terça-feira, 28 de agosto de 2012

Quem é o vice?

É estranho que os debates das campanhas eleitorais primem por ignorar completamente os candidatos a vice, como ainda agora se observa em relação à prefeitura. Em rigor, sobre eles os eleitores pouco ficam sabendo, além de serem companheiros de chapa de quem disputa como prefeito. O desconhecimento em relação a esses candidatos é perigoso, porque no Brasil o vice não é apenas o que substitui, mas também sucede. Pode ocorrer, por exemplo, que o prefeito fique impedido, e a cidade se entrega a um vice não suficientemente conhecido. É um personagem que devia ser tão conhecido como o prefeito, como se dava até a década de 60, quando se elegia em cédula separada. Esse descaso talvez não existisse se, ao olhar para o passado, constatássemos que metade de nossa história republicana foi escrita pelos vices. Caso mais recente foi Itamar Franco, que ficou com dois anos que seriam de Collor. Antes, tivemos em José Sarney o frustrante recorde mundial de quem acabou cumprindo todo o mandato de Tancredo Neves. Sarney revelou a síndrome da ilegitimidade de um presidente acidental. Aliás, a república já havia começado com um vice golpista, Floriano, de pouca ou nenhuma compostura. Em Juiz de Fora ocorreu de o prefeito precisar do preparo e da lealdade do vice. Dilermando, para ser deputado federal, teve de transferir o cargo a Infante Vieira. Olavo Costa, pelo mesmo motivo cedeu a Arlindo Leite. Nos anos 70, para chegar ao Senado, Itamar entregou o cargo a Saulo Moreira. E José Eduardo Araújo foi o vice que teve de enfrentar a terra arrasada deixada por bejani. Geralmente esse personagem entra em cena nos momentos difíceis, em meio a crises. Como deixar que passe sem que se saiba o que pensa, o que quer e como agiria nas eventualidades?
Pesquisa
O Datafolha, ao qual geralmente se atribui credibilidade, promete para hoje a divulgação de pesquisa sobre as tendências eleitorais em Juiz de Fora, sabendo-se que trabalhou em um campo mais amplo. O mesmo instituto vem promovendo previsões nas 20 maiores cidades de Minas.
Apoio tucano
Alguns candidatos a vereador pelo PSDB têm se valido de conselhos e orientações do presidente estadual do partido, Marcus Pestana, que já foi vereador aqui, e sempre pode ter alguma coisa a sugerir. Há dias, Pestana enviou carta ao coordenador da campanha de Custódio, oferecendo-se para ajudar, mas ainda não teve resposta.
Novidade
Custódio Mattos diz ter gostado da experiência que viveu na noite de segunda-feira, quando, pela primeira vez em campanha eleitoral, enfrentou uma Twitcam, que é um recurso de comunicação disponibilizado para a rede social Twitter. Por ali, ele respondeu, em tempo real, às perguntas enviadas por internautas. Apesar de ter sido sua primeira experiência com essa ferramenta, o prefeito disse que conseguiu se sentir à vontade com a tecnologia e a forma de interação com os internautas. Quer repetir.
Caso sutil
Quando a candidata do PT, Margarida Salomão, diz que tem o apoio de uma corrente significativa do PMDB, ela está jogando com um dado real? O PMDB acha que não, e foi à Justiça pretendendo interromper essa propaganda e ganhar tempo para retrucar, pois a corrente dissidente que se juntou ao PT foi derrotada. Mas o que terá a Justiça a dizer: corrente significativa deve ser avaliada numericamente ou pelo valor das pessoas que a compõem?
Pedalando
Procurando mostrar-se inovador, Marcos Paschoalin, candidato do PRP à prefeitura, realiza sua campanha pedalando uma bicicleta. Não faz questão de carro para chegar aos eleitores. Mas não se trata exatamente de uma inovação, pois na década de 50 o ferroviário José Tavares Ladislau, que representava pequenos partidos de operários, também disputou a prefeitura em uma bicicleta, invariavelmente traja ndo terno, camisa, gravata e chapéu pretos.
Servidores
Mais uma eleição e se repete a situação histórica: nunca mais da metade dos servidores deu apoio ao prefeito do momento. Há sempre um conflito entre patrões e empregados sobre salários, vencimentos, planos de carreira e benefícios acumulados.
Exemplo
Em um artigo publicado em “O Globo” o deputado Marcus Pestana diz que presidente que se cuida como estadista não deve participar de campanha eleitoral. E elogia Dilma, que neste particular segue o exemplo de Fernando Henrique.
Sem preferência
Ainda sobre a disputa de uma vaga no segundo turno, que partidos e políticos consideram inevitável, o prefeito Custódio Mattos diz que sua luta é chegar lá. Mas sem preferência quanto ao adversário que teria de enfrentar no último domingo de outubro. (( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

3 comentários:

  1. Gostei do Artigo. Embora antigo, só agora descobri o blog e pude ler. José Tavares Ladislau foi o meu avô. Tenho até uma cédula dele aqui que na época ele distribuía pelas ruas de Juiz de Fora. Eu mesmo não sabia que ele fazia as campanhas de bicicleta. Na época, minha avó me contava que teve muita dificuldade pois ele gastou todas as economias com a campanha. Me contou também que ele chegou a ganhar, mas não levou devido a fortes conspirações militares da época que já ditavam muitas regras na cidade. Abraços ! (Márcio Ladislau)

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  2. Sim Marcinho, nosso avô José Tavares Ladislau fazia suas campanhas eleitorais usando uma bicicleta... Aqui em casa tinha inúmeras fotografias dele de bicicleta no meio do povo e também várias cédulas das campanhas eleitorais... Eu tenho uma cédula até hoje guardada na minha carteira. (Renata Ladislau)

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