internação.
Ainda não se conhece qualquer manifestação do governo.



Cilada vizinha

As Ilhas Malvinas foram usadas no passado por governo militar argentino como uma dissimulação. Fizeram uma guerra para despistar a opinião pública argentina de graves problemas internos. Agora, a história se repete em governo civil, com a possibilidade de ter a mesma intenção do passado: desviar o olhar dos argentinos dos seus problemas. O Brasil não devia 'meter a colher neste angu de caroço'. Pelo que se sabe, os habitantes da ilha em disputa preferem ser de território da Grã-Bretanha. A ONU deverá fazer uma consulta. É possível que rejeitem a subordinação aos argentinos. Então, o Brasil deve deve ficar fora dessa disputa, ainda que a História advirta que o modelo inglês de colonização seja o mais cruel de todos.



Dois tempos

Nos tempos da ditadura, alguns ministros mais conscientes do Tribunal Superior Eleitoral criticavam a imposição do governo pelo bipartidarismo, o que lhe dava melhores condições para coagir e policiar. Agora, como os tempos mudaram, o quase ex-presidente do TSE, Ricardo Levandowisk, deplora o excesso de partidos, que já são 32. Como expressão de desencanto, recentemente ele disse, na televisão, que já não estamos mais no pluripartidarismo, mas no hiperpartidarismo.



Definição

Algumas senhoras da cidade mandaram imprimir e começam a distribuir adesivos para carros em alusão à vergonha nacional que representada pelo Congresso, que enfrenta o nível mais baixo que atingiu o conceito dos parlamentares. Não falta quem lembre que não é de hoje que se questiona o prestígio das duas Casas. Carlos Lacerda lamentava constatar: contrabandistas deputados e deputados contrabandistas. Meio século atrás, Jânio Quadros o definia como “Clube de Ociosos”. Quase à mesma época, mais comedido, Gustavo Capanema disse que via ali uns 10% de idiotas. E Lula, que pouco depois faria parte dele, admitia que o Congresso era a casa de ”uns trezentos picaretas”.


Ecologistas

Defensores persistentes da natureza, os ecologistas não conseguiram, no final do ano passado, descobrir um partido em que pudessem instalar seus projetos políticos. Queriam o PEN – Partido Ecológico Nacional, ganharam do TSE um prazo de tolerância para coletar 118 mil assinaturas de eleitores e completar as 491.641 em abono à causa. Fracassaram, mas vão retomar os planos logo após a eleição de outubro.

__

de Memória

Autismo

No Seminário sobre Transtornos Mentais na Infância, realizado em agosto de 1987, na Sociedade de Medicina e Cirurgia, o médico Chritian Gaudner, que se especializou no tratamento do autismo, atribuiu a uma novela, “ A Indomada”, o mérito de ter ajudado o Brasil a despertar para o problema. Ele se referia ao papel do ator Selton Melo,que interpretou Emanuel, um jovem portador de atraso de desenvolvimento. Na sua palestra, o médico se deteve na questão do diagnóstico poliaxial, o que do chamou de “pulo do gato” no tratamento do autismo. Nesse mesmo seminário, escolas de Juiz de Fora mostraram os resultados de atenções especiais para 30 crianças com dificuldade de convivência em grupo.

___


(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Recesso

Faz parte da tradição do Congresso e das Assembleias: na Semana Santa os parlamentares praticam a sua maneira de jejuar, não por obra da espiritualidade, mas por conveniência pessoal. Brasília, per exemplo, fica despovoada de deputados e senadores.
Na segunda-feira, as Mesas retomam os esforços para garantir quórum no encaminhamento de matérias importantes.


Depende

Passada a Semana Santa, o PMDB mineiro deverá confirmar, mais uma vez, que nos grandes colégios eleitorais do estado a orientação é que sejam lançados candidatos próprios às prefeituras. Trata-se de questão fechada, mas depende, porque juntamente com a recomendação vem a ressalva: ainda que sejam os principais municípios, não haverá candidato próprio se o diretório municipal não o desejar.


Passo à frente

O deputado Sebastião Costa, que no domingo veio a Juiz de Fora assistir à inauguração da nova sede do PPS, lançou a candidatura a deputado do atual secretário de Saúde, Antônio Jorge Marques. E, logo em seguida, uma previsão: ele será prefeito, depois de ter sido deputado.


