quarta-feira, 18 de abril de 2012

Sob o alto comando

Do jeito como as coisas vão sinalizando no quadro da sucessão municipal, é fora de dúvida que os dirigentes maiores dos grandes partidos é que darão, em Brasília, a última palavra sobre quais as alianças a serem montadas e, afinal, quem será candidato.
Um dado que podia ter sido divulgado na terça-feira ficou para hoje, pois dependia de confirmação: não foi obra de um desejo isolado o apelo do PT a uma aliança com o PMDB, manifestado no sábado, durante a confirmação da candidatura da professora Margarida Salomão. Na verdade, para que o entendimento se concretize, dirigentes nacionais estão conversando, sabendo que têm pela frente um argumento poderoso e uma dificuldade. O argumento é que a aliança PT-PMDB em Juiz de Fora faria bem ao governo federal, pois são partidos de mesma base política. A dificuldade é convencer o deputado peemedebista Bruno Siqueira, cuja candidatura foi lançada em Brasília pelos mesmos dirigentes que agora pretenderiam demovê-lo. Bruno já caminhou o suficiente para resistir.
O mesmo esforço, sob igual contexto, teria como alvo o deputado Júlio Delgado candidato pelo PSB. Mas a tarefa de afastá-lo ficaria com o pai, já conhecida sua simpatia ao projeto de aproximação dos peemedebistas com o PT.
Um detalhe que não pode ser desconsiderado: todos esses partidos têm a conta de fraca e vulnerável a candidatura de Custódio Mattos, mas nem por isso querem enfrentá-lo separadamente.



Getúlio

Deve passar em branco este 19 de abril, que marca os 130 anos de nascimento do presidente Getúlio Vargas. Gaúcho de São Borja, ele se tornaria o brasileiro mais influente do século em que viveu. Como todas as personalidades que fizeram a História, também ele teve uma biografia na qual não faltaram muitas contradições: deu status à classe dos trabalhadores, mas também comandou uma ditadura pesada; criou moderno Código Eleitoral, mas cancelou as eleições; prometeu um rápido governo provisório, e ficou 15 anos no poder; garantiu uma Constituição liberal e esmagou São Paulo, quando lhe foi cobrada pelo movimento constitucionalista de 32.
Há alguns anos o PT B, partido que ele fundou, não deixaria a data sem uma celebração.



De véspera

Vinte e quatro horas antes do estouro, a coluna havia anunciado, com base em confidência de amigo do contraventor Carlinhos Cachoeira, que os negócios criminosos por ele comandados tinham ramificação em Juiz de Fora e envolviam autoridades. Na verdade, ainda com base na fonte, só no final do mês o escândalo devia chegar ao conhecimento do público, mas a precipitação foi necessária, porque já se perdia o controle do sigilo das investigações.

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Se o Estado é laico, e é bom que o seja, como explicar a rigorosa obediência do serviço público aos feriados religiosos ?

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A diferença

O Tribunal de Contas do Estado faz uma advertência às câmaras municipais, ainda que não precisasse fazê-lo: salário é uma coisa, subsídio é outra muito diferente. O que significa não ser iniciativa correta pagar ao vereador 14º e 15º salários. Alguma câmara mais atrevida pode alegar que, frente à legislação municipal, o pagamento é legal. Legal não é sinônimo de moral.



Mais problemas

Se é preciso evitar que as dificuldades políticas se agravem para o governo, e se tudo mostra que outros problemas estão em curso, o fundamental agora é conter os furos nas relações com o Congresso. Seria um greve erro permitir que elas se deteriorem de tal forma, que o diálogo acabe se tornando impossível. Não está distante o exemplo do que ocorreu com o presidente Collor, que teria escapado de todas as dificuldades e talvez até do impeachment se contasse com boas relações no Congresso.
No PT há outra preocupação. José Dirceu, que era e ainda é altamente influente no Planalto, está na alça de mira do Supremo no caso do mensalão, e, para complicar mais, aparace agora como tendo prestado assessoria à Delta, empresa do esquema de Carlinhos Cachoeira.


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De Memória

Retoques


O assunto não prosperou, embora merecesse outro destino. A proposta partiu do deputado Bonifácio Andrada, que estava em Juiz de Fora em agosto de 1997 para o encontro estadual do PPB, partido ao qual pertencia: não o parlamentarismo, mas um presidencialismo sob controle mais rígido. Lembrava que o presidente Fernando Henrique tinha mais poder que seu colega americano Bill Clinton. Se não fosse estabelecido o controle que propunha, o presidente brasileiro continuaria tendo mais poder que os governos militares. Em resumo, Andrada queria “a introdução de técnicas parlamentaristas no presidencialismo”.

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(( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

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