Os suicidas
Nunca se sabe, com segurança, a realidade sobre os casos de suicídio. No mundo são 800 mil por ano; no Brasil, sempre pobre de estatísticas, sabe-se que em 2017 foram a quarta entre as principais causas de morte na população entre 15 e 29 anos. Em Juiz de Fora a desinformação não é diferente, mas o problema existe e avança. Neste mês foram três, mas a tragédia pode ter números mais trágicos, porque ainda há entre as famílias um certo pudor, preferem falar em “morte natural”. E a imprensa não gosta de tratar do assunto, porque um caso pode estimular outros doentes psiquicamente fragilizados (quando Marilyn Monroe pôs termo à vida, em dois dias 15 a acompanharam). Num clima de mistério e discrição, só se conhece suicídio quando ele é formidável. É preciso saltar do décimo andar.
Suspeitam alguns especialistas que, tal como a obesidade, em pouco tempo o suicídio tenha de ser enfrentado como questão de saúde pública. E, para tanto, já tendem muitos médicos japoneses e de países nórdicos, onde a incidência tem sido tradicionalmente maior. Sim, porque o mundo está diante desse crescente desafio para as políticas sanitárias, sejam elas em países desenvolvidos ou não, conhecidas as causas mais comuns que podem levar ao extermínio voluntário: bruscas alterações de comportamento, isolamento social, baixa auto-estima, uso de drogas e o histórico familiar. E, entre adolescentes e jovens, o rendimento escolar medíocre (causa que levou Pedro Nava a pensar, pela primeira vez, em matar-se, o que de fato cometeria décadas depois).
O atendimento aos propensos, diz o psiquiatra Ziyad Abdel Hade, especializado em atendimento a crianças e adolescentes, deve começar destruindo dois mitos: a) quem deseja suicidar-se não avisa. Não é verdade, pois muitos, por palavras ou gestos, comunicam antes o que pretendem; b) conversar sobre suicídio com jovens pode levá-los ao ato. Ao contrário, é importante conversar abertamente e mostrar preocupação com eles. A atual geração “galera” também tem a fragilizá-la a invasão do mundo digital, que agrava sua intolerância ao tédio.
Angústia e o nada
São incontáveis os ilustres que escreveram sobre a ânsia de abreviar a chegada da morte, sem que escapem os casos da curiosidade pelo possível outro lado da existência. Para Albert Camus é certo que passa pela cabeça de todas as pessoas um sentimento de atração pelo nada, além do fato de que, em rigor, só a morte mostra se a vida valeu a pena ser vivida, como escreveu Joaquim Nabuco.
Mas tanto cientistas como pensadores acabam batendo à porta da depressão, mesmo sem poder explicá-la perfeitamente. É tão difícil descrevê-la, que é preciso passar por ela para compreendê-la, sentenciou Willian Styron. Já o romancista Scott Fitzgerald falava que “nessa noite escura da alma são sempre 3 horas da manhã, dia após dia”.
Porque as coisas e o clima que cercam a pessoa ficam enevoados, totalmente fora do raciocínio lógico. E, por sobre tudo, aquela “angústia insuportável” de que padeceram Van Gogh, Virginia Woolf, Cesare Pavese, Romain Gary, Henri de Montherland, Jacques Condon, Hemingway e Maiakowisky. Muitos teólogos excluem dessa lista o mais famoso suicida de todos os tempos, Judas Escariotes, que teria traído apenas para cumprir um desígnio da história da Salvação..
O assunto é sério e trágico, mas nem por isso faltou quem o levasse para o lado do humor. Luiz Angell Lama diz haver pensado seriamente nisso. Mas acabou desistindo: “Suicidar-se é muito perigoso”…
Alto escalão
A cidade passou a contar com um novo nome no alto escalão do governador Zema: Weverton de Castro, que figurou no secretariado de Bruno Siqueira, é agora presidente da MGI-Minas Gerais Participações. Nestas horas de jejum, essa estatal tem um difícil leque de atuação, abrangendo recuperação de créditos, debêntures e alienações de imóveis, muitos dos quais sobreviventes em Juiz de Fora.
Não custa perguntar
Se ministros do Supremo Tribunal Federal consideram que é preciso esperar julgamento de criminosos em terceira instância, para prendê-los, em nome da presunção da inocência, por que não considerar duas das três instâncias, se nelas já não resta presunção, mas certeza do delito praticado?
Repercussão
. Isaías Laval: Wilson Cid, não se preocupe apenas com eleições. O que acha dos efeitos da reforma da Previdência aprovada no Senado ?
. Vicente De Paulo Clemente : Gostei da "navegação costeira" do PSL, ao passo que o presidente quer lançar suas redes em águas mais profundas. É difícil, mas não impossível, navegar nessas águas agitadas da atual política brasileira, considerando que Bolsonaro é velho conhecedor, pois veio lá do Fundão da sala...
- Isaías Laval: Estudar um doido destrambelhado, só para psiquiatra. Incrível como Bolsonaro não se ajuda.
- Geraldo Sette: Nada disso é normal e revela o desprezo de Bolsonaro pela vida institucional. Tempos muito estranhos! Tempos de loucos no poder!
Mamede Said escreveu e é exatamente isso! Inacreditável que muitos não consigam ver.
"É normal um presidente da República ser chamado de vagabundo pelo próprio líder do partido pelo qual se elegeu e que integra? É normal o presidente se imiscuir na atividade parlamentar do partido, tentando afastar o líder da bancada para, em seu lugar, colocar o próprio filho? É normal o presidente, às vésperas de votações decisivas, destituir a líder do governo no Congresso porque não abraçou a candidatura do filho? É normal o presidente deixar vago, meses a fio, o cargo de embaixador nos EUA, porque teimava em agradar o filho com embaixada?”
Nada disso é corriqueiro na vida político-institucional de nações civilizadas. Mas, em se falando do Brasil de Bolsonaro, tudo tem sentido e razão de ser. Inexiste articulação política, inexiste diálogo respeitoso entre Executivo e Legislativo, inexiste governança e racionalidade administrativa. Reina o caos institucional e a paralisia das ações governamentais. Mas não falta o espetáculo deprimente de um governo que se enreda em questões paroquiais e em disputas pueris, bem ao estilo do governante e de seu entorno familiar. Como o Brasil se apequenou tendo à frente de seus destinos uma figura como Jair Bolsonaro..."
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