)
domingo, 28 de outubro de 2012
O inesperado no segundo turno
O segundo turno da eleição municipal, realizado ontem, demonstrou fatos interessantes e significativos. Primeiro, a exclusão do prefeito Custódio Mattos da disputa final. O maioria do eleitorado o desconheceu, embora ele tenha realizado coisas importantes no seu período. A falta de interlocução com a sociedade durante o mandato deve ter sido a principal causa do fracasso eleitoral.
Segundo fato, a ex-reitora Margarida Salomão não ganhou a eleição no primeiro turno, como havia planejado. O PT considerava certa a vitória antecipada, devido ao aporte eleitoral do ex-prefeito Tarcísio Delgado (sem partido) e de seu filho o deputado Júlio Delgado (PSB). Havia a expectativa da cúpula petista de uma complementação de votos transferida pelos Delgados. O que, como ficou visto, não ocorreu.
O deputado estadual Bruno Siqueira concluiu o primeiro turno liderando a votação, já sinalizando que seria o favorito para vencer a eleição. O deputado foi um fenômeno eleitoral, pois conseguiu empolgar o eleitorado com a mensagem de que apenas ele representaria a novidade na política municipal. Embora com doze anos de atividade política parlamentar, como vereador e deputado estadual, venceu todas as eleições que disputou.
O que vem depois
que passar a festa
A uma vitória como a que ontem foi confiada ao candidato do PMDB-PSDB-PPS-PV à administração do município nos próximos quatro anos segue-se um dado interessante: à medida em que vai se extinguindo o calor da comemoração, acendem-se as luzes das altas responsabilidades que vão assumir ele e os que o cercam. Um sentimento substituir o outro com igual intensidade, de forma que, quando a festa acaba, automaticamente começam os desafios.
Bruno venceu essa disputa ao embalo de um desejo, se não de mudança, pelo menos de alternância de poder. Juiz de Fora vinha de 30 anos sob três prefeitos. O último deles, Custódio Mattos, iria apagar a luz e pagou um preço que nem merecia. O novo prefeito chega, portanto, com a bandeira da inovação e da renovação, e isso pode exigir grande esforço. Ele tem de estar preparado para tanto, dividindo-se com a equipe e, ao mesmo tempo, associando o entusiasmo da juventude à prudência dos experientes.
Já nesta semana, não mais tardar, o futuro prefeito começa a conversar com representantes das forças que o apoiaram, e, claro, várias entre elas têm postulações a fazer. É um momento em que muitos interesses batem de frente. Nesse passo, terá de diferenciar quem, no segundo turno, nele votou apenas porque vetou a candidata adversária.
A formação da equipe é uma cirurgia na qual não pode faltar o bisturi da competência.
E, quando assumir, o prefeito estará a menos de dois anos da sucessão presidencial, com disposição de pisar areia movediça, pois terá os governos federal e estadual como parceiro, mas um e outro com diferentes projetos para o Planalto.
Terminada a eleição,
já se pensa na outra
Depois do reordenamento das forças partidárias, vitoriosas ou não neste outubro, e conhecida a linha da nova Administração, os interesses e projetos políticos logo se voltarão para a eleição seguinte, quando serão escolhidos os novos deputados, além do presidente da República e governador.
Tão distante o reencontro com as urnas, nem por isso deixa de ser possível a previsão de uma intensa disputa, com espaço garantido nela a deputada Margarida Salomão, que assumirá tão logo renuncie Gilmar Machado, prefeito eleito de Uberlândia. Ela tentará novo mandato, como também tentaria Marcus Pestana, que, contudo, parece destinado a posições mais altas.
O prefeito Custódio Mattos, que não obteve a reeleição, é tido como candidato certo a deputado, depois de ocupar no governo estadual o cargo que lhe será destinado.
Uma expectativa: o reitor Henrique Duque, ainda sem filiação, pode ser um candidato à Câmara dos Deputados. Uma dúvida: qual candidato seria apadrinhado pelo novo prefeito?
As mudança que
são inevitáveis
Se todos os partidos precisam passar por mudanças e planos, três - PT, PMDB e PSDB – têm de puxar a fila, e para isso não podem demorar muito. Os tucanos perderam a eleição para prefeito, sem conseguir chegar ao segundo turno, mesmo tendo a campanha mais eficiente do ano e o apoio do governo do estado. Elegeram apenas um vereador, ainda assim com a ajuda de sobra de legenda.
O PT voltou a alinhavar dificuldades para expor sua candidata à terceira derrota. O partido não teve força suficiente para evitar campanha de indigência financeira, perdeu uma cadeira na Câmara. Tentou e não conseguiu fazer Lula subir ao palanque de Margarida.
Não menos grave, o partido acaba de perder o voto jovem, de 18 a 29 anos, que sempre oi sua principal reserva eleitoral.
Ainda assim,o PT acaba de mostra que ainda é um partido capaz de reagir. Na última semana da campanha conseguiu animar a militância e pôde reduzir uma diferença que já se fazia favorável ao adversário, Bruno Siqueira. Todas as apostas e previsões falavam em mais de 50 mil votos de diferença, que acabou ficando em 41 mil.
Luiz Carlos
Luiz Carlos Mendes, 72 anos, foi sepultado ontem à tarde no Cemitério Municipal, depois de 45 dias hospitalizado e perder a batalha que travava com o câncer. Ativo na vida social e política da cidade, ele foi assessor do deputado José Bonifácio, quando presidente da Câmara, mas também serviu politicamente a toda a família Andrada. No Congresso, foi fiscal de orçamento, e nesse cargo aposentou-se.
(( publicado também na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS )
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário