Autoridades
responsáveis
Os
governos, sejam estaduais ou municipais, têm vivido horas de grandes
pressões comandadas por setores interessados no relaxamento das
medidas de restrição impostas pela Covid 19. Partem essas pressões
de comerciantes, prestadores de serviços e pastores de igrejas
evangélicas, que dirigem ou representam exatamente as atividades que
mais dependem da presença de grande número de pessoas.
Sob
pressão, depois de proibir o revellion, o prefeito do Rio de Janeiro
opta por consultar a população para a tomada de uma decisão final.
Ora, como na consulta popular as pessoas se manifestam de acordo com
o desejo próprio e seu ponto de vista, sem se importar com o
coletivo, é provável que a maioria dos votos seja pelo relaxamento.
Que se dane a saúde.
Para
evitar a prevalência de interesses reduzidos a poucos grupos,
contrariando o interesse das maiorias, é que se invoca o papel da
autoridade, responsável pela adoção de medidas que se sobreponham
ao egoísmo, ainda que politicamente desgastantes. Porque não
adianta vender muito ou rezar mais, se a morte avança e vai
prosperando. Nesta hora, ao contrário do que querem os
irresponsáveis, que tenhamos nada mais que o essencial, o
indispensável.
As
autoridades têm dever de resistir às pressões; resistir a esses
setores que olham para o próprio umbigo e preferem desafiar a morte
com a vida dos outros.
O
que esperar de agosto
Deseja
a crença popular que os agostos passem depressa. O folclore
brasileiro encarregou-se de guardar muitos costumes de várias
regiões que condenam esse mês que está começando como algo não
adequado. Os casamentos ficam para depois, as cirurgias canceladas, e
até os jogadores acham que os azares se acentuam nestes dias. Os
políticos contribuem para condenar o mês aziago, lembrando, entre
outras tragédias, o suicídio de Getúlio Vargas e a renúncia de
Jânio Quadros – coisas tão tempestuosas que fizeram alastrar seus
azares pelo tempo afora.
Neste
ano, a grande tragédia não teve de esperar agosto, porque em março
e nos meses seguintes a Covid 19 grassou de tal forma, que - sem
mostrar quando pretende acabar -, já cobrou dezenas de milhares de
vidas. Uma catástrofe facilitada pela modéstia dos recursos
oferecidos pelas políticas sanitárias e pela adesão irresponsável
de setores despreocupados, que desafiam a realidade sinistra e
descumprem regras mínimas de condutas nos tempos de tragédia.
Com
120 óbitos contabilizados e milhares de infectados, Juiz de Fora é
a centésima vigésima sétima no hanking nacional. Não é de
desesperar, mas também não é pouco.
Digamos:
são números suficientes para desejar que este agosto rompa com sua
tradição de más notícias, dando adeus à pandemia.
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