segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
O exemplo bendito
Semana depois de ter anunciado disposição de renunciar, o que fará formalmente no próximo dia 28, o Papa Bento XVI tem sido elogiado pelo espírito de desapego e superioridade acima do poder temporal. Ao declarar que não se sente mais com forças suficientes para administrar o Sólio Pontifício e liderar 1 bilhão de católicos em todo o mundo, ele se transformou num símbolo de desprendimento por uma posição de prestígio universal; e nesse sentido serviria de exemplo, sobretudo para os políticos, que se agarram de unhas e dentes a seus cargos, e de tudo são capazes para não perdê-los.
Diferente e convergente
Mas o episódio da renúncia leva a uma reflexão comparativa, não menos importante, de imensa utilidade, não apenas para quem exerce função pública, mas qualquer pessoa tentada a desistir na rota da vida, onde se espalham mil e uma ciladas e dificuldades. Aí entra João Paulo II, que deixou uma outra lição: é preciso resistir e ir até o fim. No caso desse grande Karol Wojtyla, o que se viu foi a vitória da coragem sobre as seguidas tentações para ceder e parar.
João Paulo levou seu calvário até o fim. Resistir foi o exemplo. Porém, Bento concluiu que melhor é parar, porque as energias que lhe faltam são as forças reclamadas por uma Igreja que se deseja mais ligeira nas decisões e nas atitudes.
Uma dupla lição
Um por resistir, o outro por se retirar, João Paulo II e Bento XVI constituem, cada qual na sua maneira de interpretar as responsabilidades com o Evangelho, um exemplo para todos os homens, a começar pelos políticos, mas não apenas eles. A aventura humana é capaz de criar desafios e situações em que tanto desistir como prosseguir são atitudes que levam a Deus. Depende de quem e para quê.
Interessante: tão diferentes na visão das responsabilidades que lhes foram confiadas, esses dois papas são rigorosamente iguais no objetivo último e maior.
Sobre reforma
Ontem, durante a sessão de prestação de contas que a Assembleia Legislativa promoveu na Câmara, alguns políticos quiseram saber, e os deputados não souberam informar, sobre a esperada reforma no secretariado mineiro. O governador parece não ter pressa, e há quem considere que ele já nem pensa mais no assunto.
A propósito, a Epamig está há quatro meses sem presidente. Quem responde interinamente é Paulo Romano, que se tornou célebre como deputado, ao dar o voto que consolidou o impeachment do presidente Collor.
Um teste
Em março, a Associação Mineira de Municípios vai eleger seu novo presidente, cargo disputado pelos prefeitos de Barbacena, Toninho Andrada ( PSDB), e de Pará de Minas, o peemedebista Antônio Júlio.
A campanha pelo cargo vai além de projetos pessoais. Torna-se uma luta entre os dois partidos. Andrada, com uma proposta regional, já esteve em Juiz de Fora para pedir o apoio de Bruno, mas o partido do prefeito, PMDB, também quer esse voto. É um teste político.
Tempo ao tempo
Dividem-se os tucanos em dois times diferentes. Um deles defende que a oposição deve entrar logo em campo para mostrar suas ideias, independentemente do adversário a enfrentar. Outros, ao contrário, consideram que ainda é cedo para saber como agir na campanha de 2014. Para estes, é preciso conhecer o volume dos problemas e das facilidades do governo Dilma. Por exemplo: se ao chegar a eleição, ela estiver enfrentando uma inflação perturbadora? Um quadro totalmente diferente de hoje.
Agir no momento errado pode ser fatal. Como ensinava Tancredo Neves, a hora certa é quando o mato está alto para ser capinado e baixo para ser roçado.
E as parcerias?
Há um ano, o governador Anastasia veio a Juiz de Fora para propor a via da parceria destinada a ampliar as expectativas da região, o que resultou em alguns poucos progressos. Afirmava ele naquela ocasião que é preciso consolidar um programa de colaboração mais objetiva entre estado e o município, caminho certo e menos acidentado para que se possa apressar a chegada de novos investimentos. Muitos projetos se viabilizariam e certamente se tornariam menos custosos se contassem com o apoio recíproco nos dois níveis da administração pública.
Números falam
Assim como as cartas da canção popular, também os números não mentem jamais. É o que se depreende de um painel da Câmara, para confirmar como é difícil a oposição fazer valer seus projetos no Congresso. Aos números: na Câmara, os oposicionistas são 100 entre os 513 deputados. No Senado, onde há 81 cadeiras, apenas 18 pertencem à oposição. Trata-se de uma situação que certamente se agrava com os poderes naturais do convencimento oficial.
Falar e calar
Os novos prefeitos, preocupados com o trabalho de contornar dificuldades políticas, devem ler Baltasar Graciana, do século XVII, que aconselhava cautela ao falar, porque entendia que o falar só faz sentido se for para melhorar o silêncio. Há que pensar muito, falar pouco e ouvir apenas o que não vier dos bajuladores.
(( publicado também na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))
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