Proporcional

À medida em que a experiência vai reclamando o fim do voto proporcional, vale lembrar o que diz o ex-ministro Saulo Ramos sobre esse absurdo: trata-se de um fator crescente de inautenticidade da representação parlamentar. Sua abolição vem sendo reclamada pelos mais lúcidos estudiosos das questões institucionais.


Protesto

O ex-prefeito Tarcísio Delgado protestou ao ler em um jornal o nome de sua filha, Érica, citada como possível candidata a vice-prefeito. Saiu em seu blog:
“Que me desculpem os especuladores políticos sobre as eleições, mas entendo que o respeito à privacidade deve ser mantido. Érica (...) não tem militância política a não ser nas campanhas eleitorais para apoiar seu pai e seu irmão. De repente, não mais que de repente, aparece no jornal, inclusive com foto, como candidata, coisa de que jamais cogitou.”

____

Em meio a tantos desafios que tem enfrentado nas relações com os políticos, talvez fosse bom que a presidente aproveitasse o fim da Semana Santa, saísse desse calvário e celebrasse a passagem com alguém que tenha argúcia política para ajudá-la. Foi numa época assim que o Cardeal Richelieu encontrou o capuchinho François Leclerc.


____

Novo adiamento

Alguns dos partidos mais influentes da base do governo no Congresso estão dispostos a transferir para a segunda quinzena de outubro a votação dos primeiros itens da reforma política. Pretendiam alguns que as matérias já no final do ano passado estivessem em plenário, mas optou-se pelo adiamento, a fim de que as mudanças não tivessem valor para as eleições de 2012. É a lei da anterioridade, segundo a qual a ordem eleitoral não pode ser alterada se não com um ano de antecedência. Na verdade, mais um expediente protelatório para uma reforma cheia de obstáculos.
Entre os itens prometidos para outubro estão o fundo de recursos para o financiamento das campanhas eleitorais e o fim das coligações em eleições proporcionais.



Pacificador

O senador Clésio Andrade chegou ao PMDB, no mês passado, com disposição de atuar no centro das grandes questões. Depois de pregar a necessidade de se estimular o empreendedorismo, convocando o partido a abraçar a causa, ele entra no projeto de reunificação das correntes peemedebistas de Minas, que acentuaram seu processo de desagregação com a eleição de 2010, quando Hélio Costa disputou o governo estadual.
Na condução dos entendimentos o senador tem proposto a reeleição do deputado Antônio Andrade para a executiva estadual, e nisso não tem encontrado maiores resistências.

__

De Memória


Racismo

Depois de ter sido cobrada intensamente, o que incluía críticas na imprensa das capitais, a Universidade Federal de Juiz de Fora concluiu, em agosto de 1997, dois meses de sindicância, para saber quem, no campus, havia utilizado a internet para produzir uma violenta campanha racista e de discriminação contra negros e homossexuais, na qual as pessoas eram convidadas a “dar umas porradas em negros e gays”. Criada pelo reitor Renê Gonçalves, a comissão concluiu pela responsabilidade de um aluno do curso de Administração, de 22 anos, já conhecido no campus por discussões radicais.

___

(( publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

domingo, 1 de abril de 2012

Votos para decidir

A concentração de votos em determinada região ou comunidade, se bem administrada, pode ser decisiva em uma eleição. Há muitos exemplos. Em 1954, depois de ter sido considerado definitivamente derrotado na disputa pela prefeitura, Olavo Costa virou o placar com a chegada dos votos da Zona Norte. Em 72, a vitória de Itamar Franco sobre Mello Reis se deveu a dois redutos fechados: Torreões e Linhares.
O controle dos chefes políticos e cabos eleitorais já não existe, mas se uma região cumpre uma linha de votação, se concentra sua preferência em determinado candidato terá tudo para decidir um pleito. Em Juiz de Fora, os candidatos geralmente erram quando confiam em grandes bairros de classe média, como São Mateus, porque eles têm como característica o que já se chamou de “eleitorado cosmopolita”, refratários à concentração de votos em um ou alguns candidatos.
Hoje, no município, o exemplo de poder de decisão de uma eleição está na Zona Norte, compreendida como o trecho que vai de Francisco Bernardino a Barreira do Triunfo. Nessa região estão inscritos cerca de 130 mil eleitores.


