quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A política e as nuvens

É pela capacidade que tem a política de gerar fatos novos, quando menos são esperados, que se costuma dizer que ela é como as nuvens: olha-se para o céu, agora são uma coisa, daqui a pouco já mudou tudo. A frase é atribuída ao ex-governador Magalhães Pinto, mas quem a pronunciou pela primeira vez foi Raul Soares. Não importa, porque o que vale é a versão, não o fato, como disse José Maria Alkmin, que também copiou de Gustavo Capanema a famosa frase...
Mas a imagem veio à lembrança nesta semana, quando a morte do senador Eliseu Resende criou o primeiro fato-surpresa para a política mineira. O suplente que assume sua vaga é Clésio Andrade, e por isso desde agora, sob os holofotes da mídia, candidato certo em 2014 à sucessão de Anastasia, que estará impedido de disputar uma nova reeleição. Clésio foi vice-governador no primeiro mandato de Aécio, já tentou disputar o Palácio da Liberdade e controla a mais poderosa confederação brasileira, que reúne empresas de transporte. Com quatro anos para executar seu projeto, é evidente que não deixará escapar a oportunidade, por mais que sejam muitas as nuvens que ainda possam passar.
Sobre Eliseu, que padecia de câncer, dias antes de sua morte ele havia conversado brevissimamente com um jornalista da cidade, lamentando o fato de a mesma doença haver atropelado o destino do ex-prefeito Mello Reis, com quem gostaria de ter conversado. Os dois ficaram com o nome ligado a uma das mais importantes obras de Juiz de Fora na segunda metade do século passado, a passagem de nível inferior da Rio Branco, conhecida como Mergulhão.


Faltou dizer

Tirante a inevitável formalidade de um discurso de posse presidencial, que é sempre a pregação de boas intenções, o pronunciamento inicial da presidente Dilma não deixou de sofrer reparos, principalmente da parte de quem observou que nem sempre suas palavras confirmaram o que se prometia. O jornalista Dionísio Silva, em seu artigo “Primeiros Silêncios”, lembra que ela prometeu não alimentar ressentimentos e rancores, mas só fez elogios a Lula, “não reconhecendo os méritos de Itamar e FHC, que arrumaram o País que Sarney e Collor, aliados dela e de Lula, esculhambaram”.

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