TEMPO ESCASSO
Com
a previsão de uma campanha de apenas 45 dias, fato inédito na crônica eleitoral
do País, os partidos e futuros candidatos têm de andar ligeiro para organizar
seus planos de trabalho. Com um eleitorado que se aproxima de 400 mil títulos,
um tempo escasso e as previsíveis dificuldades para obter ajudas financeiras
das empresas, as dificuldades se ampliam de tal maneira, que não seria exagero
prever que alguns candidatos talvez nem se animem a ir até o fim.
Entre
os que correm o risco da desistência estão os que não conseguirão alianças para
lhes dar bons segundos de propaganda na TV, como também os que se sentirão
desestimulados frente ao grande desafio que representa a descrença do eleitor
com os políticos. Quando se pratica essa injusta generalização - ”político não
presta” - quem sofre mais é a representação. O eleitor deve separar o joio do
trigo, mas não optar pelo joio, como tem feito frequentemente.
Sempre
é bom lembrar que os Cunhas, os Calheiros, Jucás, Dilmas, os Lulas e outros da
mesma tropa não tomaram o poder de assalto; chegaram lá na garupa do voto das
maiorias.
VIRA-CASACAS?
Paira
em Brasília, entre setores políticos mais responsáveis, o temor de que alguns
senadores, não muitos, estariam dispostos a reconsiderar sua posição favorável
ao impeachment da presidente Dilma. Há dias votaram pela admissibilidade da
denúncia, aceitaram as razões do relatório Anastasia, mas agora poderiam votar
a favor da volta da presidente afastada. Estariam nessa lista vira-casacas dois
dos mais conhecidos senadores, Cristovam Buarque e Romário.
Melhor
é não acreditar nessa possibilidade, pois se eles tivessem dúvida em relação ao
crime imputado a ela já o teriam revelado no início do processo. Ora, quando se
opta pela admissibilidade, mormente em questão de tamanha gravidade, é forçoso
admitir a existência, ainda que preliminarmente, de base para os argumentos
acusatórios. A afirmação de que Michel Temer tem enfrentado dificuldades
é pueril. Ninguém neste País teve ou tem direito de achar que o novo presidente
seria capaz de criar uma paisagem de mil maravilhas em pouco mais de um mês.
Esses
que votaram uma coisa e agora votariam algo tão diferente precisam medir também
as consequências do atropelo de uma sucessão de presidentes em meio a crises
agravadas. Seria, no mínimo, brincadeira de mau gosto.
DESPRESTÍGIO
Os
banqueiros, que neste País fazem o que querem, o que podem e não podem, acabam
de sofrem um ato de desprestígio. São inconfiáveis até mesmo para guardar
dinheiro de corrupção. É o que se depreende da denúncia do famoso
Bené, o homem que se encarregava de levar dinheiro de propina ao atual
governador de Minas, Fernando o Pimentel. Sem confiar nos bancos, Bené, que
está preso, disse que preferiu alugar um quarto-e-sala para esconder R$ 12
milhões do dinheiro escuso...
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