HÉLIO GARCIA
Não seria exagero dizer que ontem, ao ser incinerado o corpo
do ex-governador Hélio Garcia, também tornou cinzas um jeito muito mineiro de
fazer política, hoje praticamente desaparecido. Hélio, que morre aos 85
anos,depois de longuíssima enfermidade, pontificava na competência para
articular com correligionários e adversários, sem deixar rastos e arranhões
quando ocorriam inevitáveis descontentamentos. Em Juiz de Fora, onde veio buscar
Mello Reis para integrar seu secretariado, foram raros os políticos que com ele
conviveram, muito vezes tidos por Hélio como sérios mas impacientes. Discreto,
ajudou Tancredo Neves a montar em Minas as bases que levariam à transição
democrática em 1985.Nisso revelou singular competência para aparar arestas.
Em relação ao ex-governador fica um detalhe de que quase foi
protagonista, e nisso talvez tivesse mudado a história recente do País. Em
1989, através de agentes competentes, ele procurou mostrar a Leonel Brizola,
candidato à presidência da República, que se Minas lhe desse o vice a vitória
seria certa. Mas Brizola optou por Fernando Lyra, excelente figura, mas sem
capacidade de garantir votos necessários no Nordeste. Pois naquele ano
Lula teve 16,08% dos votos e Brizola 15,4%. Essa pequena diferença, revertida
em cerca de 500 mil votos, Minas teria dado seguramente, com Hélio na vice.
Passados os anos, velho e reflexivo, o populista gaúcho chorou o leite
derramado.
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