Cadê os partidos?


As prévias partidárias experimentadas no PSDB em S. Paulo para a escolha do candidato a prefeito são muito importantes. Elas trazem oxigenação na vida partidária, revitalizam uma organização que é, na prática, uma encenação de democracia. Os nossos partidos são anacrônicos. São para 'inglês ver", ou uma abstração. Os partidos, sem exceção, funcionam cartorialmente. Há em todos o vício da decisão de cúpula, atropelando todas as instâncias. Os programas, as cartas de princípios e os demais documentos produzidos são meras intenções. Por isto não se pode esperar por novidades na reforma politica. Os partidos da esquerda começam com uma face participativa, mas depois reproduzem a prática comum nas outras organizações; basta chegar ao poder. Mesmo que tenhamos financiamento público de campanha, só alguns privilegiados vão se beneficiar. O Brasil carece de partidos sérios e democráticos. Precisamos ter esperança por dias melhores...



Maioria

Sobre as incertezas alimentadas por alguns peemedebistas em relação à conveniência de o partido ter candidato próprio a prefeito, o que outros, os menos radicais recomendam, é que se transfira a decisão para a convenção de junho, sem qualquer tipo de pressão.


In family

Dona Dilma anda entusiasmada com a candidatura do ministro Édson Lobão à presidência do Senado. Sendo eleito, espera-se que sua assiduidade seja bem diferente do filho e senador, também Lobão, com 59 faltas em sessões, e da esposa, dona Nice, com 88 faltas na Câmara. Mãe e filho são recordistas em ausência.


Prazo fixo

Muitos partidos acham que decisões importantes devem ser tomadas em véspera de convenção. O ex-governador Hélio Garcia ensinava que as atitudes em ano eleitor, só depois da parada da Sete de Setembro. Tancredo Neves fixava: só depois da procissão do Senhor Morto. Para os tancredistas, portanto, o prazo começa a correr no próximo sábado.


Insinuantes

Depois de terem recebido sugestões para que acertem uma aliança, como forma de dificultar a vitória do PSDB na eleição do prefeito, PMDB e PSB devem entrar, a partir da próxima semana, em uma fase de insinuações, cada qual procurando mostrar melhor a plumagem, tal como o namoro das garças.


Imbatíveis

Levantamento publicado pelo jornal “O Tempo” revela que os estados dos Nordeste ocupam 35% de todas as cadeiras na Câmara e Senado: 234 das 672 cadeiras. Os estados do Sul e Sudeste têm 17.5% . Portanto, a região de poder econômico e social mais expressivo perde bem para os mais pobres.


Renovação

Em qualquer eleição, e desta vez não será diferente, um dos lances mais difíceis é calcular o percentual de renovação da Câmara, embora a média nunca fique muito distante dos 50%, como ainda agora arriscam alguns. O fato de a legislatura ser brilhante ou medíocre não vem ao caso, até porque não há como medir a capacidade de votos de cada candidato.



Lembrados

Ontem, na solenidade de inauguração da sede do PPS, no Bairro Cerâmica, várias vezes lembradas as figuras de Itamar Franco, que, quando morreu, estava filiado ao partido, e Wagner Riani, que dá nome à secretaria. Wagner morreu poucos dias depois de ter sido eleito secretário do diretório.



Ausência

No domingo, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, não pôde vir a Juiz de Fora para conhecer a nova sede do partido, porque estava no Recife, sua cidade, por um motivo justo: era dia de lançamento da candidatura do ex-ministro Raul Jungmann à prefeitura da capital.

____

De Memória

Visita inesperada

No dia 20 de fevereiro de 1999 desembarcou em Juiz de Fora, sem prévio aviso, o governador de Goiás, Marconi Perillo, para visitar o humorista Pedro Bis, que havia atuado em sua campanha, e considerado peça fundamental na derrota do opositor, Iris Resende. Depois foi a Muriaé comemorar os 60 anos do deputado Lael Varela, não sem antes deixar um recado para Itamar Franco, sobre uma crise que sobrevive em nossos dias: a dívida dos estados com União. Não adianta, disse ele, contestar a dívida que outros fizeram. Goiás, o mais endividado (na época, R$ 8,2 bi) amortizava com 26% das receitas correntes.

___

(( publicado na edição desta segunda-feira do TER MOTÍCIAS ))