Eleição 2024 em pauta (LXVI)
O QUE INFLUI
Em se tratando de segundo turno, tema tratado na coluna anterior, são diferentes as análises que sobre ele fazem os observadores políticos. Nem para todos, a segunda rodada é uma nova eleição, inteiramente diferente da primeira. Diferenças há, mas seria exagero afirmar que os dois turnos nada têm a ver entre si.
Há dois detalhes, contudo, que sempre influem no destino das urnas. O primeiro é o efeito da rejeição, porque leva milhares de eleitores a apoiar determinado candidato, não por ter simpatia por ele, mas porque não gosta do outro… Na verdade, é um voto contra; não a favor.
O segundo detalhe a considerar está na correlação de forças políticas e empresariais, capazes de viabilizar ou não determinada candidatura. Essas forças nem sempre são os partidos da aliança, mas aquelas que apoiam o candidato (a) com recursos financeiros, em nome de benefícios obtidos ou a obter.
É o segundo tempo de um jogo em que o eleitor continua sendo peça decisiva, embora muitas vezes influenciado por fatores que escapam de avaliação. .
CLIENTELISMO
Cartilha do Ministério Público de São Paulo, há quatro anos, teve como foco a prática do clientelismo na política. Continua atual para as eleições que vamos ter em outubro, porque, no âmbito municipal, avalia que o desempenho das funções pelos vereadores se confunde, talvez porque muitos dos agentes políticos desconhecem a competência que possuem, ou ainda, pela falta de conhecimento da própria população, que espera uma atuação de vereança diversa da que é disposta em lei.
“Clientelismo é prática ilegal, muito comum na política brasileira, que consiste na troca de favores entre político e eleitor. É o que se dá quando o político faz um favor ao eleitor, propiciando a ele o acesso a um serviço público, e recebe seu apoio, como forma de votos para as próximas eleições”.
É clientelismo, porque o favor faz do cidadão verdadeiro cliente do político, e sempre o procurará quando precisar de algum serviço público e, em troca, será “fiel” a ele nas eleições.
FÉ NAS URNAS
Desde o feriado de quinta-feira passada, têm sido mais frequentes as reuniões de lideranças evangélicas. Um primeiro passo para avaliação inicial dos pré-candidatos à prefeitura, e, certamente, os que melhor podem corresponder aos interesses desses segmentos religiosos. Um detalhe que não pode escapar dessas avaliações é se os pastores mantêm a mesma influência sobre seus obreiros, porque, na eleição de 2022 seu apoio não pareceu pesar tanto.
Ao contrário das católicas, que não indicam nomes, mas apenas sugerem avaliação de méritos, outras igrejas anunciam claramente suas preferências. A Igreja Batista, por exemplo, já se posicionou a favor de Ione Barbosa na disputa da prefeitura.
VOTO FEMININO
Se o eleitorado feminino decidisse só votar em mulheres, os homens candidatos estariam em maus lençóis, porque ele constitui a maioria dos que estão aptos a ir às urnas. Suas lideranças estão, mais uma vez, empenhadas em ampliam a representatividade, que contrasta, em muito, no painel de eleitores e eleitas.
Não é improcedente a preocupação em relação aos números, no momento em que vão chegando as eleições. Em Minas, que tem 853 municípios, apenas 64 deles são administrados por mulheres. E, nas câmaras de 22% deles, não há cadeiras femininas.
AUSENTE
Em Juiz de Fora, entre os 19 vereadores à Câmara Municipal, apenas um está decidido a não disputar a reeleição: Maurício Delgado, do Rede, que chegou a ter o nome incluído entre possíveis candidatos ao Executivo. Parece, não sem razão, desanimado com o nível da prática política.
Outro vereador que desistisse, só no caso de ser indicado a vice. O que, neste momento, não é uma possibilidade razoável.
