PARTIDOS EM FALÊNCIA
A decisão do governo de reduzir a seis meses o
prazo mínimo de filiação para os que vão disputar cargos eletivos
comprovou, se é que fosse necessária nova comprovação, que a importância das
organizações partidárias desceu ao mais baixo nível. Agora bastam 24 semanas,
nada mais, para se apresentarem ao eleitorado com seus candidatos, estes sem
compromisso programático, sem identidade com as legendas, escolhidas
certamente ao sabor das conveniências circunstanciais. O que têm a ver
esses candidatos com o trabalhismo, com o socialismo, com qualquer “ismo”? que
os partidos carregam na profusão de letrinhas de nenhuma significação.
Ainda assim protegidos para exercer tendência oligárquica sobre a vontade
popular.
Resulta dessa singularidade uma das explicações
para os maus rumos da nossa política e as mazelas por ela produzidas. Os
candidatos que nos serão impostos em outubro não têm responsabilidade
minimamente ideológica com os partidos que escolheram; e estes, sem
compromisso consigo mesmos, sentem-se desobrigados de prestar contas à
sociedade. Ninguém deve nada num quadro do mais perfeito surrealismo, do qual
talvez só possamos escapar quando entendermos que a única reforma política que
convém é aquela que comece pela adoção do parlamentarismo. Sem isto, como
reconhecem e receitam os melhores pensadores, tudo que se fizer serão
remendos costurados com linhas podres.
Tais deformações, que vão se deformando mais em
cada eleição, facilitam - eis aqui outra entre as nossas infelicidades
políticas – os conchavos que substituem os partidos nos plenários legislativos,
onde são grupos ou correntes informais que acertam ponteiros e fazem o jogo dos
interesses com o Executivo. Quem souber que não tem sido assim que nos
diga.
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