quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Dois insepultos

Pelo que se lê e se ouve há dois cadáveres insepultos que assombram presidentes. Na semana passada veio a notícia de que o presidiário Marcos Valério, em delação premiada, acusou formalmente o ex-presidente Lula de ser o mandante do assassinato do ex-prefeito petista Celso Daniel.

Já nesta semana chega a informação de que um dos assassinos da vereadora carioca Mariele Franco (PSOL), no dia da morte dela e do motorista Anderson visitou o condomínio onde morava o presidente Jair Bolsonaro, no Rio; e teria dito ao porteiro que ia à casa do “Sr. Jair”. O porteiro, autorizado pelo interfone, franqueou a entrada. Mas o visitante acabou indo para outra casa vizinha encontrar-se com seu cúmplice no assassinato. Agora o Presidente Bolsonaro surge citado no caso.

Ou seja, os defuntos assassinados continuam assombrando dois líderes políticos populares nas vésperas do Dia de Finados.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Partido incomoda? 

Talvez esteja equivocado o presidente Jair Bolsonaro quando, em retaliação aos agravos que tem recebido, proclama-se suficientemente forte para independer de partidos, a começar pelo PSL, sob cujo manto abrigou-se para disputar o cargo em que hoje se encontra. Primeiro, tomando-se a constatação lógica, as ações do Executivo, quando dependentes do apoio parlamentar, teriam de ser negociadas com blocos ou mesmo na individualidade dos deputados e senadores, árdua tarefa por causa do tempo que isso demandaria, sem tempo para mais nada. O governo não teria como avançar se dependesse da caça aos votos pelo varejo. Depois, não menos real, os agentes, tratados isoladamente, tornam-se mais poderosos e exigentes, prontos para sugar todos os sangues que correm nas veias do poder. 

Não houve presidente, desses que posam em paredes e galerias oficiais, que tenha desdenhado dessas corporações, embora muitas vezes tenham estado prestes a fazê-lo, quando se esgotou a paciência e exauriam as fontes de atendimento às preensões impostas. Jânio Quadros impacientou-se logo, diante de um Congresso onde via gente despreparada e ociosa. Mas ele se foi e os partidos sobreviveram, para mostrar que sem eles um presidente não consegue viver.

O jeito, talvez alguém possa dizer a Bolsonaro, é tornar a convivência mais agradável ou menos acidentada, adotando a forma sempre eficaz de diluir o fôlego de um partido incômodo prestigiando, em doses cuidadosas, um concorrente com igual apetite de poder. Vê-se a solução administrada por Vargas, abraçando o trabalhista para respirar nos centros urbanos, e, ao mesmo tempo, alimentando o velho PSD, que ouvia e atendia as massas rurais, àquele tempo muito mais poderosas. Dividir o poder político dos partidos, facilitar as divergências entre os litigantes, enfraquecer postulações; mas sem dispensar partidos, ainda que com sacrifício gástrico na hora de engolir sapos e lagartos. Se a História aprecia repetir experiências, quem sabe o breviário da velha alquimia varguista faria bem a Bolsonaro neste momento ?

Ruim com eles, pior sem eles, pode-se dizer a respeito dos partidos, porque a violência de sua dissolução ou sua redução ao papel de meros assistentes sempre foi a antevéspera das ditaduras. O presidente pode estar incorrendo em desserviço à politica nacional quando anuncia disposição de tornar-se independente de qualquer. Porque reduz sua capacidade conviver republicanamente com o Congresso, e fulanizar o modelo de dialogar com poder Legislativo.

Quem analisa os ciclos temperamentais do presidente nos seus primeiros dez meses haverá de perceber o esgotamento de sua capacidade de desvencilhar-se, com paciência, de perguntas e situações incômodas. Com a peculiaridade de, não obstante, deixar-se atrair pelas ciladas. Não foi diferente o que se deu no recente e generalizado desprezo devotado aos partidos, além de confessar que em quase trinta anos de militância nunca precisou deles. Há certas coisas que o homem público tem todo direito de pensá-las, mas não dizê-las, sob pena de estar abrindo fossos perigosos na convivência democrática.

