Poucos dias antes de sua hospitalização, num encontro que estávamos longe de imaginar que seria o último, perguntei a Itamar Franco se lhe fosse possível, diante de tantos compromissos assumidos durante a campanha, cumprir apenas um – nada além de um – disse que se sentiria feliz se pudesse contribuir para uma lei que garantisse ao cidadão o seu primeiro direito, o direito à privacidade. Preocupava-o o fato de a tecnologia dos tempos atuais correr tão rapidamente, que já não se consegue mais impedir a violação de dados pessoais. Até mesmo um satélite, do espaço sideral volta-se para a cidade, para a rua, para a casa de uma pessoa, arranca imagens das salas e dos quartos e, em seguida, disponibiliza tudo isso à avidez do mundo.
“Se falo das questões que interessam, indistintamente, a todos os brasileiros, estejam eles onde estiverem, seja qual for seu status social, destaco esse problema, cuja pertinência se acentua no dia dia das pessoas: a preservação do direito à privacidade”, disse ele, ao manifestar a disposição de aprofundar a discussão sobre o tema e indagar o que tem a nos dizer sobre isso o Código Penal.
Itamar havia percebido que já não é mais suficiente pedir abrigo ao Artigo 5º da Constituição Federal, que define a individualidade. Cabe buscar caminhos que assegurem a vida privada na sua essência, “a despeito dos bancos de dados, das mensagens não desejadas, do GPS, do google-earth ou quaisquer outros instrumentos existentes ou projetados”.
Ainda refletindo sobre o problema, o senador lembrava a luta de gerações anteriores para retomar as perdidas liberdades de expressão, de ir e vir, de decidir politicamente. “Agora, a luta que se há de travar é pela privacidade, pois sem ela não há respeito, não haverá dignidade”, acrescentou.
Sobre essa preocupação, Itamar certamente morreu pensando no que havia sentenciado Ayn Rand (1905–1982 ): “A verdadeira civilização só se for em direção à privacidade. Toda a existência do selvagem é pública, regulada pelas leis de sua tribo. A verdadeira civilização é o processo da libertar o homem dos homens”.
O novo PV
O Partido Verde entra, nesta semana, na anunciada fase de reestruturação da comissão provisória de Juiz de Fora, podendo acontecer, com a brevidade possível, sua transformação em diretório, o que lhe dará maior poder de articulação política. Quanto aos nomes convidado para integrar o comando, sabe-se apenas que a presidência será ocupada por Sidnei Scalioni, que administra a Acispes, o mais importante e bem sucedido projeto de assistência médica para as populações de baixa renda.
Em relação ao PV, a semana deixa em aberto outra questão: o que sucederá ao partido ao se confirmar a desfiliação da senadora Marina Silva?
Elvira ausente
A ex-deputada Maria Elvira, que no mês passado deixou o PMDB, esteve em Juiz de Fora no fim de semana, hóspede do empresário Pedro Halfeld. Distante da política partidária, ela tem se dedicado a projetos ambientais e divulgação dos programas de cavalgadas ecológicas.
Na sua passagem pela Câmara, marcada principalmente pelo esforço para engajar as mulheres na vida política, ela também se destacou como autora da lei que determinou aos partidos destinar a representantes femininas 30% das vagas em chapas de candidatos em eleição proporcional.
Espaço às ideias
A partir da edição de hoje, e em todas as segundas-feiras, o TER Notícias terá espaço destinado à publicação do pensamento e das ideias de personalidades convidadas. A iniciativa vem atender uma das propostas do jornal, que é acolher a palavra de quem pode contribuir para o enriquecimento da política, da cultura e do bem estar da população. Para cumprir uma tradição da imprensa, quem abre a série é o primeiro representante da cidade, o prefeito.
Novo conselho
Instala-se hoje, em Belo Horizonte, o conselho político do PMDB, destinado a ajudar o partido a coordenar soluções que impeçam correntes internas de radicalizar seus interesses. Esse conselho resulta de uma sugestão do vice-presidente Michel Temer, a quem havia sido levada a preocupação de peemedebistas mineiros em relação às divergências do deputado Newton Cardoso com a executiva estadual. Newton aplaudiu a solução.
Outros tempos
Hoje, quantos serão os cafezais na zona rural de Juiz de Fora? Há quem diga que nem mesmo para o consumo da família do produtor floresce um único pé. A rubiácea que aqui se bebe vem do Sul de Minas ou de São Paulo.
O dado vale, a título de curiosidade, para lembrar que há 90 anos, ao anuncia que a safra anual de Minas havia atingido 3,8 milhões de sacas, a Junta de Corretores de Mercadorias do Rio de Janeiro anunciava que de Juiz de Fora estavam saindo 120 mil sacas.
(( publicado também na edição de hoje do TER NOTÍCIAS ))
Nenhum comentário:
Postar um comentário