Há anos que o movimento militar de 1964 fica sem grandes comemorações em 31 de março, quando foi deflagrado para derrubar o governo do presidente João Goulart. As celebrações geralmente se restringem a alguns quartéis, mas também aí com discrição, evitando que sirvam de pretexto para discussões e caça aos culpados.
Pairam dúvidas em relação à passagem do 48º ano, dentro de 10 dias, porque há fatos que podem estimular e reacender velhas divergências: de um lado as pressões para que sejam denunciados os torturadores; de outro lado, o mal-estar entre militares da reserva e o Ministério da Defesa.
Clésio não é
só solução
Com a grande festa que se promoveu em Belo Horizonte para a filiação do senador Clésio Andrade ao PMDB abre-se ao partido a expectativa de disputar o governo do estado, dentro de dois anos, sendo ele próprio um nome para assumir a missão. Se for essa a sua disposição, terá de começar a remover arestas de setores partidários do interior ainda não simpáticos à sua filiação.
De fato, o senador, estando no PMDB, traz algum desconforto para militantes históricos do partido. Para rememorar: em Juiz de Fora, o ex-prefeito Tarcísio Delgado externou, meses atrás, através do seu blog, certa discordância quando então era cogitada essa filiação.
Entre históricos, poderão estar igualmente constrangidos alguns petistas, pois o senador sempre foi aliado dos tucanos mineiros.
Campanha sem
a presidente?
A presidente Dilma disse, e voltou a dizer, que não participaria da campanha eleitoral onde estejam disputando candidatos de partidos que integram a base de apoio ao governo. O que faz pensar que provavelmente estará ausente da campanha em Juiz de Fora no primeiro turno, pois nessa primeira rodada estarão em disputa PT, PMDB e PSB, partidos aliados à sua administração; isto, se as pré-candidaturas forem mantidas até lá, pois ações pretenderiam a retirada das candidaturas de Bruno Siqueira (PMDB) e Júlio Delgado (PSB) para que a polarização entre PSDB e PT se dê já no primeiro turno.
Acham os tucanos que a candidatura do PT é a adversária preferida. Já os petistas consideram o candidato tucano à reeleição o adversário ideal, com base em pesquisas. Se esse cenário acontecer, antecipa-se a decisão já no primeiro turno, e então a presidente poderá vir antes de 7 de outubro.
Sobre os prazos para
desincompatibilização
Diferentes interpretações e a confusão gerada por inúmeras consultas feitas aos tribunais pelos partidos têm causado suspense em relação aos prazos que devem ser cumpridos para a desincompatibilização. São os prazos que a Justiça Eleitoral impõe a quem, pretendendo disputar em outubro, ocupa cargo público e dele tem de se afastar. Segundo a expectativa de alguns partidos que encaminharam consultas, o Tribunal Superior Eleitoral deverá prestar esclarecimentos até a próxima semana, porque algumas desincompatibilizações terão de ser comunicadas até 7 de abril. As dúvidas se referem aos titulares de cargos que têm de sair naquele dia ou em 7 de junho.
Na prefeitura, alguns funcionários que disputarão a vereança devem se afastar no começo da Semana Santa.
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O corpo de Celso Romualdo, 64, foi sepultado ontem cedo, no Parque da Saudade. Militante em vários partidos, ele trabalhava agora na coordenação regional do PSD, partido do prefeito Kassab. Celso serviu, como assessor, nos gabinetes dos deputados Amílcar Padovani e Eduardo Azeredo.
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Mais de 200 prefeitos (certamente não tantos como os 360 divulgados pelo partido) foram a Belo Horizonte para assistir ao ato de filiação do senador Clésio Andrade. Sendo ele o dono da festa, não passou despercebido o prestígio de Newton Cardoso. O ex-governador era disputado pelos prefeitos, que queriam se fotografar ao seu lado. Material de campanha.
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De Memória
Missão impossível
No segundo semestre de 1964, políticos e entidades empresariais estavam mobilizados junto ao governo federal, para tentar conseguir a permanência da sede da Quarta Região Militar, que aqui se instalara 40 anos atrás. Mas a transferência para Belo Horizonte já estava decidida, e se daria pouco depois. A derradeira tentativa foi feita junto ao então ministro da Guerra, general Costa e Silva, que prometeu estudar a reivindicação ao receber uma comitiva de Juiz de Fora. O ministro, depois presidente, recebeu os deputados Olavo Costa, Abel Rafael Pinto e José Bonifácio e os radialistas Paulo Emerich e Rubens Furtado. Da delegação só Emerich é vivo.
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(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))
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