TENDÊNCIA
No PDT, onde José Márcio Garotinho e José Figueirôa puxam a fila de candidatos à vereança, o que se tem dito é que a tendência é produzir, mês que vem, uma convenção partidária tranquila, sem a pretensão de um nome para disputar a prefeitura. O caminho, que parece natural, é levar o apoio dos brizolistas para a reeleição da prefeita Margarida.
QUEM NÃO QUER?
Terminou, na segunda-feira, o prazo legal para que os candidatos comunicassem à Justiça Eleitoral se decidiram renunciar à sua participação nos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha. Em eleição anterior, apenas o Novo praticou o desprendimento.
Quanto aos que aceitam apoio financeiro, até o dia 20 de julho terão de comunicar à Justiça quais são suas fontes de generosidade.
INDEFINIÇÃO
Amigos do ex-prefeito Alberto Bejani, que com ele conversam, acham que é real a disposição de não voltar a concorrer, embora não se possa dizer que está totalmente descartado. Ele tem, na próxima campanha, o projeto de reeleição de um filho. Não fora de seus planos, amplia a família na política, lançando a filha Carla também para a vereança.
MAIS PONTOS
O PSB faz as contas, avalias prós e contras, para chegar à conclusão de que Marcelo Detoni soma pontos para, afinal, tornar-se candidato a vice-prefeito na chapa do PT; por mais que isso seja do desagrado de um corrente de petistas, os que não querem ver o empresário completando o mandato da prefeita, dentro de dois anos.
FEDERAÇÃO PARTIDÁRIA
As federações partidárias, da Reforma Eleitoral de 2021, vão ser testada em 2024. Primeira municipal com a participação delas, cujo objetivo é permitir que as legendas atuem de forma unificada e prolongada, em todo o país.
Hoje, são três essas federações, que abrangem sete partidos, e com validade até 2026:.Federação Brasil da Esperança (FE Brasil), que conta com o PT, o PCdoB e Partido Verde; Federação Cidadania, integrada pelo PSDB) e o Cidadania. E a Federação PSOL-Rede, que oficializa a união das duas legendas.
O eleitor poderá escolher candidatos que fazem parte de federações partidárias, inovação legislativa que será a novidade deste ano, mas, certamente, terá impacto na próxima eleição geral de 2026.
Em Juiz de Fora, tanto na prefeitura como na Câmara Municipal as federações partidárias estão representadas. A prefeita representa a Federação Brasil Esperança, e será candidata à reeleição. Assim como os vereadores atualmente pertencentes às demais federações.
Elas terão futuro, após 2026?. Entendem os analistas que os conflitos gerados na instância municipal podem desestimular sua manutenção.
FEDERAÇÃO PARTIDÁRIA (2)
Exemplo de conflito em federação partidária, em JF, sobre a Federação PSOL- REDE. O PSOL elegeu a vereadora Tallia Sobral, e a REDE não elegeu vereador. Com o surgimento da federação, e com a filiação recente do vereador Maurício Delgado, a instituição ficou com uma bancada na Câmara. Se o vereador Delgado for candidato à reeleição poderá conseguir a vaga, e impedir o PSOL de continuar com sua representação. Nós bastidores já se comenta está preocupação.
Até o final do semestre, a Câmara Municipal terá de pensar em novo endereço, provavelmente ocupando o edifício Benjamin Colucci, quando o Judiciário se transferir para sua nova sede, na avenida Brasil. Com a bancada de vereadores ampliada para 21 cadeiras e as atividades legislativas ampliadas, é impossível permanecer onde está.
Desde sua instalação, até agora, a Câmara tem tido por sede: de 1853 a 1878, um velho prédio da antiga rua Direita (25 anos); de 1878 a 1918, o edifício do Fórum (40 anos); de 1918 a 1965, o Palácio da Prefeitura ( 47 anos, dos quais 12 em recesso); a partir de 1965 ocupou o edifício Prefeito Adhemar Andrade, no Largo do Riachuelo, onde permaneceu por 13 anos. Portanto, descontados os 12 anos em que não funcionou (de 1930 a 1936 e de 1937 a 1945, foi no velho Fórum, onde hoje está, que por mais tempo permanece.
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