Revela-se cada dia de forma cristalina que o presidente se irrita facilmente com impasses de natureza política, e com facilidade espalha brasas ao vento. Assunto longe de lhe parecer agradável, ideal seria atribuir a outrem a missão de dar trato ao tema; um intérprete menos explosivo e com visão mais acuidosa sobre os desdobramentos da palavra; porque esta, depois de proferida, tanto constrói como destrói o que tem pela frente.

Raul Seixas 

Parte das publicações que estão marcando os 30 anos da morte de Raul Seixas, um dos mais influentes nomes da música popular brasileira, deve-se ao jornalista Jotabê Medeiros. Na sexta-feira ele estará lançando biografia do cantor e compositor: “Não Diga que a Canção Está Perdida”. 

Muito já se escreveu sobre Raul, mas certamente nem todos sabem que “no auge da Sociedade Alternativa ele ganhou um terreno em Juiz de Fora para fundar uma “anticidade”, como ele próprio dizia. A história é real, mas o compositor nunca levou a ideia a sério”, como informa o jornalista Bruno Mateus, de “O Tempo”.

Hospital 

Está em curso, entre deputados, uma campanha de mobilização, que pretende levar o governo do Estado a concluir as obras do Hospital Regional, iniciadas há 10 anos sempre com verbas negadas ou adiadas. Trata-se das obras físicas. Nem se fala sobre o que o governo gastaria para equipá-lo, o que autoriza acrescentar mais uma década de fracassos e expectativas.

Sobre esse projeto já se disse que se gastaria muito menos, com bons resultados, se o dinheiro do prédio e dos equipamentos do futuro fosse empregado na compra de leitos dos hospitais privados já em funcionamento em Juiz de Fora e na região. 


Fiscalização 

Interessante o clima das boas relações entre a fiscalização da prefeitura e os ambulantes. O serviço se restringir ao calçadão da Rua Halfeld, onde a fiscalização desliza com vagar, dando tempo para que os infratores recolham seus objetos. Sumindo os fiscais, o comércio volta ao normal… 

Numa fase em que é restrito o mercado de trabalho, e os ambulantes precisam sobreviver, admite-se certa tolerância. Mas deviam ser orientados para ocupar os espaços de forma a que os pedestres também tenham seus direitos respeitados.
Certos lugares, como a calçada da esquina de Rio Branco com Santa Rita, ao pedestre é destinado apenas um estreio corredor entre frutas, sombrinhas, barracas, óculos, isqueiros e talheres.

sábado, 26 de outubro de 2019


Ingovernabilidade


Em maio último, o presidente da República havia se esforçado por divulgar um documento, não de sua autoria, mas de alguma forma apreensível, pois considerava o país à beira da ingovernabilidade. Hoje, tateados os últimos acontecimentos, a gente pode reler a fatídica advertência, começando por levar em consideração que nunca a história política do país andou tão repleta de imprevistos e contraditórios. Um caso de particular gravidade é que nem o presidente combina com seu partido; o partido não se entende com os filhos do presidente. Um ex, agora acusado de mandar matar um prefeito, diz que não quer sair da cadeia, onde está sob acusação de corrupção. Para coroar, a sociedade sepultou seus últimos respeitos pelo Supremo Tribunal.

Em Brasília, um clima de total insegurança ante forças políticas que apostam na instabilidade latente, sem faltar os que advogam ação incisiva das lideranças militares.

Nos anos 60 do século passado, quando disse coisa parecida, o presidente Jânio Quadros, prestes a renunciar, havia esperado apenas sete meses para dar à ingovernabilidade o apelido de ”forças ocultas”. Mutatis mutandis, o mesmo fantasma que se ressuscita agora. Jânio queria forças especias para governar, sem depender do Congresso, onde via nada mais que um clube de ociosos em permanente conflito de interesses. O que estaria seu sucessor pretendendo para espantar o “encosto” do espírito dos vivos que o atormentam? Forças especiais?

