sexta-feira, 8 de janeiro de 2016





DESTINOS INCERTOS



A generosidade da legislação eleitoral, que sempre se permite remendos de ocasião, veio agora conceder aos futuros candidatos um prazo mais amplo para decidirem a filiação partidária que mais lhes convier. Antes, a lei era clara: a escolha da legenda em que se abrigariam tinha de ser tomada com um ano de antecedência; agora, apenas seis meses. De forma que só em abril é que deverão estar inscritos. É o que vem permitindo filiações emergenciais, onde os políticos pretendentes entram já sabendo que em breve estarão tomando outro rumo. O que se dá, por exemplo, com o jovem  PMB – Partido da Mulher Brasileira, onde as mulheres são raras, mas numerosos os homens. Sob uma legenda que não faz mal a ninguém e pouco pretende, os futuros candidatos esperam que a paisagem política tenha cores menos incertas. Como futuros navegantes, sobem à gávea aguardando o sinal dos ventos e do horizonte. Mas não só a generosa legenda feminina; também outras estão recebendo políticos viajantes que farão baldeação nas próximas semanas. Em abril optarão por algo que pareça mais favorável aos seus projetos.

Diante do caráter provisório dessas filiações, que não permite saber onde exatamente estarão os candidatos a prefeito e à vereança, tornam-se imperfeitas ou mesmo inócuas previsões antecipadas quanto às possibilidades de cada qual. Porque sendo desconhecidas as posições partidárias, são igualmente distantes e incertas as fórmulas das legendas e as alianças que poderão produzir.

Interessante observar que à medida em que o tempo passa os partidos vão perdendo a autenticidade e um mínimo de conteúdo ideológico. Os filiados passam de passagem, ficam ali apenas por tempo determinado, ao sabor das conveniências da hora. E exatamente por se prestarem a esse papel que eles são cada vez mais numerosos. Lei da oferta e da procura.



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