1 - Estão de volta às ruas as manifestações que exigem punição para policiais e militares que praticaram tortura contra presos políticos logo após o golpe de 64, quando foi derrubado o governo João Goulart. Melhor dizendo, a partir de 68, quando os anos de chumbo chegaram pra valer. Punir não é empresa das mais fáceis, quando o golpe já caminha para comemorar seu cinquentenário. Mais ainda, quando se sabe que ilustres vítimas, como a presidente Dilma, acham nada conveniente remexer no assunto.
2 - Nos casos que podiam ser apurados em Juiz de Fora, a impossibilidade é quase total, porque já não se encontram mais aqui os processos dos oito anos de funcionamento da Auditoria de Guerra. Pelo menos em uma terça parte deles faziam-se alusões a agressões físicas e pressão psicológica, muito mais na fase dos interrogatórios do que na ala dos políticos da Penitenciária de Linhares.
3 - O sindicalista Riani, 90 anos, a quem os militares mais procuravam naqueles idos, gravando recentemente para “Diálogos Abertos”, da Pró-Reitoria da UFJF, confirmou ter sofrido agressões físicas, por se recusar a confessar o que não era: comunista. Mas aqui nenhum caso foi mais dramático quando se deu a prisão de chineses que se apresentaram como comerciantes, acusados de prestar ajuda a grupos de resistência. Sofreram a maior humilhação que pode sofrer um homem: foram empalados.
4 - Em novembro de 84, o sargento Alceu Scritori foi preso em Juiz de Fora, depois de falar à revista Veja sobre seu livro “Vamos ver a chuva”, onde denunciou organizações militares por prática de tortura e assassinato de presos, o que, segundo sua mulher, ele também teria sofrido, quando esteve preso.
5 – As coisas teriam sido mais sombrias se a imprensa e os órgãos de defesa da cidadania não reagissem, segundo Nélson Chaves dos Santos, que chegou clandestinamente a Juiz de Fora, em agosto de 79 e foi logo preso. Menos sombrias, mas, cinco meses antes, José Francisco, secretário do Sindicato dos Tecelões, último preso político de Minas a ser colocado em liberdade, deixou a Ala C da Penitenciária de Linhares, afirmando que finalmente ia dormir, “depois dos choques e espancamentos que levei”, de tal forma que se recusava a tomar remédios, “porque naquele ambiente o que eu queria mesmo era morrer.”
Nonagenário
São poucos os documentos históricos do Partido Comunista que fazem referência à participação dos mineiros nos seus primeiros tempos. Mais raras ainda são as referências à presença de Juiz de Fora, que foi expressiva, como lembrou, recentemente, Juarez Amorim, que pertenceu ao partido, mas agora é membro do alto comando do PPS.
Em 1922, portanto há 90 anos, as primeiras células comunistas a serem organizadas estavam em Niterói e Juiz de Fora. Aqui, os pioneiros eram particularmente ativos no Bairro São Mateus, onde ocorreram enfrentamentos com a polícia. Pode ser que os comunistas remanescentes não vejam motivos para comemoração, mas a presença do velho partido na história política da cidade é suficiente para uma discussão.
Ao acordo
Há exato um ano, o PMDB fazia a primeira avaliação da composição do diretório municipal frente às eleições de 2012. Segundo seus próprios integrantes, as duas correntes que o compõem – uma liderada pelo ex-prefeito Tarcísio Delgado, a outra simpática ao deputado Bruno Siqueira – quase se equiparavam, quando observadas aritmeticamente. É o que permitia admitir que, mantendo-se tal situação, as duas se veriam animadas a promover o acordo, quando chegasse o momento de compor as candidaturas.
Mas os correligionários do deputado garantem que nesses doze meses o deputado impôs alguma vantagem.
Modelo
Vereadores já haviam pedido ao então secretário de Defesa Social, Lafayette Andrada, e vão insistir agora na criação de uma delegacia especializada na defesa dos idosos, vítimas crescentes de violência em casa e nas ruas. A possibilidade de a sugestão ser atendida ficou na dependência de alguns detalhes, como a comparação dos resultados obtidos por delegacias especializadas. Por exemplo: valeu a pena a criação de uma delegacia só para cuidar da violência contra as mulheres?
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De memória
Frederico Ozanam
Poucos sabiam que em 1997 Minas Gerais reunia o maior contingente de vicentinos do mundo. Foi o que estimulou, em agosto daquele ano, a ida de uma delegação de Juiz de Fora a Paris para assistir à solenidade de beatificação de Frederico Ozanam, fundador e patrono da Sociedade São Vicente de Paulo. A cidade tinha no empresário Jarbas de Souza um representante no conselho nacional de veteranos, e ele também estava em Paris. As conferências pioneiras em Minas foram as de São João Del-Rey e Juiz de Fora, ambas com mais de 110 anos. Ozanam, que falava sete idiomas, dedicou a vida a socorrer os pobres. Naquela solene beatificação João Paulo II faria uma advertência ao mundo:
Nenhuma sociedade pode aceitar a miséria como fatalidade, sem que sua dignidade seja atingida.
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(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))
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