Tendo ou não as lideranças alguma razão para o desabafo, os desencontros que vão se sucedendo nas relações entre os poderes, centrados principalmente no diálogo acidentado entre o Executivo e os deputados, surgem como peças adjutórias para deixar nu esse presidencialismo de coalizão, em cuja essência predomina certa interdependência serviçal; um vasto e caro jogo de interesses particulares. É o que tem regido a conduta de relações que deviam ser respeitosas, curvadas apenas às causas nacionais. O modelo se apequenou, agravado pela tendência dos partidos a se imporem com instrumento oligárquico. Sendo assim, é forçoso reconhecer que a nova legislatura federal, se mudou muitas caras, preservou a velha lição de pragmatismo ensinada por Badaró (pai): mais vale quem o governo ajuda do que quem cedo madruga.


Papel do vice

Antes de eleito, o vice, seja do presidente da República, do governador ou do prefeito, ele é resultado de alianças partidárias, sem as quais a necessária correlação de forças enfrenta dificuldades. O vice entra com o papel de fiador dos entendimentos, o que torna seu papel mais importante, muito antes de, elegendo-se, virar eventual substituto do titular. No caos municipal mais recente, a presença de Antônio Almas na chapa de Bruno Siqueira selou a aproximação do PDSB com o MDB.

Por que seria diferente em 2020? Seja qual for o potencial e previsão de performance dos partidos, as alianças serão tema indispensável. E também o nome do vice, como ponte de ligação. Para desempenhar esse papel há, desde agora, dois vereadores citados: Kennedy e Ana do Padre Frederico.


Os suicidas


Nunca se sabe, com segurança, a realidade sobre os casos de suicídio. No mundo são 800 mil por ano; no Brasil, sempre pobre de estatísticas, sabe-se que em 2017 foram a quarta entre as principais causas de morte na população entre 15 e 29 anos. Em Juiz de Fora a desinformação não é diferente, mas o problema existe e avança. Neste mês foram três, mas a tragédia pode ter números mais trágicos, porque ainda há entre as famílias um certo pudor, preferem falar em “morte natural”. E a imprensa não gosta de tratar do assunto, porque um caso pode estimular outros doentes psiquicamente fragilizados (quando Marilyn Monroe pôs termo à vida, em dois dias 15 a acompanharam). Num clima de mistério e discrição, só se conhece suicídio quando ele é formidável. É preciso saltar do décimo andar.

Suspeitam alguns especialistas que, tal como a obesidade, em pouco tempo o suicídio tenha de ser enfrentado como questão de saúde pública. E, para tanto, já tendem muitos médicos japoneses e de países nórdicos, onde a incidência tem sido tradicionalmente maior. Sim, porque o mundo está diante desse crescente desafio para as políticas sanitárias, sejam elas em países desenvolvidos ou não, conhecidas as causas mais comuns que podem levar ao extermínio voluntário: bruscas alterações de comportamento, isolamento social, baixa auto-estima, uso de drogas e o histórico familiar. E, entre adolescentes e jovens, o rendimento escolar medíocre (causa que levou Pedro Nava a pensar, pela primeira vez, em matar-se, o que de fato cometeria décadas depois).

O atendimento aos propensos, diz o psiquiatra Ziyad Abdel Hade, especializado em atendimento a crianças e adolescentes, deve começar destruindo dois mitos: a) quem deseja suicidar-se não avisa. Não é verdade, pois muitos, por palavras ou gestos, comunicam antes o que pretendem; b) conversar sobre suicídio com jovens pode levá-los ao ato. Ao contrário, é importante conversar abertamente e mostrar preocupação com eles. A atual geração “galera” também tem a fragilizá-la a invasão do mundo digital, que agrava sua intolerância ao tédio.

Angústia e o nada

São incontáveis os ilustres que escreveram sobre a ânsia de abreviar a chegada da morte, sem que escapem os casos da curiosidade pelo possível outro lado da existência. Para Albert Camus é certo que passa pela cabeça de todas as pessoas um sentimento de atração pelo nada, além do fato de que, em rigor, só a morte mostra se a vida valeu a pena ser vivida, como escreveu Joaquim Nabuco.

Mas tanto cientistas como pensadores acabam batendo à porta da depressão, mesmo sem poder explicá-la perfeitamente. É tão difícil descrevê-la, que é preciso passar por ela para compreendê-la, sentenciou Willian Styron. Já o romancista Scott Fitzgerald falava que “nessa noite escura da alma são sempre 3 horas da manhã, dia após dia”.

Porque as coisas e o clima que cercam a pessoa ficam enevoados, totalmente fora do raciocínio lógico. E, por sobre tudo, aquela “angústia insuportável” de que padeceram Van Gogh, Virginia Woolf, Cesare Pavese, Romain Gary, Henri de Montherland, Jacques Condon, Hemingway e Maiakowisky. Muitos teólogos excluem dessa lista o mais famoso suicida de todos os tempos, Judas Escariotes, que teria traído apenas para cumprir um desígnio da história da Salvação..

O assunto é sério e trágico, mas nem por isso faltou quem o levasse para o lado do humor. Luiz Angell Lama diz haver pensado seriamente nisso. Mas acabou desistindo: “Suicidar-se é muito perigoso”…



Alto escalão

A cidade passou a contar com um novo nome no alto escalão do governador Zema: Weverton de Castro, que figurou no secretariado de Bruno Siqueira, é agora presidente da MGI-Minas Gerais Participações. Nestas horas de jejum, essa estatal tem um difícil leque de atuação, abrangendo recuperação de créditos, debêntures e alienações de imóveis, muitos dos quais sobreviventes em Juiz de Fora.


Não custa perguntar

Se ministros do Supremo Tribunal Federal consideram que é preciso esperar julgamento de criminosos em terceira instância, para prendê-los, em nome da presunção da inocência, por que não considerar duas das três instâncias, se nelas já não resta presunção, mas certeza do delito praticado?

Repercussão
. Isaías Laval: Wilson Cid, não se preocupe apenas com eleições. O que acha dos efeitos da reforma da Previdência aprovada no Senado ?
. Vicente De Paulo Clemente : Gostei da "navegação costeira" do PSL, ao passo que o presidente quer lançar suas redes em águas mais profundas. É difícil, mas não impossível, navegar nessas águas agitadas da atual política brasileira, considerando que Bolsonaro é velho conhecedor, pois veio lá do Fundão da sala...
  • Isaías Laval: Estudar um doido destrambelhado, só para psiquiatra. Incrível como Bolsonaro não se ajuda.
  • Geraldo Sette: Nada disso é normal e revela o desprezo de Bolsonaro pela vida institucional. Tempos muito estranhos! Tempos de loucos no poder!
    Mamede Said escreveu e é exatamente isso! Inacreditável que muitos não consigam 
    ver.
    "É normal um presidente da República ser chamado de vagabundo pelo próprio líder do partido pelo qual se elegeu e que integra? É normal o presidente se imiscuir na atividade parlamentar do partido, tentando afastar o líder da bancada para, em seu lugar, colocar o próprio filho? É normal o presidente, às vésperas de votações decisivas, destituir a líder do 
    governo no Congresso porque não abraçou a candidatura do filho? É normal o presidente deixar vago, meses a fio, o cargo de embaixador nos EUA, porque teimava em agradar o filho com embaixada?”
    Nada disso é corriqueiro na vida político-institucional de nações civilizadas. Mas, em se falando do Brasil de Bolsonaro, tudo tem sentido e razão de ser. Inexiste articulação política, inexiste diálogo respeitoso entre Executivo e Legislativo, inexiste governança e racionalidade administrativa. Reina o caos institucional e a paralisia das ações governamentais. Mas não falta o espetáculo deprimente de um governo que se enreda em questões paroquiais e em disputas pueris, bem ao estilo do governante e de seu entorno familiar. Como o Brasil se apequenou tendo à frente de seus destinos uma figura como Jair Bolsonaro..."

quarta-feira, 23 de outubro de 2019


Sobre o ano eleitoral


ano eleitoral começou. Os prazos, à medida em que vão vencendo, fazem com que os políticos coloquem foco nas eleições municipais. Embora não pareça, a eleiçãode vereador e prefeito é fundamentapara as gerais de 2022. Os municípios formam bases de sustentação das candidaturas majoritárias e legislativas aos níveis estadual e federal. Até março de 2020 os candidatos à Câmara e às prefeituras precisam estar filiados aos partidos pelos quais concorrerão.

