DESTINOS INCERTOS
A generosidade da legislação eleitoral, que sempre
se permite remendos de ocasião, veio agora conceder aos futuros candidatos um
prazo mais amplo para decidirem a filiação partidária que mais lhes convier.
Antes, a lei era clara: a escolha da legenda em que se abrigariam tinha de ser
tomada com um ano de antecedência; agora, apenas seis meses. De forma que só em
abril é que deverão estar inscritos. É o que vem permitindo filiações emergenciais,
onde os políticos pretendentes entram já sabendo que em breve estarão tomando
outro rumo. O que se dá, por exemplo, com o jovem PMB – Partido da Mulher
Brasileira, onde as mulheres são raras, mas numerosos os homens. Sob uma
legenda que não faz mal a ninguém e pouco pretende, os futuros candidatos
esperam que a paisagem política tenha cores menos incertas. Como futuros
navegantes, sobem à gávea aguardando o sinal dos ventos e do horizonte. Mas não
só a generosa legenda feminina; também outras estão recebendo políticos
viajantes que farão baldeação nas próximas semanas. Em abril optarão por algo
que pareça mais favorável aos seus projetos.
Diante do caráter provisório dessas filiações, que
não permite saber onde exatamente estarão os candidatos a prefeito e à
vereança, tornam-se imperfeitas ou mesmo inócuas previsões antecipadas quanto
às possibilidades de cada qual. Porque sendo desconhecidas as posições
partidárias, são igualmente distantes e incertas as fórmulas das legendas e as
alianças que poderão produzir.
Interessante observar que à medida em que o tempo
passa os partidos vão perdendo a autenticidade e um mínimo de conteúdo
ideológico. Os filiados passam de passagem, ficam ali apenas por tempo
determinado, ao sabor das conveniências da hora. E exatamente por se prestarem
a esse papel que eles são cada vez mais numerosos. Lei da oferta e da procura.
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