domingo, 4 de março de 2012

Reforma: um passo à frente

Se não vier qualquer imprevisto – e em política os imprevistos são facilmente previsíveis - a comissão especial da Câmara que trata da reforma política começa a votar, amanhã à tarde, o relatório do deputado petista Henrique Fontana. A primeira dúvida é se haverá quorum suficiente, embora se soubesse, ontem à tarde, que havia deputados suficientes em Brasília.
O relatório abre os caminhos da reforma propondo o sistema proporcional de lista flexível e o modelo de financiamento público de campanha eleitoral.
Nos últimos dias ampliaram-se as possibilidades de aprovação da matéria, diante da garantia de que, quaisquer que sejam as decisões, elas serão submetidas a um plebiscito, antes de terem valor para as eleições de 2014.


PTdoB define
apoio a Júlio

No encontro que promoveu, no fim de semana, na Câmara Municipal, com 16 representantes do partido na Zona da Mata, o PTdoB confirmou seu apoio à candidatura do deputado Júlio Delgado à prefeitura, decisão que foi explicada pelos dirigentes como resultado das boas relações do partido com o PSB, ao qual pertence o deputado. Esse entrosamento também é visível em Juiz de Fora, pois o PTdoB funciona junto ao escritório político do deputado, na Rua Machado Sobrinho, o que foi confirmado pelo coordenador local, ex-vereador Gilberto Vaz de Melo. A esperada presença do presidente nacional do partido, Luís Tibé, não aconteceu. Ele alegou estar viajando.
Com duas horas de duração, a primeira das quais destinada a esclarecer dúvidas sobre os procedimentos em campanha, a reunião deixou claro que os dirigentes estaduais poderão esbarrar em dificuldades para impor alianças em alguns municípios, por causa de divergências locais e os interesses políticos nem sempre convergentes. O representante de Rio Pomba, José Lucas, disse que ele e seus companheiros não aceitam apoiar qualquer dos quatro candidatos já anunciados naquele município, e prefere ser destituído a aceitar aliança com um deles.
Nos minutos finais, o deputado Júlio Delgado visitou os participantes do encontro regional, e anunciou que em seu projeto de chegar à prefeitura o PSB já conta com apoio de mais três partidos, que ele não revelou. O discurso também foi ouvido por militantes de outros partidos, como PSD, PSL e do PCdoB.



O bom exemplo

Na contramão da gulodice de muitas câmaras municipais de Minas, a de Dores do Indaiá decidiu, com o voto unânime dos vereadores, não aumentar, mas reduzir os subsídios, não apenas de seus integrantes, mas também os do prefeito e do vice-prefeito. Estabeleceu-se que o prefeito, que ganhava R$ 16.200,00 vai agora para R$ 10.000,00; o vice-prefeito foi reduzido de R$ 8.100,00 para R$ 2.500. Quanto aos vereadores, o subsídio desce de R$2.900,00 para R$ 2.500,00.
Ficou decidido que o dinheiro que se vai economizar será aplicado em obras municipais.



Esforço para
enterrar Deus

Parecia que o assunto já estava superado, depois de tantos fracassos, mas eis que um procurador da República reacende a discussão. O Estado é laico e, portanto, não pode contemplar manifestações de amor a Deus. Sua preocupação central está na expressão “Deus seja louvado” nas notas de dinheiro, porque o Estado tem de estar fora das questões metafísicas. Claro, esse novo esforço para sepultar Deus acabará como acabaram as tentativas anteriores: esquecimento.
Interessante é que os ferozes defensores da extinção de Deus nas cédulas e os que pedem a remoção dos crucifixos das paredes oficiais nada falam sobre o fim dos feriados religiosos, do descanso prolongado da Semana Santa ou das festas de Natal. Quanto a esses, nenhum protesto.
Afastar o povo de suas tradições e sentimentos da religiosidade seria um esforço inútil, aqui e em todo o mundo. Nos Estados Unidos grandes símbolos inscrevem “em Deus confiamos” e os ingleses não cansam de dizer “Deus salve a rainha”. Como indaga o juiz federal Marcelo da Costa, proibidos os nomes religiosos, como faremos com São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo?
E, afinal, como lidar com a Constituição ”inconstitucional”, que já no enunciado se evoca ”sob a proteção de Deus”?


Teocracia

Bastou a presidente Dilma entregar o Ministério da Pesca ao senador e bispo licenciado (sic) Crivella para que outros setores evangélicos manifestassem desejos parecidos; porque essa história de”irmãos em Cristo” não funciona quando chega a hora de dividir poder político. O PSC, partido do pastor Everaldo, mandou dizer ao Planalto que ficaria feliz em ganhar o Ministério do Trabalho, e para tanto denuncia logo o principal concorrente, o PDT, acusado de não ser fiel à base do governo.
A presidente está assumindo a responsabilidades de dar os primeiros passos para uma teocracia disfarçada.

__

De Memória

Israel e JF

Israel Pinheiro, eleito governador depois de ter sido o principal executivo na construção de Brasília, não era de Juiz de Fora, mas teve sua longa história política iniciada aqui. Em 1933, na Fazenda da Floresta, onde Olegário Maciel e Antônio Carlos haviam se reunido para formar a lista de candidatos do PRM para a Constituinte, três anos depois, Olegário manifestou interesse em lançar um “jovem engenheiro, filho de João Pinheiro, que cuidava da cerâmica da família em Caeté”. No dia seguinte, Antônio Carlos despachou para aquela cidade o delegado Pedro Mendes, para convocar Israel a Juiz de Fora, onde foi oficialmente convidado. Disputou e ganhou.

(( PUBLICADO NA EDIÇÃO DESTA SEGUNDA-FEIRA DO TER NOTÍCIAS ))

Nenhum comentário:

Postar um comentário