A novidade próxima é a impossibilidade de coligações proporcionais; e o partido, mesmo atingindo o quociente eleitoral, só garantirá sua vaga se o mais votado obtiver mais de 10% do quociente resultante do pleito. Neste cenário os atuais vereadores fazem seus cálculos para estimar a quantidade de votos necessária, como também o melhor partido para concorrer àreeleição. E os candidatos à prefeitura precisam despertar nos eleitores a esperança de que na futura gestão as principais demandas da população serão atendidas; pelo menos em sua maioria. Tarefa difícil para os prefeitáveis, pois os eleitores, mesmo esperançosos com o futuro, não querem mais falsas promessas.

Em Juiz de Fora os atuais vereadores, eleitos na legislação antiga, fazem o estudo de viabilidade eleitoral. E, pelo que se comenta nos bastidores da política local, haverá o 'troca-troca' de partidos na janela eleitoral, em março; fenômeno antes nunca visto nestas paragens. Afinal, todos querem continuar com seus mandatos, com exceção de, pelo menos, um caso onde haverá sucessão familiar. Os partidos que terão candidato à prefeitura têm possibilidade de induzir o voto de legenda para candidatos ao Legislativo. Isto se torna quesito importante no processo do ano que vem.

Quanto à prefeitura de Juiz de Fora as conversas preliminares apontam profusão de candidaturas, talvez com três do gênero feminino, que seria algo inédito na história da cidade. No caso do prefeito Antônio Almas (PSDB) a reeleição pode ser uma possibilidade, mas não uma certeza, pelo que ele mesmo deixa transparecer. Há o risco de o pleito ficar polarizado pelas questões nacionais, devido à divisão política que vigora no país; e os temas de interesse dos munícipes ficarem relegados a segundo plano. É provável que a eleição ocorra em dois turnos, como nas votações anteriores. O desejável é um debate sobre os problemas locais, e como serão as tentativas de resolvê-los, sem sofismas.




Morte milionária


O translado do corpo de um brasileiro que morre durante viagem ao Exterior pode parecer problema caríssimo, que só afeta os ricos. Mas nem todos que viajam têm muito dinheiro, o que significa que gente da classe média também passa por grandes problemas quando se vê diante de tamanha dificuldade. O Brasil figura entre os países que com pouco ou nada socorrem essas famílias enlutadas, segundo pesquisa feita pelo deputado federal Ely Borges, de Tocantins.

Quando o óbito se dá em um país da Europa as providências legais e o transporte podem chegar a R$ 26 mil. Mas, ainda de acordo com o deputado tocantinense, há casos em que é acrescida uma taxa de R$ 5 mil.

Baseando-se na angústia de muitas famílias que a tragédia imprevista torna enlutadas ele está apresentado projeto determinando que o governo federal arque sempre com tais despesas.


Confirmação 

Objeto de especulação na semana passada, confirmou-se que o PODEMOS realmente examina a possibilidade de disputar a prefeitura de Juiz de Fora com candidatura própria. Tal como pretende em municípios com cerca de 500 mil eleitores. Sendo assim, a delegada Ione Barbosa pode ser convidada a entrar na disputa.


No pré-sal

As previsões quanto ao rateio dos resultados do leilão do pré-sal indicam que pode caber a Minas uma cota de R$ 106 bi. Mas os números definitivos ainda estão em fase de avaliação.

É preciso conferir seriedade na aplicação de tais recursos, de forma que os governadores não usem o dinheiro para aumentar o prestígio político com servidores, e os prefeitos não consumam suas parcelas em pracinhas e fontes luminosas.



Protesto

Levantou-se o deputado Lafayette Andrada contra a ideia de alguns setores reformistasna política educacional, que pretendem eliminar a obrigatoriedade de ensino de História nos cursos médios. Entende que não é possível entender e viver presente e futuro de uma nação sem que se conheça o passado.



Interior se esvazia” 
Comentários sobre esse artigo publicado no blog:

Vicente de Paula Clemente:
-Em Juiz de Fora, destino de grande parte dessa população que se desloca do interior, já se está desenhando uma grande população de moradores de rua, que se alinham sob as marquises das lojas centrais e bairros mais populosos da cidade. Triste constatação...

