quarta-feira, 26 de junho de 2024

 


Eleição 2024 em pauta ( LXIX)


COM AS MULHERES

O papel das mulheres no processo eleitoral sempre leva a duas vertentes. Advoga-se maior participação feminina nos destinos da política, mas elas recuam, quando chamadas a se baterem nas urnas, mesmo com a garantia legal de que os partidos têm de lhes destinar 30% das chapas de candidatos. Quase sempre, os partidos passam aperto para cumprir a cota legal, o que os obriga a lançar mão das costumeiras enganações.

Há casos, que não são raros, em que ocorre uma das duas versões: ou elas não querem disputar, ou, querendo, sofrem tenaz má vontade dos dirigentes partidários, que gostam de ver as chapas tomadas por homens experientes, com maiores chances de se elegerem.

Mas, doa a quem doer, vem aí a Súmula 73, do Tribunal Superior Eleitoral, que, ao mesmo tempo em que orienta, promete mão pesada sobre os infratores, os que pretendem dificultar o acesso às mulheres. Como também vai castigar as “laranjas”, que aceitam disputar, só para fazer número. As que “fazem de conta” que são candidatas à Câmara Municipal, não querem saber de votos, ganham algum dinheiro “por fora”, e vão descansar em Cabo Frio. Isso aconteceu inumeráveis vezes em eleições passadas.

A Súmula promete identificar as candidatas “de araque”. Como? As que zerarem votação, não terem despesas de campanha, ou, ainda, revelarem ausência de movimentação financeira.


QUESTÃO DE TETO

O Republicanos vem monitorando, ainda que com poucos dados disponíveis, o quadro de tendências dos principais colégios eleitorais em Minas. Aqui, o partido anima seu candidato a prefeito, Isauro Calais, lembrando que todos os seus concorrentes têm um teto de expectativas; isto é, um máximo tradicional de votação, que só poderiam vencer com muito esforço. No entendimento do partido, seu candidato em Juiz de Fora ainda não chegou ao teto.

Ontem, Calais foi a Brasília gravar pronunciamento de apoio do senador Cleitinho Azevedo.


TEMA AUSENTE

As campanhas eleitorais dos últimos 15 anos na cidade tiveram, como um dos temas preferenciais, a promessa de construção do Hospital Regional, apesar de sempre indicado como excessivamente custoso, inadequado e desnecessário. Um engodo dirigido ao eleitorado. As obras começaram em 2009, interrompidas em 2012, retomadas em 2013, novamente suspensas em 2017. Agora, o projeto é definitivamente sepultado.

Vejamos o que as lideranças políticas sobreviventes têm a dizer.


VICE NA TELA

Prospera, cada vez com menores resistências de ambos os lados, a aliança do MDB com o PSDB, tantas vezes adversários na política municipal, mas agora circunstancialmente aproximados. O resultado é ceder aos tucanos o direito de ocupar a vice na chapa de candidato a prefeito do ex-deputado Júlio Delgado. O nome acertado é Débora Lovisi, que já disputou, pelo partido, na eleição passada, uma cadeira na Assembleia.


A MÁQUINA

Dados confirmados pela Confederação Nacional dos Municípios indicam que, ao tentar a reeleição, os prefeitos sempre dispõem, sobre os concorrentes, da vantagem de terem a máquina à mão; isto é, o poder de colocar as prefeituras a serviço do projeto político. Em 2020 a recondução dos prefeitos bateu recorde: 63%. Mas já tinha estado em 67% na eleição de 2008. Em 2016, o percentual mais baixo: 47%.

Os novatos sempre tiveram de penar.


FORA DE HORA

A 2 Vara da Justiça de São Paulo deu o exemplo: multou o presidente Lula em R$ 20 mil, pelo crime de praticar propaganda eleitoral fora do prazo. Na festa de Primeiro de Maio ele pediu votos para Guilherme Boulos, candidato à prefeitura paulistana.

Vale a advertência: se o presidente da República é multado, que os próximos infratores ponham a barba de molho…


CONVENÇÕES

Só nesta semana os partidos começam a cuidar das convenções, que vão indicar seus candidatos a vereador, prefeito e vice-prefeito. O período estabelecido pela legislação é de 20 de julho a 5 de agosto. Em Juiz de Fora, o Republicanos definiu-se pelo 25 de julho.


MAIS ESPAÇO

Com toda certeza, o próximo prefeito terá de reavaliar os espaços físicos da Administração. As demandas sempre superiores às disponibilidades. E o aluguel de imóveis particulares nem sempre foi a melhor solução. Ainda agora, o Banco do Brasil pede à prefeitura que desocupe as muitas salas e salões ocupados por Conselhos e outros serviços municipais, na antiga agência da esquina com avenida Getúlio Vargas.

A agência do BB sai da rua Halfeld para dar lugar a um shopping.


NO EMBALO

O presidente Lula promete desembarcar aqui, nesta sexta-feira, para inaugurar, às 15 horas, o viaduto Roza Cabinda, parte do programa de Segurança Ferroviária. Mesmo com três meses de antecedência, ele dá o pontapé inicial para o embalo da campanha eleitoral do PT. Mas é certo que o partido insistirá para que venha uma vez mais, antes da eleição.

Para que se tenha ideia de como são morosas as obras que dependem do governo: esse viaduto está planejado desde os tempos do prefeito Custódio Mattos. Para viabilizá-lo foi preciso juntar MRS e Denit. Alguém tem de dizer isso ao presidente.


O jurista e diplomata Hélio Lobo Leite Pereira (1883-1960), de quem Otávio Mangabeira diria tratar-se de “um dos melhores homens que conheci em minha vida”, nasceu em Juiz de Fora. Na Cadeira 13, foi o primeiro dos três juiz-foranos a tomar parte na Academia Brasileira de Letras. Integrou a comissão de estudos que tratou de litígios Brasil-Peru, e, ainda como diplomata, serviu nos Estados Unidos, Uruguai, Paraguai e França. Servindo na Holanda, ocorreu fato que o celebrizou: estava em curso a Revolução Constitucionalista de 1932, quando ele se recusou a visar documentos consulares destinados ao embarque de armas, que o governo Vargas usaria para combater soldados paulistas. Em carta, de próprio punho, ao presidente, explicou que “não contribuiria para o morticínio de jovens brasileiros que arriscavam a vida na restauração da legalidade”.




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