quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Rumo a Brasília

Há alguns pontos, não muitos, em torno dos quais existe concordância dos candidatos a prefeito. Um deles é que, por mais que se tenha feito na área da saúde, ainda é preciso fazer muito mais. Outro ponto de convergência: a cidade precisa gastar muito mais do que tem, e este é um ponto delicado. Como se confirmou na série de entrevistas que este jornal promoveu com eles, e a encerrou ontem ouvindo Margarida Salomão, é evidente a escassez orçamentária do município para financiar as muitas obras necessárias, o que faz com o próximo prefeito monte barraca em Brasília, exatamente no Palácio do Planalto. Sem a ajuda dos cofres federais pouco conseguirá fazer. E essa dependência leva a discussão para o campo político-partidário. O prefeito Custódio Mattos, que representa um partido da oposição ao governo Dilma, admite como falácia a história de que um prefeito situacionista torna as coisas mais fáceis em Brasília. Ao considerar essa afirmativa superada no tempo, ele diz que os recursos já não são liberados segundo simpatias e conveniências partidárias, mas de acordo com a capacidade do município de assumir as contrapartidas. Bruno Siqueira não nega a influência política, mas se diz tranquilo, porque o vice-presidente da República, Michel Temer, é do seu partido, PMDB, e estimulou a presença de um peemedebista na disputa da prefeitura. Ele se encarregaria de ajudá-lo a enfrentar as dificuldades na base do governo. Margarida Salomão lança um dado para diferenciá-la dos demais, quando está em discussão o acesso ao governo federal: além de ser do PT, caberia a ela a implantação de um modelo petista de administrar, ajustado ao governo Dilma, que espera ver reeleita em 2014.
Questão de idade
O candidato a prefeito pelo PMDB, Bruno Siqueira, tem procurado falar mais sobre sua idade, 38 anos recentemente completados, não apenas para lembrar que carrega a “responsabilidade da renovação”, mas também porque na televisão parece muito mais jovem do que realmente é. E os adversários querem ver nele o garotão, que já foi há muito tempo.
Motivação
Os partidos diretamente interessados precisam medir, através de pesquisa, o tamanho da influência dos programas eleitorais sobre as candidaturas a prefeito, tomando-se por base os dez primeiros dias de divulgação. As produções têm se pautado em uma linha didática. As raras insinuações sobre adversários são indiretas ou sutis. Na campanha de 2008, no final de agosto os programas na TV já andavam quentes por causa de graves acusações.
Pra radicalizar
Estudada a situação pré-eleitoral em Juiz de Fora, setores governistas de Minas têm sugerido que a campanha seja conduzida desde já para a radicalização, o que seria um ensaio para o segundo turno. Ensaio, quem sabe?, também para 2014, quando os tucanos esperam ver o estado coeso em torno da candidatura de Aécio Neves à presidência da República.
Os influentes
Quando se fala sobre a importância de outras pesquisas sobre o momento eleitoral, que não sejam apenas as tendências em relação aos candidatos, tem sido recomendado aferir a real influência de dois fatores que correm paralelamente: o primeiro é a internet como instrumento de propagação de ideias, fenômeno já sensível na eleição de 2010, e certamente influindo agora, mas sem que se saiba até onde vai essa influência. Na linha da mesma curiosidade, que é um desafio para os partidos e marqueteiros, o voto evangélico. Esse voto continua fiel aos pastores? Em 2010, quando as igrejas apresentaram 32 candidatos a deputado, elegendo-se 75%. Comparando com o PT: 334 candidatos e 26% eleitos.
Depois da parada
A eleição municipal de 2012 está chegando ao período decisivo com a chegada do mês de setembro. Os políticos com mais vivência em campanhas eleitorais costumam dizer que após a parada de sete de setembro o ritmo das atividades aumenta, pois a ansiedade passa a conviver no cotidiano dos candidatos devido à proximidade do dia do pleito. A pesquisa que for realizada após o início do horário eleitoral deve apresentar um cenário mais nítido da disputa, pois os eleitores já foram estimulados pela exposição dos candidatos no rádio e na TV.( As pesquisas divulgadas até agora foram realizadas até 15 de agosto.) Certamente, o próximo anúncio de resultado de pesquisa, por instituto não vinculado às candidaturas, dará elementos para uma análise mais concreta daqueles interessados na política municipal.
(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

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