Isaias Laval:
Vicente De Paulo Clemente, puxa! Isto é terrível. Conheço esse desastre de São Paulo e Rio. A única solução é um sistema de grandes albergues e de equipes especializadas que os conduzam para lá continuamente, porque voltam às ruas.

Ricardo Barroso:

Estamos vivendo um outro tempo de menosprezo aos sonhadores desvalidos. A migração interna se dá, também, pelo abandono do interior, relegado a fornecedor de mão de obra barata e\ou massa de manobra dos mais abjetos interesses políticos. No final todos irão considerar felizes os que não se perderam nas drogas e "crimes de subsistência", não importando sob qual marquise irão residir. A população "estabelecida" finge não ver o caos anunciado e nascente. O texto é de uma verdade rude, mas honesta.

Isaias Laval:

Bom texto, bela análise! O articulista sabe que não existe solução simples para o fenômeno. Por isso, não pode, como não podemos, sugerir medidas práticas. Para Juiz de Fora, única saída: turismo, especialmente dos oriundos.
Wilson Cid, hoje no "Jornal do Brasil" 


O presidente e seu partido


Não há quem garanta, no exercício de plena acuidade, que nestes tempos o brasileiro possa amanhecer com a mesma realidade política com que adormeceu no dia anterior. Agora já não são nuvens, mas ventos inesperados que mudam rapidamente os cenários; de forma que tornou-se algo verdadeiramente impossível dispor-se de alguma previsibilidade, instrumento indispensável na ordem natural das coisas políticas. Sem isso, ainda que em escassa medida, os agentes que atuam na área, no Executivo ou no Legislativo, consomem-se em terríveis confusões. Pois é esse mínimo que acabou escapando totalmente do dia a dia do país. Ninguém pode contar com algum elemento que permita projetar o que vai acontecer amanhã.

Ilustra a imprevisibilidade dos fatos o presente episódio da guerra que o presidente da República trava com seu partido, quando se sabe que entre eles esperava-se haver certa harmonia, nem que seja ditada pelo interesse mútuo, isto é, a troca de apoio parlamentar pelo prestígio junto aos altos comandos do poder. Pois o que se deu, no bojo do presente caso, foi uma ruptura que tem tudo para provocar reflexos nas relações da Presidência com o Congresso, que, aliás, já não andam às maravilhas. Conhecida a ruptura com o PSL provavelmente estarão abertos novos caminhos para dificultar a tramitação de matérias importantes, como a nova e tão aguardada reforma fiscal que se pretende.

No presidente Bolsonaro não se identifica um perfil que concorra para produzir conversas amistosas; o senão que tem a agravá-lo a inexperiência de um PSL de navegação costeira, sem estrutura para incursões mar a dentro. Não fosse isso, as consequências das divergências certamente ficariam restritas aos interesse dos litigantes, como, por exemplo, os saldos do fundo partidário. Na etiologia desse equívoco o que se tem observado, sem maiores esforços, é uma casa de sedentos, onde todos gritam e ninguém tem razão.

Os conflitos entre o chefe do Executivo com uma força partidária que lhe dá suporte podem trazer consigo um veneno letal; não bastante grave se mantido no devido tampão; mas a crise pode ganhar capilaridade, estendendo-se por outras siglas. E neste caso ampliam-se as más consequências. Talvez o presidente e seus antigos camaradas de palanque não tenham sentido completamente o risco dos desdobramentos.

Houve quem dissesse, parece que Joel da Silveira, que despertar no Brasil é dar de cara com as coisas que não estavam na agenda dos factíveis. As coisas com as quais não é dado adormecer, mas são servidas à mesa juntamente com o café da manhã. É o caso em tela, o insólito bate-boca, onde tem faltado equilíbrio e sobrado o efeito dos impulsos. No oposto, a virtude do equilíbrio deve ser o traço marcante da índole de quem se propuser a falar e trabalhar pelo povo.

