REGISTROS
1)
Ontem, os 90 anos da fundação do Centro Industrial passaram sem comemoração,
certamente pelo fato de o momento da política econômica não recomendar
festividades. Mas esse mesmo momento sugere abrir uma ampla discussão sobre o
futuro dos pequenos e médios produtores, que vêm perdendo espaço para os
grandes grupos, ainda que reconheçam sua importância. Detalhe que merece
uma avaliação mais cuidadosa é o esgotamento do capital produtivo local,
sem condições de medir forças com o capital que procede de outras praças.
O
tema pode,inclusive, tomar parte nas agendas da próxima campanha eleitoral.
2)
São muitas, embora sem um número definido, as vagas que ocorrerão no segundo
escalão da Administração Municipal, por força da desincompatibilização dos
funcionários que são obrigados a se afastar para poderem concorrer a uma
cadeira na Câmara. Os cargos vagos serão conhecidos até sexta-feira, cabendo ao
prefeito Bruno Siqueira preenchê-los logo. Quanto ao primeiro escalão, os que
saem são os que, derrotados na eleição passada, tentam retornar ao Legislativo.
3)
Tirante a eleição de outubro, que definirá muito do futuro próximo da cidade,
já se tem como certo que são dois os acontecimentos que ficarão como os mais
importantes no calendário promocional de 2016: a passagem da tocha olímpica e a
Bienal do Livro, esta com o mérito de mostrar que a cidade gosta de ler,
bastando que esse gosto seja prestigiado. Incrível a multidão de visitantes e
compradores.
4)
O registro do patrimônio imaterial carece de descobrir caminhos capazes de
levá-lo a se compatibilizar com o mercado, definindo os interesses de cada
qual. Foi o que defendeu a superintendente do IPHAN, Célia Maria Corsino,
ontem, na palestra inaugural do V Seminário Olhar Sobre o que é Nosso,
promovido pela Funalfa no auditório do Banco do Brasil. Ela citou como exemplo
o caso das mulheres que trabalham com bilros, consumem dois meses para produzir
a toalha que entregam por R$ 15 e que será vendida a R$ 500 em S.
Paulo. Outro exemplo da exploração do trabalho artesanal é o chamado “fio
de ouro”, que sai da roça com valor ínfimo, para produzir bolsas femininas
caríssimas nas grandes capitais.
O
superintendente da Funalfa, Toninho Dutra, abriu o Seminário propondo uma ampla
reflexão sobre os bens imateriais; não apenas a reflexão, mas o sincero desejo
de valorizá-los e preservá-los.
MEMÓRIA (IX)
Eleito
deputado federal em 1903, Francisco Bernardino opôs-se firmemente, na Câmara,
aos projetos de favorecimento da imigração de japoneses, o que contribuiu, para
que, ao contrário de São Paulo, Juiz de Fora e a região não se beneficiassem
dessa mão de obra, importantíssima para a agricultura. Bernardino,
discursando em agosto de 1908, advertiu para a superioridade de o trabalho
japonês colocar em risco o emprego dos brasileiros, e estendia sua preocupação
aos chineses, estes cogitados para virem, quando do processo de substituição
dos escravos libertos. Iriam para a Hospedaria Horta Barbosa, na Tapera, onde
os italianos haveriam de sofrer muito.
Francisco
Bernardino era um conservador, o que não impediu que fosse indicado pelos
sindicatos locais para levar reivindicações ao parlamento. Para mostrar sua
gratidão ao que esperavam dele, presentearam-no com uma caneta de ouro
cravejada de brilhantes.
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