Eleição 2024 em pauta (LXVIII)
SOBRE A DIREITA
Políticos, empresários e partidos de direita e direita moderada têm uma data-base de destaque em seu calendário. É o 6 de setembro, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro estará aqui, para
relembrar, anos depois, o dia em que foi esfaqueado na Rua Halfeld. E, na mesma esquina do atentado, lançar a candidatura a prefeito do ex-deputado Charlles Evangelista, do PL.
O que os direitistas estão pensando a esse respeito? Primeiro é que, naquele dia, faltando exato um mês para a eleição, o painel das preferências da cidade em relação aos candidatos já terá indicações mais precisas sobre quais os dois que vão subir ao segundo turno. É quando também uma parcela insegura de eleitores dos não cotados começa a analisar alternativas. Principalmente se vingar o fenômeno da radicalização entre PL e PT. É a migração dos que “não gostam de perder o voto”…
Seja como for, as correntes de direita acham que não estão diante de uma jornada de facilidades, mas também longe da orfandade. Raciocinam: o candidato Charlles, além do apoio dos bolsonaristas, pode atrair os eleitores que priorizam o voto contra o governo Lula. Escapando dele, a tendência seria o voto para Ione Barbosa, que não reza na cartilha petista, é do agrado das igrejas evangélicas, simpáticas a Bolsonaro.
Há uma outra linha de raciocínio, esta mais de natureza especulativa. Se o candidato a vice-prefeito na chapa do PT for o empresário Marcelo Detoni, indicação do PSB, a direita viverá a boa expectativa de ele assumir, no meio do mandato.
SEM RADICALIZAR
O empresário Wilson Rezende, que, disputando a prefeitura em duas oportunidades, esteve muito próximo da vitória, ainda não disse se, mesmo sem ser candidato agora, terá contribuição ativa na próxima campanha. Mas, participando, no restaurante Sublime, do programa televisado Não Almoce Sozinho, com Mauro Cavaca, ele deixou um recado para quem estiver na luta de outubro: a grande questão é discutir temas de interesse da população; portanto, “não adianta a radicalização, que não resolve”.
O recado faz sentido, diante dos sinais de que, priorizados os temas nacionais, o futuro dos interesses da cidade fique relegado a segundo plano.
SEGUNDO TURNO
A acuidade dos observadores políticos mineiros revela, 100 dias antes da eleição para as prefeituras, que dificilmente escaparão do segundo turno Belo Horizonte, Juiz de Fora, Betim, Uberaba, Montes Claros e Ribeirão das Neves.
Todos com mais de 200 mil eleitores inscritos.
TEMA PREFERENCIAL
A pré-candidata a prefeita Ione Barbosa tem usado as redes sociais para criticar os serviços de transporte coletivo urbano. "O transporte público na cidade está em uma situação crítica: veículos sucateados, atrasos constantes, ônibus lotados e interesses políticos. Isso impacta, diretamente, a vida dos cidadãos que dependem desse meio para trabalhar, estudar e viver”.
Nesse campo, a prefeita Margarida se defende, fazendo lembrar o congelamento da tarifa desde o início de seu mandato, mediante subsídio municipal e a gratuidade da passagem aos domingos e feriados.
As duas, liderando as pesquisas, inteiramente contrárias diante do mesmo problema, permitem concluir que os ônibus vão estrelar a campanha.
REVERSÃO
Amigos e correligionários do vereador Maurício Delgado, do Rede, insistiram e, por fim, conseguiram fazer com que reconsiderasse a decisão de não disputar a reeleição. Vai disputar, apesar das decepções com a política. O que significa, então, que todos os 19 vereadores disputarão um novo mandato, salvo se, por força das circunstâncias, um deles sair para uma vice em chapa de candidato a prefeito.
OS CATÓLICOS
O arcebispo, dom Gil Antônio, fixou para setembro a divulgação de uma carta, destinada, principalmente, aos eleitores católicos, para advertir sobre a responsabilidade que terão, na hora de definir preferência em relação aos candidatos. Não divulgaria antes, até porque é preciso esperar que todos estejam indicados pelos partidos.
Segundo o metropolita, a mensagem não deixará de abordar questões essenciais na responsabilidade do voto, começando pela defesa dos princípios da democracia, além de questões sempre caras à Igreja, como moral e probidade no trato da coisa pública. Inevitável uma abordagem sobre o aborto, tema que voltou à discussão.
Não haverá indicação de nomes, nem de partidos, tarefa a ser confiada à responsabilidade pessoal de quem vota.
ENTRE FAMÍLIAS
Do Jornal do Brasil vem a advertência de que “no mesmo dia em que o calendário eleitoral determinou a desincompatibilização de servidores que vão concorrer, em outubro, o Supremo Tribunal Federal derrubou, por 7x4, uma ação que pretendia impedir a consanguíneos ocupar, simultaneamente, cargos executivos e legislativos, tanto no âmbito federal como nos estados e nos municípios. Bem pensado, o que a ação desejou impedir - o uso familiar de cargos para proveito entre parentes – era um instrumento a mais destinado a garantia pleitos hoje com escassa seriedade”.
“À sombra das bênçãos do Supremo, o que vamos assistir, em outubro, com toda certeza, é a ampliação de abusos, sobretudo nos rincões distantes, que estão a salvo dos olhares mais críticos. Cônjuges, filhos, irmãos e cunhados consolidarão oligarquias, por onde passam e prosperam o nepotismo e o tráfico de influência. Basta observar os casos, que não são poucos, em que as câmaras municipais estão presididas pelos maridos de prefeitas, por esposas ou filhos dos prefeitos. Como esperar que o Legislativo cumpra a obrigação de fiscalizar o Executivo?, por esse Brasil afora, se as coisas podem ser facilmente acertadas durante um jantar em família”…
Não há quem, passando pelas ruas centrais, não se escandalize com o número de mendigos; e, se à noite, com a população dos que dormem junto às portas das lojas. Dois prefeitos, Custódio Mattos e Tarcísio Delgado, enfrentaram com coragem o problema, sabendo que muitos dos abandonados procediam de cidades vizinhas. Já bastando os que temos aqui, era preciso devolvê-los às cidades de origem.
Hoje, ainda não se sabe o que os candidatos vão dizer a respeito, mas Isauro Calais diz que a triagem é fundamental, como primeiro passo para encarar o desafio.
O problema sempre existiu, menos na administração José Procópio Teixeira (1916-1926). A solução foi a seguinte: um convênio entre a prefeitura, que pagava as despesas; a polícia, que tirava os mendigos das ruas; as entidades conveniadas, que acolhiam. O Brasil inteiro elogiou.
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