terça-feira, 13 de março de 2012

A cilada da eleição proporcional

Os candidatos a vereador podem ser vítimas de muitas surpresas desagradáveis, uma das quais os escorregões nas disputar internas, mas nenhuma delas é mais cruel que a proporcionalidade, que elege os menos votados e relega à suplência os preferidos das urnas. Não cabe prever quando uma reforma política poderia corrigir a distorção, o que serve para o candidato que reúne maiores chances estar atento ao risco de servir de trampolim para os mais pobres de votos.
Em todo o Brasil, há centenas de casos em que as eleições produzem injustiças, dando vitória a quem não a merece, e por isso clama-se pelo fim das proporcionais, a fim de que se elejam os mais votados. Em Juiz de Fora, a atual legislatura serve de exemplo, como Antônio Braga disse em artigo de protesto publicado na segunda-feira. Nove dos atuais vereadores têm cadeiras porque foram contemplados pela proporcionalidade. Três candidatos – Vanderlei Tomaz. Romilton Faria e Juracy Scheifer – tiveram mais votos (cerca de 3.000 cada um) e não assumiram.
A enciclopédia eletrônica define bem o sistema eleitoral proporcional : “Na eleição proporcional são eleitos os vereadores e os deputados estaduais e federais. Por esse sistema, o total de votos válidos é dividido pelo número de vagas em disputa. O resultado é o quociente eleitoral, ou o número de votos correspondentes a cada cadeira. Ao dividir o total de votos de um partido pelo quociente eleitoral, chega-se ao quociente partidário, que é o número de vagas que ele obteve”.


A base da rebelião

A rebelião na base de apoio ao governo Dilma ainda não dá indícios de ter solução imediata, como reconhecem colaboradores políticos da presidente. Há entre eles uma avaliação consensual: os problemas nascem e prosperam por causa da fome de poder do PMDB. Com isso, o governo vive na posição de equilíbrio instável com sua bancada no Congresso Nacional, embora majoritária, por culpa das mudanças de humor do seu principal partido aliado.
E assim a oposição, embora minoritária, vai conseguindo impor eventuais derrotas ao governo e aos poucos descobrindo o caminho por onde pode equilibrar o jogo no Congresso. Está claro que a fragilidade da base de apoio do governo é a volúpia fisiológica dos partidos.
O governo precisa ficar atento, porque no foco da rebeldia veem-se três dedos poderosos e vingativos: Sarney, Renan e Jucá.


Encontros regionais

O PTdoB foi o primeiro a promover encontro regional em Juiz de Fora, depois o Pátria Livre. Quase todos os partidos têm planos de reunir aqui representantes de seus diretórios, mas em uma primeira fase, até abril, esta será uma preocupação quase exclusiva dos que não terão candidatos próprios, enquanto começam a articular alianças. Os grandes partidos, entre eles PMDB, PSDB e PT, preferem reuniões mais próximas das convenções, quando então saberão até que ponto vai sua capacidade de articular acordos, o que também depende do ”ensaio” dos menores.
Os três são exatamente os que já consideram decidido que terão candidato próprio à prefeitura de Juiz de Fora.


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No esforço que a Assembleia mineira pretende realizar, com o objetivo de sensibilizar os jovens para o exercício do voto, é preciso atentar para o detalhe essencial: os moços jogam a política e os políticos no mesmo balaio de suas decepções. O mal está em generalizar.

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Três pontos para refletir

1 - Acreditar que o processo relativo ao escândalo do mensalão no governo Lula poderá ser julgado pelo STF neste semestre é uma ingenuidade do ministro Fux. Em 2012 temos ano eleitoral e haverá injunções políticas junto ao 'tribunal político', que é o STF, para procrastinar qualquer sentença para o ano que vem.
2- A possibilidade de o PDT continuar com o mando no Ministério do Trabalho, através do deputado Brizola Neto, tem um efeito simbólico significativo, pois poderá expressar o ideário trabalhista de Leonel Brizola, que fundou o PDT.
3- A reforma política continua em banho-maria. A Comissão Especial, em que se considere o esforço de ampliar as consultas, tem consumido o tempo. Dificilmente o Congresso vai querer mudar as regras que beneficiaram a eleição dos atuais deputados, e assim sempre será. Uma Constituinte exclusiva poderia cuidar de reformas complexas, entre elas, a política.


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De Memória

Mudança de sexo

Uma reunião sui generis na Sociedade de Medicina e Cirurgia de Juiz de Fora ocorreu em 20 de setembro de 1978. Foi o dia da conferência do dr. Roberto Farina, em sala fechada, proibida a presença de jornalistas e recomendado aos presentes que não fizessem anotações. Farina acabava de se tornar pioneiro em operações para a mudança de sexo, e havia sido instado pela Justiça a interromper essa prática, o que contestava com veemência. Mesmo com a proibição, houve jornalista que gravou a conferência e ouviu o cirurgião dizer que “vale contrariar o sexo genético e ter indivíduos psicologicamente ajustados”. Para ele, “o pênis é o erro da natureza frente a uma alma feminina.”
Quando terminou a conferência, uma mulher o esperava para apresentar o filho homossexual candidato à mutilação.



(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

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