PREMIADO
O que parece
em melhor medida para definir a vitória do senador Renan Calheiros no Supremo
Tribunal Federal está na manchete de “O Globo”. Desobediência premiada. Prêmio
para quem deu as costas à mais alta corte de Justiça, recusou-se a receber o
emissário oficial dela, sem se dar conta da fragilidade que carrega diante de
formal acusação de peculato. É forçoso reconhecer a força desse polêmico
nordestino, acusado de cometer 12 crimes em processos que dormem longamente nos
gavetões do Supremo, onde ele acaba de confirmar seu prestígio.
Cassar a Renan
a segunda vaga na sucessão presidencial nada mais é que um modesto castigo,
pois essa eventualidade ele já perderia mesmo dentro de poucas semanas, quando
deixar a presidência do Senado. Portanto, um castigo para meras traquinagens.
Doeu pouquíssimo num costado reconhecidamente imune.
Resta uma
indagação, inspirada na conhecida audácia do senador. E se ocorrer a
necessidade de substituição de Temer, ele aparecer alegando o cargo que
continua ocupando para subir a rampa? Pode, pelo menos, considerar discutível
que lhe seja cassado o direito constitucional da sucessão, direito de quem
responde pelo comando do Senado. Não se brinca com Renan.
Nesse doloroso
episódio, que revela um país que vai de mal a pior, gostaria de ver como
votaria a ministra Carmen Lúcia, caso um empate no plenário lhe exigisse o voto
de minerva. Afastado Renan ela, na qualidade de presidente do STF, passa ser a
segunda na sucessão de Michel Temer; pelo menos até que o Senado eleja seu novo
presidente, em fevereiro. Como a ministra se sentiria votando uma decisão da
qual poderia se beneficiar?
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