A concentração de votos em determinada região ou comunidade, se bem administrada, pode ser decisiva em uma eleição. Há muitos exemplos. Em 1954, depois de ter sido considerado definitivamente derrotado na disputa pela prefeitura, Olavo Costa virou o placar com a chegada dos votos da Zona Norte. Em 72, a vitória de Itamar Franco sobre Mello Reis se deveu a dois redutos fechados: Torreões e Linhares.
O controle dos chefes políticos e cabos eleitorais já não existe, mas se uma região cumpre uma linha de votação, se concentra sua preferência em determinado candidato terá tudo para decidir um pleito. Em Juiz de Fora, os candidatos geralmente erram quando confiam em grandes bairros de classe média, como São Mateus, porque eles têm como característica o que já se chamou de “eleitorado cosmopolita”, refratários à concentração de votos em um ou alguns candidatos.
Hoje, no município, o exemplo de poder de decisão de uma eleição está na Zona Norte, compreendida como o trecho que vai de Francisco Bernardino a Barreira do Triunfo. Nessa região estão inscritos cerca de 130 mil eleitores.
Cadê os partidos?
As prévias partidárias experimentadas no PSDB em S. Paulo para a escolha do candidato a prefeito são muito importantes. Elas trazem oxigenação na vida partidária, revitalizam uma organização que é, na prática, uma encenação de democracia. Os nossos partidos são anacrônicos. São para 'inglês ver", ou uma abstração. Os partidos, sem exceção, funcionam cartorialmente. Há em todos o vício da decisão de cúpula, atropelando todas as instâncias. Os programas, as cartas de princípios e os demais documentos produzidos são meras intenções. Por isto não se pode esperar por novidades na reforma politica. Os partidos da esquerda começam com uma face participativa, mas depois reproduzem a prática comum nas outras organizações; basta chegar ao poder. Mesmo que tenhamos financiamento público de campanha, só alguns privilegiados vão se beneficiar. O Brasil carece de partidos sérios e democráticos. Precisamos ter esperança por dias melhores...
Maioria
Sobre as incertezas alimentadas por alguns peemedebistas em relação à conveniência de o partido ter candidato próprio a prefeito, o que outros, os menos radicais recomendam, é que se transfira a decisão para a convenção de junho, sem qualquer tipo de pressão.
In family
Dona Dilma anda entusiasmada com a candidatura do ministro Édson Lobão à presidência do Senado. Sendo eleito, espera-se que sua assiduidade seja bem diferente do filho e senador, também Lobão, com 59 faltas em sessões, e da esposa, dona Nice, com 88 faltas na Câmara. Mãe e filho são recordistas em ausência.
Prazo fixo
Muitos partidos acham que decisões importantes devem ser tomadas em véspera de convenção. O ex-governador Hélio Garcia ensinava que as atitudes em ano eleitor, só depois da parada da Sete de Setembro. Tancredo Neves fixava: só depois da procissão do Senhor Morto. Para os tancredistas, portanto, o prazo começa a correr no próximo sábado.
Insinuantes
Depois de terem recebido sugestões para que acertem uma aliança, como forma de dificultar a vitória do PSDB na eleição do prefeito, PMDB e PSB devem entrar, a partir da próxima semana, em uma fase de insinuações, cada qual procurando mostrar melhor a plumagem, tal como o namoro das garças.
Imbatíveis
Levantamento publicado pelo jornal “O Tempo” revela que os estados dos Nordeste ocupam 35% de todas as cadeiras na Câmara e Senado: 234 das 672 cadeiras. Os estados do Sul e Sudeste têm 17.5% . Portanto, a região de poder econômico e social mais expressivo perde bem para os mais pobres.
Renovação
Em qualquer eleição, e desta vez não será diferente, um dos lances mais difíceis é calcular o percentual de renovação da Câmara, embora a média nunca fique muito distante dos 50%, como ainda agora arriscam alguns. O fato de a legislatura ser brilhante ou medíocre não vem ao caso, até porque não há como medir a capacidade de votos de cada candidato.
Lembrados
Ontem, na solenidade de inauguração da sede do PPS, no Bairro Cerâmica, várias vezes lembradas as figuras de Itamar Franco, que, quando morreu, estava filiado ao partido, e Wagner Riani, que dá nome à secretaria. Wagner morreu poucos dias depois de ter sido eleito secretário do diretório.
Ausência
No domingo, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, não pôde vir a Juiz de Fora para conhecer a nova sede do partido, porque estava no Recife, sua cidade, por um motivo justo: era dia de lançamento da candidatura do ex-ministro Raul Jungmann à prefeitura da capital.
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De Memória
Visita inesperada
No dia 20 de fevereiro de 1999 desembarcou em Juiz de Fora, sem prévio aviso, o governador de Goiás, Marconi Perillo, para visitar o humorista Pedro Bis, que havia atuado em sua campanha, e considerado peça fundamental na derrota do opositor, Iris Resende. Depois foi a Muriaé comemorar os 60 anos do deputado Lael Varela, não sem antes deixar um recado para Itamar Franco, sobre uma crise que sobrevive em nossos dias: a dívida dos estados com União. Não adianta, disse ele, contestar a dívida que outros fizeram. Goiás, o mais endividado (na época, R$ 8,2 bi) amortizava com 26% das receitas correntes.
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(( publicado na edição desta segunda-feira do TER MOTÍCIAS ))
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