O teatro da corrupção
Há um descuido neste grave momento político que vive o País. As
atenções, as diligências, as ações da Justiça voltam-se apenas e exclusivamente
sobre os atores da corrupção. Não cuidam de agir ver o palco em que eles agem,
isto é, não se discute nem se decide sobre o que é preciso fazer para impedir
que esses mesmos criminosos ou os que vão sucedê-los possam praticar os mesmos
crimes.
Os corruptos, a corrupção e outros vícios só sobrevivem e
prosperam porque têm à sua disposição um modelo político há muito
denunciado. Permissivo, tolerante e facilitador das incursões dos assaltantes
que hoje ocupam as manchetes dos jornais, alguns já veteranos nessa prática.
Foi graças a tamanhas facilidades, associadas ao fantástico mundo
da impunidades, que assistimos ao jogo dos interesses escusos, que nos
envergonham perante o mundo.
E então?
O presidencialismo, segundo o modelo que infelicita o Brasil, está
falido. O que, aliás, nem pode ser objeto de espanto, pois no velho tempo de
Rui Barbosa ele já concluía que ”o presidencialismo brasileiro é se não a
irresponsabilidade geral (...) a irresponsabilidade sistemática do Poder
Executivo”.
Se não cuidarmos de viabilizar o parlamentarismo, outras gerações
de corruptos virão para substituir os bandidos de hoje. Com os de hoje
substituíram os de ontem.
Doutores na matéria sabem que, entre os caminhos a seguir, em nome
de um mínimo de moralização, avultam o parlamentarismo e o voto distrital.
Lamentavelmente, todas as vezes que o regime de Gabinete nos foi
proposto ele veio em momentos de comoção e de crises institucionais, sem clima
e sem vagar para ser adotado, sem paixões e sem traumas. É preciso tentar outra
vez.
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