quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Sem corporativismo
Se cada eleição é uma lição, como diz veterano jornalista, a deste ano não deve ser exceção. Ensina, por exemplo, que não é apropriado o candidato se apresentar ao eleitor com sua profissão ou filiação sindical, porque este é um modelo que ficou superado no corporativismo integralista da década de 30 do século passado. Propunha-se a câmara orgânica, isto é, o eleitor se inscreveria nos seus sindicatos. “Essas classes elegem, cada uma de per si, seus representantes nas câmaras municipais, nos congressos provinciais e nos congressos gerais. Os eleitos para as câmaras municipais elegem o seu presidente e o prefeito".
Nada mais superado e antidemocrático.
Câmara "orgânica"
A Justiça Eleitoral pouco pode fazer contra as esquisitices com que alguns candidatos a vereador se registram. O objetivo é facilitar ao eleitor a identificação de sua preferência, ainda que pela via do ridículo. Mas os partidos podem exigir que seus candidatos se apresentem sem a identificação profissional, como “Zé Panificador”, “Joãozinho do Metalúrgico” ou “Tatiana da Enfermagem”. Sem que saibam, são fantasmas das câmaras orgânicas de Plínio Salgado.
Não têm faltado propagandas de cabeleireiras, garçons e vidraceiros, que se arvoram em candidatos com base em suas profissões. São atividades honrosas, mas por si só insuficientes para se atribuir a um de seus representantes a missão de legislar para toda uma população, além do ranço corporativista. Se a Câmara não pode ser um conselho orgânico de classes representadas, como pretenderam os integralistas, que os partidos e a Justiça cuidem de pedir ideias, não delegados profissionais.
Correção
Depois de propor as primeiras condenações no processo do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa ampliou sua presença no noticiário, inclusive na imprensa estrangeira. Mas na Europa, onde ele já residiu e lecionou em inglês e alemão, os jornais continuam cometendo um equívoco: informam que ele é o primeiro negro a ser ministro do Supremo Tribunal Federal, quando, na verdade, é o terceiro, sendo precedido por Pedro Lessa (de 1907 a 1921) e Hermenegildo de Barros (de 1919 a 1937).
Pitoresco
Como em qualquer eleição nunca faltam os casos singulares, em Montes Claros é candidato a vereador, pelo Psol, um sujeito chamado Rodrigo Ninguém. Nos santinhos que circulam na cidade sua mensagem fica complicada, ao dizer que Ninguém é seu amigo, Ninguém é honesto, Ninguém é verdadeiro, Ninguém se preocupa com você...
Privilegiados
Por trás das queixas que são levadas à presidente Dilma pelos partidos da base parlamentar, que se sentem desprestigiados e querem mais cargos, percebe-se a ação dos paulistas, insatisfeitos com os poderes que já têm, e usam os parlamentares para que suas reivindicações subam a rampa do Palácio do Planalto. Mas, se aos partidos faltam razões para reclamar, muito menos aos paulistas, que detêm seis ministérios: Saúde, Fazenda, Justiça, Planejamento, Educação e Secretaria-Geral da Presidência.
Enquanto isso, Minas, segundo colégio eleitoral, tem apenas um ministro, Fernando Pimentel. Sabe-se lá a que custo.
Bons resultados
Vem obtendo bons resultados, pelo menos nestas primeiras semanas da campanha eleitoral, o apelo do TRE para que os candidatos evitem sujar as praças, ruas e muros. Exceção são os promotores do voto nulo, que dão preferência a monumentos e caixas coletoras de lixo. Na eleição de 2010 se sujou menos. Talvez agora os resultados sejam ainda melhores.
Segundo o presidente do TRE, desembargador Brandão Teixeira, a Justiça Eleitoral mineira pretende, com a campanha, “despertar nos candidatos e nos cidadãos a importância de se cumprir a legislação eleitoral”. Além disso, a intenção, segundo o desembargador, é que a campanha seja uma forma de diminuir o desconforto e o transtorno que a sujeira eleitoral provoca na vida das pessoas.
(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))
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