sexta-feira, 11 de outubro de 2019


Igreja e política 



É impossível desconhecer que estão caminhando para um perigoso impasse as discussões e divergências sobre influências político-partidárias no seio da Igreja Católica. Vão sendo criadas situações que até há algum tempo eram inconcebíveis, como a desautorização pública de altos prelados e dignatários, que condenam o Papa Francisco. Ele é acusado de condescender e acolitar grupos de esquerda na interpretação de lições do Evangelho. Quanto a alguns aspectos há claras contestações à autoridade vaticana. Tal como se viu e se ouviu na convocação do Sínodo da Amazônia, que, na verdade, para alguns bispos e cardeais, é um simpósio esquerdizante. Se a suspeita não é fundada, é certo que alguns partidos e correntes ideológicas aproveitaram-se da oportunidade para tomar carona nas discussões, convertendo-as ao campo político. Francisco parece disposto a fazer ouvidos moucos.

Se avança a crise com a direita política, não se diga que são menos intolerantes as relações da Santa Sé com suas facções direitistas da teologia. É o que se vê no tratamento que vem sendo dado ao grupo chamado Arautos do Evangelho, acusado, entre outras coisas, de passar por cima da autoridade papal e praticar ritos, como exorcismos, fora as regras romanas.
Hpa quatr 
Fato é que de todos os lados, reformadores e conservadores procuram empurrar Francisco contra a parede. E o Brasil não está excluído nas divergências sobre fé e política, como o grupo de católicos de Londrina (PR), que se organizou para reivindicar uma "Igreja sem partido". Insatisfeitos com o arcebispo da cidade, dom Geremias Steinmetz, eles criaram uma campanha e instalaram outdoors com um pedido enfático: "Tirem o PT do altar".
As placas foram pagas com dinheiro arrecadado pelos próprios fiéis, que integram o chamado Movimento Brasil Católico. O grupo também distribuiu cerca de 6.000 adesivos e recolheu 3.000 assinaturas de frequentadores de paróquias londrinenses para pedir providências a respeito de atitudes do arcebispo Geremias e até mesmo sua substituição.



Cargos vagos 


Decisão do Supremo Tribunal Federal revogou parte da minirreforma eleitoral aprovada pelo Congresso há quatro anos, inclusive o artigo queprevê eleição indireta. Assim, a escolha pelo Congresso Nacional de um novo presidente da República ou do vice em caso de perda de mandato, registro indeferido ou diploma cassado nos últimos seis meses no cargo. Para o relator, ministro Luís Roberto Barroso, a Constituição prevê eleição indireta se o cargo ficar vago nos últimos dois anos do mandato.

“O artigo 81 cuida do cargo de presidente da República: vagando os cargos de presidente e vice-presidente da República far-se-á eleição 90 dias depois de aberta a última vaga. Parágrafo primeiro: ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita 30 dias depois da última vaga pelo Congresso Nacional na forma da lei. Portanto, há uma clara contradição entre o que prevê o texto constitucional e a legislação ordinária”.
Põe-se fim à polêmica surgida em 2017, com as denúncias contra o presidente Temer. Na época cogitou-se que deveria haver uma nova eleição direta se ele fosse cassado.
O STF também decidiu que para senadores o que vale é a Constituição. Se faltarem mais de 15 meses para o fim do mandato e não houver suplente serão convocadas eleições diretas.
Para prefeitos, governadores e os vices, continua valendo o texto da minirreforma eleitoral. Ou seja, se o cargo ficar vago nos últimos seis meses de mandato, a escolha do substituto será feita pelos vereadores ou deputados estaduais. Antes disso, eleição direta.

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