segunda-feira, 17 de agosto de 2020

 



Precisamos de tanto deputado?



Na semana passada, quando Uberlândia levantou campanha para reduzir o número de seus vereadores, em outros lugares houve quem sugerisse que o movimento se estendesse, discutido-se também a necessidade de a Câmara Federal ter 513. É deputado demais, desnecessário, dizem os descontentes.


Nisso já se falava na década de 30, como se deu em uma das fugas do presidente Vargas para a fazenda São Mateus, onde apreciava descansar das pressões no Palácio do Catete. Em uma rodada de conversa, quiseram saber dele o que achava disso, e, com sinceridade ou para sair na tangente, disse que ainda não havia refletido o suficiente sobre tal matéria.


Não é questão para ser tratada com superficialidades, a começar por se constatar que nas bancadas legislativas o problema maior nunca foi a quantidade dos que estão ali; mas a qualidade deles. Ora, no item da qualificação a primeira responsabilidade é do eleitor, quando vota mal, podendo votar bem… E maus eleitores sempre haverá, mesmo que o número de candidatos coubesse nas duas mãos. Ainda para contestar conclusões apressadas, é necessário ponderar sobre os riscos de as casas legislativas terem poucos integrantes, porque neste caso eles serão donos de imenso poder. O que não interessa à democracia e à representação política.


O assunto sugere cuidados. Mas enquanto não ficar decidido se há vereador e deputado demais, cuidemos de votar bem, com o mínimo de risco de errar.



A ausência dos partidos


Não é difícil perceber, nestes três meses que antecedem as eleições, que os candidatos - os definidos ou possíveis – articulam-se, lançam suas primeiras ideias, ajustam as bases de alianças, correm atrás de lideranças, mas nada se ouve falar dos partidos, como se deles pouco ou nada dependesse. No caso local, constatasse que mesmo os mais fortes, experientes em antigas disputas – nem esses dão o ar da graça.

Fala-se nas eleições municipais, mas não se equivoca quem disser que o mesmo painel desolador se estende ao cenário nacional. Não são os partidos, são os grupos que agem e tomam decisões.


As dificuldades começam com o excessivo número de partidos. Mas, longe de ser um problema exclusivo do Brasil, outros países sabem que o amontado de legendas tem muito a ver com sensíveis dificuldades políticas e institucionais. Um dos defeitos do multipartidarismo leva à diluição de responsabilidades e desencoraja as reformas. Outra coisa: no sistema de muitos eles não assumem o desastre das urnas, porque cada um acha que a culpa deve se debitada ao outro.


Quando a profunda reforma política deixar de ser falada, mas praticada, uma iniciativa de bons resultados seria saber do eleitorado não apenas o que pensa deles, mas quais os formatos que lhe parecem melhor. Se o povo traçar diretrizes para os reformistas, é provável que sejam expulsos de cena os partidos minúsculos preparados nas provetas dos laboratórios do oportunismo e de cultos improvisados.

Mas talvez esteja num futuro distante a solução desse problema. O que é uma pena.



O estado empobrecido



Cada vez mais preocupados com os rumos que a pandemia e o governo vão levando o país, estando contra ou a favor do presidente, fato é que por isso as pessoas tendem a descuidar do que vem acontecendo em Minas. Olhamos para o Brasil, mas esquecemos de olhar a situação do estado que - sem exagerar no pessimismo – vai chegando perto do que se pode chamar de falimentar. Porque deu-se na administração pública o mesmo que se dá na economia doméstica – é quando se gasta mais do que se recebe. Minas tem sido assim. Um imenso esforço para cobrir o custeio, as despesas inevitáveis e as folhas dos servidores. Obras importantes, há muito reclamadas, nem pensar.


Uma saída dolorosa, para cortar na pele, seria vender o que Minas tem de melhor, começando pela privatização da Cemig, maior entre os nossos patrimônios; ou então entregar nosso nióbio, quase a preço de banana. Mas aí é possível retomar o exemplo doméstico. É como se na apertura das finanças, o salário insuficiente, a família começasse a se desfazer das camas, cadeiras e das mesas para cobrir o déficit. Só que no dia seguinte não tem onde sentar-se e nem pode ir à mesa. Vendeu-se o que tinha e as dificuldades continuando as mesmas e cada vez mais pesadas.


O remédio - os governantes sabem muito bem disso – é amargo, desgasta, gera protestos e tira votos. É um reajuste fiscal estrutural. Mas haja folego e disposição para essa empreitada.



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