Responsabilidades
Em
reunião na Câmara, vereadores debateram, mais uma vez, a conveniência de a
Guarda Municipal ser equipada com arma letal, solução defendida pelos que veem
nessa corporação falta de condições para enfrentar criminosos. O que revela
estarmos insistindo em confundir guarda com policial. A este, sim, cabe
enfrentar bandidos e, se necessário, fazendo uso de armas de fogo. Já o agente
municipal tem como tarefa a guarda das coisas, do patrimônio da cidade e
colaborar na ordem pública. Quando preciso, chama a polícia.
Mas
há nessa discussão um detalhe que cabe considerar, pois é importante. Trata-se
da paulatina e perigosa transferência ao município das responsabilidades que
cabem constitucionalmente ao Estado e à União. Elas vão sendo transferidas,
como saúde e educação. Agora segurança, que o Estado vem nos oferecendo com as
conhecidas limitações. É preciso reagir, pois dentro de mais alguns anos o
governo tira das ruas soldados, dizendo que o problema não é dele, mas dos
cidadãos.
Enrustidos
Já
vamos entrar no mês das convenções partidárias que formarão as chapas,
anuncia-se os que vão disputar a prefeitura e muitos nomes para a Câmara, mas
nada sobre os candidatos a vice. É o suficiente para confirmar que são reféns
das alianças e delas dependem basicamente. E as alianças, por sua vez, dependem
dos preciosos segundos que podem oferecer para a propaganda eleitoral na
televisão e no rádio.
Temer na parede
O
presidente Michel Temer começa a mostrar sinais positivos na reordenação da
política econômica, mas ainda escorrega na política, vítima das composições
políticas que se viu forçado a fazer no momento tumultuado da transição. Ele
viveu e vive um momento que estabelece alguma similitude com a observação de
Joaquim Nabuco, para quem a fatalidade das revoluções é que sem os
exaltados não é possível fazê-las, e com eles não é possível governar.
Sem
os velhos caciques Temer não teria como organizar seu governo, mas com eles não
é possível governar.
Inacreditável
Confirmados os
financiamentos escandalosos liberados pelo BNDES para projetos internacionais
que se valeram do dinheiro dos brasileiros. A lista das obras e das
empreiteiras beneficiadas está hoje na internet:
Porto de Mariel – Cuba –
US$ 682 milhões – Odebrecht;
Hidrelétrica Manduriacu –
Equador – US$ 124.8 milhões – Odebrecht;
Hidrelétrica San Francisco
– Equador – US$ 243 milhões – Odebrecht;
Hidrelétrica de Chagilla–
Peru – US$ 320 milhões – Odebrecht;
Metrô da Cidade do Panamá –
Panamá – US$ 1 bilhão – Odebrecht;
Autopista Madden-Colón –
Panamá - US$ 152,8 milhões – Odebrecht;
Aqueduto de Chaco –
Argentina – US$ 180 milhões – OAS;
Ferrocarril Sarmiento –
Argentina – US$ 1,5 bilhões – Odebrecht;
Metrô de Caracas –
Venezuela – US$ 732 milhões – Odebrecht;
Ponte sobre Rio Orinoco –
Venezuela – US$ 300 milhões – Odebrecht;
Barragem Moamba –
Moçambique – US$ 350 milhões – A. Gutierrez;
Aeroporto de Nacala –
Moçambique – US$ 125 milhões – Odebrecht;
BRT de Maputo – Moçambique
– US$ 180 milhões – Odebrecht;
Hidrelétrica de Tumarin –
Nicarágua – US$ 343 milhões – Q. Galvão;
Projeto El Chorro – Bolívia
– US$ 199 milhões – Queiroz Galvão.
Memória (VI)
Se bem contadas, devem
chegar a meia centena as leis municipais superadas, inadequadas ou exóticas,
absolutamente inaplicáveis. Entre elas não falta uma que peca pelo preconceito
étnico, e é também a mais antiga, pois vem do Código Municipal de 1853, que, em
suas disposições gerais, determina que nenhum cigano permaneça em Juiz de Fora
por mais de 24 horas. Dois anos depois, além de confirmar tal exigência, o
Código fixou em 60 mil réis o valor da multa sobre qualquer cidadão que
comercializasse com ciganos.
Em 1954, num artigo
publicado em jornal, Lindolfo Gomes chegava à conclusão de que esse foi caso
único em todo o Brasil.
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