GUERRA AO CAIXA 2
Um combate frontal e severo ao Caixa 2, velho
alimento das campanhas eleitorais, foi anunciado pela Ordem dos Advogados do
Brasil, com apoio da Conferência Nacional dos Bispos, tendo como objetivo
conter o vício corruptor, com a esperança de se obter resultado já na campanha
deste ano. O primeiro passo, em curso, é orientar as Seccionais para que se
organizem e apresentem ideias.
No desenvolvimento desse projeto a Ordem quer
atrair o apoio de entidades, empresas e também dos eleitores, pois entende,
corretamente, que sem uma ampla adesão, o objetivo ficará distante e difícil,
para não dizer inacessível.
A dificuldade, que esperamos seja superada, está em
que o exercício do Caixa 2 se inspira e funciona como base de um pacto de
interesses e de silêncio. Tanto os que vendem como os que compram se ajustam no
período eleitoral. E exatamente por atender a objetivos comuns para resultados
a médio e longo prazos torna-se difícil detectar o crime. Porque propriamente
não há vítima. No Caixa 2 há investimento sorrateiro, que se faz com discrição,
sem alarde. Glorioso monumento ao compadrio político.
Talvez, melhor e antes de tudo, as entidades
promotoras devessem trabalhar, via Congresso Nacional, um conjunto de normas
para que as campanhas eleitorais no Brasil se tornem menos custosas e dependam
menos desses aportes financeiros de origem e de intenções sempre suspeitas. E
que as dotações formais se façam tão claramente e dentro da lei que os
candidatos e partidos possam dispensar ajudas irregulares.
Exatamente por terem substituído o conteúdo pela
artificialidade, isto é, a imagem plástica do candidato na televisão e nos
impressos torna-se mais importante que suas ideias e propostas, as campanhas
eleitorais são mais eficientes na medida em que disponham de muito dinheiro. E
porque precisam de muito dinheiro concedem mais.
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