Não constitui novidade em Juiz de Fora a intuição agora revelada pelos dirigentes do PSDB de que na eleição dos prefeitos, em outubro, é preciso dar importância à radicalização da disputa com o PT. Pode ser novidade para 14 municípios de expressão eleitoral que hoje são administrados por petistas ( Ubá é o caso único na Zona da Mata), mas em relação ao quadro local o que os tucanos sempre estimaram no projeto de reeleição de Custódio Mattos é a reedição da disputa, no segundo turno, da corrida que empreenderam com os petistas.
Mas há um detalhe, que também é o diferencial: se em 2008 a radicalização entre os dois partidos foi importante, muito mais agora, quando a escolha ficará como indício do comportamento do eleitorado dois anos depois, quando chegar a hora de ser escolhido o novo presidente da República.
O jogo, contudo, não se encerra só com os planos dos tucanos,que torcem para a radicalização, porque ela também será a via pela qual poderá transitar o prestígio da candidatura de Margarida Salomão junto ao PT nacional e ao governo federal. É claro. Se o PSDB quer radicalizar para favorecer o projeto presidencial de Aécio Neves em 2014, os petistas, também de olho na presidência, terão de prestigiá-la.
Sendo assim, a campanha estaria destinada a ter duas marcas profundas, ambas com prós e contras: haveria um debate sobre as grandes questões nacionais, o que seria inevitável se PT e PSDB trabalharem com vistas a 2014; e, como fator negativo, o empobrecimento das discussões em torno dos problemas da cidade.
Faltam sete meses.
As peças começam
a se movimentar
Está na lei. Eleição no Brasil é em 3 de outubro, mas sempre transferida para o domingo mais próximo, desde que esse domingo não esteja fora de outubro. Neste ano, os eleitores vão às urnas no dia 7, o que significa que estamos hoje a exatos sete meses da definição dos nomes para a prefeitura e a Câmara.
Da mesma forma como não se pode dizer que já temos sinalizadas as primeiras definições, é preciso considerar também que as peças começam a ser movimentadas, através de consultas interpartidárias e ensaios de candidatos que fingem disposição de concorrer, mas apenas desejando participar do processo. É uma fase que pode acabar se estendendo até os primeiros dias de junho, mês em que são realizadas as convenções.
A 210 dias das eleições não se sabe quantos serão os candidatos a prefeito, nem quais serão as coligações na proporcional. Nem qual o exato volume do colégio eleitoral. Mas dentro de um mês a situação pode estar diferente.
Decisão tomada
Dois municípios mineiros, Patos de Minas e Juiz de Fora, estão entre os primeiros que o PMDB impõe a candidatura própria à prefeitura. Não constitui novidade, mas a exigência acaba de ser confirmada em reunião da executiva estadual presidida pelo deputado Antônio Andrade. Para entrar nessa luta são indicados os deputados Antônio Júlio e Bruno Siqueira.
Divergências
Têm interpretações diferentes as datas estabelecidas pela legislação eleitoral para que se desincompatibilizem os ocupantes de cargos públicos que pretendem disputar em outubro. Saem em abril, maio ou junho? No PSB há quem sugira que, para evitar surpresas, melhor é sair o quanto antes...
O vereador Isauro Calais diz que estudou a lei e não tem dúvida de que, ao contrário do que já se divulgou, ocupantes de cargos de confiança do prefeito, terão de estar desincompatibilizados até 7 de abril, e na 7 de junho.
Santos banidos
Quando o juiz federal Marcelo da Costa reage à campanha que deseja a retirada do nome de Deus das cédulas de dinheiro e o banimento dos nomes de todos os santos, sob o pretexto de que o estado é laico, ele indaga o que fazer em referência a São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo. E indagamos nós: o que fazer com quase 40 bairros e ruas que em Juiz de Fora têm nomes de santos?
Caçada longa
A decisão do Tribunal Superior Eleitoral de que para outubro também estão impedidos os que tiverem rejeitadas contas de campanhas anteriores vai obrigar os TREs a trabalhar muito e ligeiro. Haverá correria para o levantamento de todos os casos. É uma tarefa exaustiva, porque há os candidatos condenados, mas também os casos que estão em grau de recurso.
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De Memória
Revista da rua
Pelo que se sabe, pelo menos no Brasil nunca circulou uma revista dedicada apenas a uma rua. Pois em maio de 1936 um grupo de intelectuais se reuniu ao desenhista Lauro Campos para editar a “Rua Halfeld”, que falava dos homens e das mulheres que trabalhavam, criavam e cantavam em prosa e verso a artéria que, não é de hoje, oxigena o coração de Juiz de Fora. A Halfeld, já se dizia na época, tinha alma, era a própria vida da cidade.
A publicação quase chegou a um ano. Coube a Dormevilly Nóbrega preservar a coleção, depois transferida à Universidade Federal.
(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))
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