terça-feira, 4 de agosto de 2020



Autoridades responsáveis


Os governos, sejam estaduais ou municipais, têm vivido horas de grandes pressões comandadas por setores interessados no relaxamento das medidas de restrição impostas pela Covid 19. Partem essas pressões de comerciantes, prestadores de serviços e pastores de igrejas evangélicas, que dirigem ou representam exatamente as atividades que mais dependem da presença de grande número de pessoas.

Sob pressão, depois de proibir o revellion, o prefeito do Rio de Janeiro opta por consultar a população para a tomada de uma decisão final. Ora, como na consulta popular as pessoas se manifestam de acordo com o desejo próprio e seu ponto de vista, sem se importar com o coletivo, é provável que a maioria dos votos seja pelo relaxamento. Que se dane a saúde.

Para evitar a prevalência de interesses reduzidos a poucos grupos, contrariando o interesse das maiorias, é que se invoca o papel da autoridade, responsável pela adoção de medidas que se sobreponham ao egoísmo, ainda que politicamente desgastantes. Porque não adianta vender muito ou rezar mais, se a morte avança e vai prosperando. Nesta hora, ao contrário do que querem os irresponsáveis, que tenhamos nada mais que o essencial, o indispensável.

As autoridades têm dever de resistir às pressões; resistir a esses setores que olham para o próprio umbigo e preferem desafiar a morte com a vida dos outros.


O que esperar de agosto


Deseja a crença popular que os agostos passem depressa. O folclore brasileiro encarregou-se de guardar muitos costumes de várias regiões que condenam esse mês que está começando como algo não adequado. Os casamentos ficam para depois, as cirurgias canceladas, e até os jogadores acham que os azares se acentuam nestes dias. Os políticos contribuem para condenar o mês aziago, lembrando, entre outras tragédias, o suicídio de Getúlio Vargas e a renúncia de Jânio Quadros – coisas tão tempestuosas que fizeram alastrar seus azares pelo tempo afora.

Neste ano, a grande tragédia não teve de esperar agosto, porque em março e nos meses seguintes a Covid 19 grassou de tal forma, que - sem mostrar quando pretende acabar -, já cobrou dezenas de milhares de vidas. Uma catástrofe facilitada pela modéstia dos recursos oferecidos pelas políticas sanitárias e pela adesão irresponsável de setores despreocupados, que desafiam a realidade sinistra e descumprem regras mínimas de condutas nos tempos de tragédia.

Com 120 óbitos contabilizados e milhares de infectados, Juiz de Fora é a centésima vigésima sétima no hanking nacional. Não é de desesperar, mas também não é pouco.

Digamos: são números suficientes para desejar que este agosto rompa com sua tradição de más notícias, dando adeus à pandemia.



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