Em Juiz de Fora, tal como se dá em S. Paulo, a eleição municipal está sendo antecedida pela movimentação dos antigos caciques. Lá, o ex-presidente FHC entrou no processo para assegurar a continuidade do PSDB no poder. Aqui, Tarcísio Delgado, prefeito por três mandatos, entra em cena com disposição. Após a morte de Itamar Franco, ele é o político mais influente da cidade, e seus passos precisam ser acompanhados. Já falou algo em relação à candidatura de Bruno Siqueira, que é uma ponderação sintomática: “ ele é muito jovem..." Sinaliza que o PMDB quer ser soberano na decisão de haver candidato próprio ou caminhar para outra candidatura. Tarcísio defende que Bruno Siqueira e Júlio Delgado façam um acordo, para que haja apenas uma candidatura, o que aumentaria a chance de vitória. Enfim, ele revela sua opinião, mas, se ambos quiserem manter as candidaturas, que assumam as responsabilidades.
Pelo que se ouve nos meios peemedebistas, dificilmente a candidatura de Bruno Siqueira será retirada, consolidada por uma parcela do diretório local, estimulada por resultados de pesquisa que ela encomendou, prometendo um possível segundo lugar, que o levaria para a disputa final. Mas as pesquisas de opinião são "fotografias de um tempo presente", e com o passar do tempo as coisas podem mudar. Quando a campanha começar de fato, daqui a uns três meses, ela trará um ingrediente emocional. Pode ser que a paternidade fale mais alto, e esteja influenciando o raciocínio político do ex-prefeito.
Nada ao telefone
Esse encontro de FHC com Lula não parece apenas o gesto de respeito e solidariedade entre os dois recentes ex-presidentes da República. Embora o gesto esteja significando muito no imaginário simbólico da nação, como a importância do entendimento político acima das divergências ideológicas, é possível que FHC tivesse algo importante para dizer in off a Lula ou vice-versa. Marcaram o encontro em um hospital, para que o ambiente de privacidade fosse assegurado.
Suficientemente sabidos, sabem que certos assuntos não podem ser tratados pelo telefone. A propósito desse cuidado, para não se sofrer o mesmo que está sofrendo o senador Demóstenes, atribui-se a Tancredo Neves advertência de que nada se trata ao telefone. Avesso às conversas por telefone, ele ensinava que o instrumento serve, no máximo, para marcar encontro, de preferência no lugar errado.
DEM faz aliança
A direção estadual do DEM pretendeu estimular a comissão provisória de Juiz de Fora a entrar na campanha eleitoral com candidato próprio a prefeito, considerada a importância do município. Mas o presidente da comissão, ex-vereador Romilton Faria, demonstrou que o partido não dispõe de estrutura suficiente para um projeto político dessa envergadura.
Hoje, o DEM já se definiu pelo apoio à reeleição do prefeito Custódio Mattos, e é a decisão que será romada na convenção de junho.
Romilton afirmou ontem, em entrevista, que seu partido tem “duas razões básicas para ficar com Custódio: a probidade e o volume de obras em execução”.
Anistia difícil
A proposta veio no final do ano passado, mas até hoje o Tribunal Superior Eleitoral não tomou conhecimento dela: anistia de multas e outros ”castigos” em favor dos que deixaram de participar dos últimos pleitos e não justificaram a ausência, desde que possam comprovar presença nas urnas de outubro próximo.
O que tem estimulado a ausência, além dos desencantos e restrições que se fazem aos políticos, é a multa simbólica que se aplica a quem deixa de votar: nada mais que o valor de duas latinhas de cerveja.
Fé no programa
Estão em alta os colégios eleitorais em que votam mais de 200 mil pessoas, entre os quais nos incluímos. Primeiro, foi o PMDB a querer que nesses casos haja candidato próprio a prefeito. Depois, o PSDB e o PT, argumentando com base no mesmo patamar, nem admitiram discutir projeto diferente. O DEM e o PR chegaram a pensar na raia própria.
Em todos os casos, identificada a tentativa de impedir que a eleição deste ano se restrinja ao embate municipal, os partidos revelam estar de olho em 2014, e para isso é essencial que, num primeiro passo, estejam bem estruturados nos grandes
municípios.
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De Memória
Risco da guerra
Não faltou quem achasse graça e preocupação pretensiosa do prefeito Raphael Cirigliano, quando na manhã de 7 de abril de 1942 ele convocou uma reunião de emergência em seu gabinete, com a participação de militares e representantes da sociedade civil, para debater o que fazer, caso de Juiz de Fora fosse bombardeada por aviões da Alemanha, Itália ou Japão. Mas o que pareceu “mania de grandeza” fazia algum sentido, pois na cidade acabava de ser instalada a FEEA, produtora de armas e munições de guerra, exatamente para dar combate aos países do Eixo. Certamente que em tais circunstâncias não fazíamos parte das simpatias deles...
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(( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))
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