domingo, 7 de outubro de 2012
O segundo turno
Unanimidade é coisa que a instituição do segundo turno jamais obteve, até porque tanto os que o defendem como os que o criticam têm argumentos irremovíveis. E isso vem desde que, tomando-se por base os artigos 28, 29 e 77 da Carta Magna, ficou estabelecido que uma nova rodada de votação ocorreria sempre que não alcançasse maioria absoluta o candidato à presidência da República, ao governo do estado ou à prefeitura de município com mais de 200.000 eleitores. A primeira divergência criada, tanto no Congresso como entre juristas, foi que o segundo turno devia excluir os municípios. O Tribunal Superior Eleitoral não tomou conhecimento da ressalva.
Quem é contra baseia-se principalmente em dois fatos: a campanha eleitoral torna-se muito mais cara, ampliando a influência do poder econômico, e permite arranjos políticos nem sempre suficientemente transparentes. No dizer do sociólogo Antônio Carvalho Machado, “é uma importação do modelo francês que só tem sentido nas sociedades cristalizadas e com estratificação bem definida”.
Não menos poderoso é o argumento de quem aplaude o segundo turno. Para esses, é bom que se torne presidente, governador ou prefeito aquele que obtiver o respaldo de 50% do colégio eleitoral. Atinge-se a necessária representatividade política. Com a maioria confirmada, o eleito não corre o risco de governar tendo conta si a maioria do eleitorado.
Voto decisivo
Vinte e quatro horas depois de fracassar na tentativa de chegar ao segundo turno, o prefeito Custódio Mattos se transforma no principal eleitor do segundo turno. É para confirmar que a política é como as nuvens, quando se olha duas vezes para o céu elas já não são a mesma coisa, segundo a famosa frase atribuída a Magalhães Pinto, embora sendo Raul Soares quem verdadeiramente a cunhou.
Ele quer pensar sobre o que fazer na eleição do dia 28. Tem dois caminhos: liberar seus eleitores, o que é pouco provável que aconteça, ou pedir apoio para Bruno Siqueira.
Última abstinência
Minas continuou sendo um dos raros estados a impor lei seca em dia de eleições, mas é provável que siga a maioria, e em 2014 elimine a abstinência. Primeiro, porque, independentemente de estarem vedados o consumo e a distribuição, as pessoas bebem em casa, e não há como proibi-las disso. Segundo, porque são os despreparados para a bebida, não propriamente ela, que têm culpa pelas inconveniências capazes de tumultuar um pleito.
Passo seguinte
O prefeito Custódio Mattos passa a ser considerado candidato natural em 2014 à Câmara Federal, onde já esteve em três mandatos. Pode ser que pessoalmente tenha outros planos, mas o PSDB, comandado por Anastasia e Aécio Neves, vai considerar que ele reuniu experiência política e não pode ser dispensado.
Que estratégia?
Quando foi fechada a última pesquisa do Ibope, na quarta-feira, atribuíam-se 13 pontos para eleitores indecisos, um universo expressivo, ainda que se contassem nele os já decididos, mas enrustidos. Tomando-se por base um colégio de 386 mil, deduzida a expectativa de abstenção, convertendo-se os pontos em percentuais, deduz-se que entre 25.000 e 28.000 pessoas estavam caminhando para as urnas carregando dúvidas sobre os candidatos a prefeito.
Não se ficou sabendo qual estratégia os candidatos teriam elaborado, com antecedência, para penetrar nesse manancial de duvidosos.
No rastro
Dividido e internamente conflituoso, o PMDB viu, de um momento para outro, reanimadas as esperanças dos principais candidatos a vereador. Foi quando Bruno Siqueira subiu para o primeiro lugar nas pesquisas. Antes, apostava-se na eleição certa de dois vereadores, mas no fim de semana já se falava em um terceiro, este pilotando as sobras.
Raul Salles
Com a não reeleição de Raul Salles para a prefeitura de Pequeri, sai de cena o executivo que é considerado revelação nos últimos tempos no interior de Minas. Ele havia conseguido uma coisa quase impossível: sua cidade tornou-se referência em atendimento à saúde.
Votação em JF
Às 19h30m, com 97% das urnas apuradas, eram os seguintes os números da disputa pela prefeitura:
Bruno Siqueira – 40,29% - 112.700 votos
Margarida Salomão – 37,18% - 103.994 votos
Custódio Mattos – 21,06% - 58.889 votos
Victória Mello – 0,97% - 2.711 votos
Laerte Braga – 0,5% - 1.404 votos
Paschoalin - 0
(( publicado na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))
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