domingo, 11 de março de 2012

A crise que há

O governo reconhece, pela palavra do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral, que há uma crise de convivência com a base parlamentar. Se reconhece, dá o primeiro passo para tentar contorná-la, embora ainda sem saber exatamente como proceder, porque o problema resulta das insatisfações do PMDB que quer mais cargos e melhores posições. Mas o governo tem razões para supor o seguinte: tão logo dê os cargos pretendidos, o partido virá com mais uma lista de exigências.
A crise resultou de uma pequena, mas significativa demonstração de descontentamento, ao se ver derrotada na Câmara a indicação de Bernardo Figueiredo para a Agência Nacional de Transporte Terrestre. A presidente Dilma ainda não havia sofrido derrota assim.
A solução do impasse, que é assunto para dominar a semana, requer tato e paciência, porque embora o foco esteja centrado no PMDB, é através dele que outros partidos vão “botando as manguinhas de fora”, como no passado eram definidos os rebeldes parlamentares. E mais que tudo, a paciência; a mesma paciência que faltou a Fernando Collor nas divergências com o Congresso. E deu no que deu.


Ausência ilustre

Disputando rebeldias com o câncer que o atormenta, indisciplinado nas prescrições médicas, o ex-presidente Lula, que já se diz “de saco cheio” com o tratamento a que está sendo submetido, vem sinalizando a possibilidade de acabar ausente dos momentos altos da campanha eleitoral em que o PT mais vai precisar de seu concurso. Já sob restrição de visitas, para ter de falar menos e não sacrificar a garganta, ele se irrita, na medida em que vai indicando um índice de vulnerabilidade imunológica que pode não estar vencida antes da fase aguda da campanha. Não sendo vencida essa fraqueza, a proibição virá, com toda certeza.
Os petistas têm dupla razão ao se preocuparem diante desse risco. Ao mesmo tempo em que podem ver afastado o seu mais importante produtor de votos, enfrentariam a indisposição da presidente Dilma de assumir a tarefa, que não faz muito o seu gênero.




Justiça mais ágil

A deputada estadual Luzia Ferreira, que em sua eleição recebeu 2.000 votos do PPS de Juiz de Fora, anunciou que vai ser criada na Assembleia Legislativa uma comissão especial de trabalho destinada a estudar e propor medidas capazes de agilizar a proteção e o socorro às mulheres que são vítimas de violência em Minas. No estado há recursos para a assistência, mas o grave problema é que na maioria dos casos eles chegam com atraso.


Encontro com o PDT

O prefeito Custódio Mattos teve longa reunião com o presidente Vitor Valverde e outros membro do PDT, que começou com visita às obras que estão sendo realizadas bairros, e, terminando, um almoço de confraternização. O PDT foi o primeiro partido a apoiar Custódio na eleição de 2008, deu-lhe o vice-prefeito na chapa, Eduardo Freitas, e vai renovará o apoio na eleição deste ano.
No encontro, realizado na sexta-feira, presente o vice-presidente do diretório, Renato Loures, que também comanda a provedoria da Santa Casa, Custódio recebeu a confirmação de que a instituição vai ampliar os espaços do hospital.


Salas apertadas

Um assunto que na semana passada contrariou educadores de Juiz de Fora também fez parte de discussões no Congresso Nacional, por conta de projeto do senador pernambucano Humberto Costa, que pretende limitar o número de alunos numa mesma sala, tanto no ensino fundamental como no secundário. Ainda que a propositura admita alterações em obediência a diferenças regionais, fica estabelecido que nos dois primeiros níveis não poderão estar mais de 25 alunos em cada sala.
Minas tem sido mais tolerante na fusão de classes na rede pública, o que gera protestos.



Grandes devedores

Na coluna, foi recente o cálculo sobre o montante das dívidas dos estados com a União, o que estaria em torno de R$ 360 bilhões. Mas o senador Aécio Neves corrige e diz que elas já atingiram o patamar de R$ 398 bilhões. São compromissos impagáveis, com agravante: os devedores são 23 estados, o que nos remete a um problema que afeta a Federação.
Ao comentar que essa dívida inibe serviços essenciais, a começar pela Saúde, o senador mineiro propõe que se estude um novo indexador.





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De memória


Reale e o sindicato

Sindicato cuidando de política é coisa que não dá certo, disse o jurista Miguel Reale, presidente do Instituto Brasileiro de Filosofia, quando veio a Juiz de Fora, no dia 8 de março de 1982, para pronunciar a aula inaugural da Faculdade de Direito. Os anos seguintes mostrariam que o fator partidário mais importante seria exatamente o atrelamento do sindicalismo à organização política, do que resultaria a ascensão do PT ao poder. Reale supunha o contrário, ao analisar que “o Partido dos Trabalhadores se endeusou, mas não tem identificação nacional, mas apenas com uma classe específica”.
Ele entendia que ”os sindicatos devem estar distantes das lutas políticas”, para não dificultar um tempo em que elas estavam chegando: “tempo de muita criatividade”, previa.


(( publicado na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))

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