quinta-feira, 8 de dezembro de 2016







PREMIADO


O que parece em melhor medida para definir a vitória do senador Renan Calheiros no Supremo Tribunal Federal está na manchete de “O Globo”. Desobediência premiada. Prêmio para quem deu as costas à mais alta corte de Justiça, recusou-se a receber o emissário oficial dela, sem se dar conta da fragilidade que carrega diante de formal acusação de peculato. É forçoso reconhecer a força desse polêmico nordestino, acusado de cometer 12 crimes em processos que dormem longamente nos gavetões do Supremo, onde ele acaba de confirmar seu prestígio.

Cassar a Renan a segunda vaga na sucessão presidencial nada mais é que um modesto castigo, pois essa eventualidade ele já perderia mesmo dentro de poucas semanas, quando deixar a presidência do Senado. Portanto, um castigo para meras traquinagens. Doeu pouquíssimo num costado reconhecidamente imune.

Resta uma indagação, inspirada na conhecida audácia do senador. E se ocorrer a necessidade de substituição de Temer, ele aparecer alegando o cargo que continua ocupando para subir a rampa? Pode, pelo menos, considerar discutível que lhe seja cassado o direito constitucional da sucessão, direito de quem responde pelo comando do Senado. Não se brinca com Renan.

Nesse doloroso episódio, que revela um país que vai de mal a pior, gostaria de ver  como votaria a ministra Carmen Lúcia, caso um empate no plenário lhe exigisse o voto de minerva. Afastado Renan ela, na qualidade de presidente do STF, passa ser a segunda na sucessão de Michel Temer; pelo menos até que o Senado eleja seu novo presidente, em fevereiro. Como a ministra se sentiria votando uma decisão da qual poderia se beneficiar?   






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