quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Números reais

A abstenção que se registrou no segundo turno, cerca de 20%, é alta e deve ser objeto de avaliação, porque, em números absolutos, revela que 100 mil juiz-foranos estiveram ausentes no momento em que se escolhia o novo prefeito. Mas é preciso considerar que o abstencionismo não significa apenas desinteresse em participar de uma decisão eleitoral, porque nele estão incluídos os que no dia estavam fora do domicílio, os enfermos, os maiores de 70 anos,os que têm a prerrogativa da ausência. Mais graves são os números referentes a votos anulados ( 15.809) ou dados em branco (7.793). De fato, representam uma omissão. Mesmo assim, há que se distinguir voto nulo e voto em branco, este, diferentemente do outro, é um voto ativo. Quem o deu foi aquele que apenas não viu como optar entre os dois candidatos finais.
Novo encontro
Ao contrário do que se previa, ficou sem aprofundamento político o rápido encontro que tiveram na Assembleia Legislativa o coordenador do bloco partidário de apoio ao governador, Lafayette Andrada, e o prefeito eleito, Bruno Siqueira. Para se tratar de política vão marcar uma reunião específica.
Validade confirmada
Ainda sob a mira de muitos que o consideram dispensável, porque impõe uma campanha mais cara e facilita a convivência entre partidos sem identidade programática, o segundo turno confirmou o seu mérito maior: elegeu-se o prefeito com maioria indiscutível (57%). Fosse eleito já no primeiro, representaria apenas 40%. O que seria muito, mas minoria.
Peças de fantasia
Para o prefeito Adhemar Andrade, que exerceu dois mandatos, o maior problema em relação aos partidos que o apoiavam eram exatamente os que diziam nada pretender na administração, pois acabavam se tornando os mais exigentes. Ouve-se agora entre os que apoiaram a eleição de Bruno Siqueira que nada vão postular nem exigir. Há histórias semelhantes, como o Saci e a Branca de Neve.
Aos mortos
Em Finados, orar é o melhor que se faz por aqueles que, como disse Álvaro Moreira, foram na frente, ou, como poetou Fernando Pessoa, os que dobraram a esquina e não mais puderam ser vistos. Orar, sem considerar muito o que se lê nos epitáfios, porque eles só sabem elogiar. Contou Paul Sabatier que uma criança, lia, ao lado do pai, os epitáfios de um cemitério, e teve a curiosidade de perguntar onde eram enterradas as pessoas más.
Fim de ano
Com a chegada de novembro, as atividades políticas se retraem, os parlamentares tornam ainda mais escassas suas idas a Brasília e o que há de importante a ser feito fica para 2013. Mas é também o período em que os prefeitos eleitos começam a tratar da formação de suas equipes. É o que ainda ajuda a movimentar a área.
O suplente
Já se falou muito sobre a deformação que representa a suplência em eleição majoritária de senador, embora sendo típica da eleição proporcional. Ocorre de, em muitas vezes, ele é chamado a assumir sem que tenha sido votado, como ocorreu recentemente, quando a senadora Marta Suplicy saiu para ocupar o Ministério do Turismo. Seu suplente, Antônio Rodrigues, sem um voto, estava em plena campanha do PSDB em S.Paulo. Tudo ajustado para aborrecer os petistas. No ano passado, foi típica a situação: quando o Senado reabriu os trabalhos legislativos, sete novos suplentes estavam no plenário. Hoje, das três cadeiras de Minas na Casa, duas estão ocupadas pelos suplentes Clésio Andrade e Zezé Perella, substituindo dois titulares falecidos em menos de um ano: Eliseu Resende e Itamar Franco. Enquanto isso, o Congresso enrola com a reforma política, evitando contrariar os suplentes do Senado, que são 20% no plenário.
Chegando a hora
Muitos são capazes de lembrar que, em janeiro, ao se colocar à disposição do PSDB para entrar na campanha presidencial, o senador Aécio Neves (foto) disse que a confirmação de sua candidatura só depois de empossados os novos prefeitos; portanto, janeiro de 2013. Foi o motivo de o partido ter orientado seus candidatos para evitar campanha com base no lançamento da candidatura do senador.
Desanimação
Deve sai, nos próximos dias, um relato das atividades das bancadas partidárias e estaduais na Câmara. Parece que os números não serão dos melhores para Minas, retratando seu baixo prestígio junto ao governo federal. E se o estado tem recebido tratamento secundário nos gabinetes, em alguns casos até humilhante, deve-se, pelo menos em parte, a duas deficiências da bancada parlamentar que nos representa em Brasília: a falta de agressividade e a dificuldade em superar questões partidárias para agir em bloco.
(( publicado também na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS))

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