Pergunta-se, contudo, se nada de útil e oportuno possa se extrair desse conflito entre o presidente e seu primitivo abrigo partidário, sem embargo das dificuldades já analisadas e decorrentes da crise. Certamente que pode. Aprenda-se que um partido, ainda que umbilicalmente ligado ao poder do momento, não deve depender totalmente de quem lhe dá sustento político, a ponto de se ter a ameaçá-lo o êxodo em sua bancada. Não deve ser tão vassalo que não possa independer. E o presidente, ainda que tenham alguma razão, precisa colocar-se acima de tensões distantes dos verdadeiros interesses da população. O homem público – convém refletir com o jurista Mílton Campos - precisa submeter-se à posição de suas ideias, não às ideias de sua posição.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019


Interior se despovoa



Passados os primeiros meses do novo governo, com a sociedade e as lideranças reclamando ações sociais mais profundas, tornam-se inevitáveis avaliações do processo migratório que se observa no país; não apenas por inspiração de qualquer capricho em relação a números e estatísticas, mas porque é nesse fenômeno, que diariamente desloca milhares de brasileiros, que vamos encontrar altas preocupações. No bojo das migrações estão alguns problemas que hoje afetam a vida urbana brasileira. Graves problemas das grandes e médias cidades. As políticas que assumem as preocupações dos governantes procuram, quando muito, encarar consequências imediatas, buscando abrigos improvisados e subsistência do momento para populações deslocadas. É o mesmo que aplicar pedaços de esparadrapo em ferimentos que não param de sangrar. Não diferentemente de outros modelos de improvisação no campo das crises sociais: remédios com efeito de curta duração.

Mas o problema vem se agravando, com todas as evidências. O Brasil vai despovoando cada vez mais o interior. Uma observação, ainda que superficial, do movimento dos terminais rodoviários, mostra que são levas de esperançosos que desembarcam, à procura de melhores condições de vida, sendo S.Paulo, Rio e Belo Horizonte as referências mais comuns. Se isso já existia no passado - o que é verdade - cabe considerar que, antes, o retirante chegava sozinho, com uma pequena mala e poucas coisas indispensáveis; a família só mais tarde, quando a vida estivesse minimamente organizada. Não hoje, pois desembarcam famílias inteiras, ampliando consideravelmente os problemas de adaptação.

Está o país frente à seguinte dificuldade: esvazia-se cada vez mais o interior, e as grandes e médias cidade vão ficando inchadas, sem condições de absorver, com um mínimo de dignidade, essas levas de esperançosos, que logo se transformarão em populações frustradas; quando muito, absorvidas no subemprego e em atividades secundárias.

o cessam aí as dificuldades, como a experiência demonstra. Elas carregaconsigo outros problemas, consequentes do primeiro, que resultou da aventura da migração. As cidades logo cuidam de expulsar os recém-chegados para as favelas, onde são escassas e precárias as condições de habitabilidade. Temos nisso o fermento que vai concorrendo para tornar crítica a vida nos grandes centros, surgindo os altos índices de violência como o principal tormento. Aliás, não podia ser de outra forma, pois o perigo de vida associa-se intimamente ao inchaço urbano. É receita inevitável. Sem que para tanto se atirem culpas sobre os que chegam, pois também eles acabam se tornando vítimas.

Desafio para não pretender soluções imediatas, nada de um dia para o outro, o grande sonho está na elaboração de políticas que estimulem o interior a construir condições capazes de reter as populações, o que não se pode alcançar com forças e recursos próprios. É preciso que os governos estadual e federal associem esforços para dar às populações prestes a debandar um estímulo para permanecerem fiéis às suas raízes, desanimando-as para as incertezas que as esperam nas metrópoles. Para um primeiro passo, não há como errar: atendimento primário à saúde e educação elementar oferecida às crianças e jovens; recursos agregadores que, não sendo possível criar em todos os lugares, existiriam suficientemente nas microrregiões. Raras, mas bem sucedidas experiências microrregionalizadas, através de consórcios entre prefeituras, mostram que impossível não é.

O assunto vai passando virgem no primeiro ano do governo Bolsonaro, mas nem por isso perde a importância. É preciso ter espaço nas agendaimediatas.