quarta-feira, 24 de maio de 2017






O teatro da corrupção


Há um descuido neste grave momento político que vive o País. As atenções, as diligências, as ações da Justiça voltam-se apenas e exclusivamente sobre os atores da corrupção. Não cuidam de agir ver o palco em que eles agem, isto é, não se discute nem se decide sobre o que é preciso fazer para impedir que esses mesmos criminosos ou os que vão sucedê-los possam praticar os mesmos crimes.   

Os corruptos, a corrupção e outros vícios só sobrevivem e prosperam  porque têm à sua disposição um modelo político há muito denunciado. Permissivo, tolerante e facilitador das incursões dos assaltantes que hoje ocupam as manchetes dos jornais, alguns já veteranos nessa prática.

Foi graças a tamanhas facilidades, associadas ao fantástico mundo da impunidades, que assistimos ao jogo dos interesses escusos, que nos envergonham perante o mundo.

E então?

O presidencialismo, segundo o modelo que infelicita o Brasil, está falido. O que, aliás, nem pode ser objeto de espanto, pois no velho tempo de Rui Barbosa ele já concluía que ”o presidencialismo brasileiro é se não a irresponsabilidade geral (...) a irresponsabilidade sistemática do Poder Executivo”.

Se não cuidarmos de viabilizar o parlamentarismo, outras gerações de corruptos virão para substituir os bandidos de hoje. Com os de hoje substituíram os de ontem.
Doutores na matéria sabem que, entre os caminhos a seguir, em nome de um mínimo de moralização, avultam o parlamentarismo e o voto distrital.

Lamentavelmente, todas as vezes que o regime de Gabinete nos foi proposto ele veio em momentos de comoção e de crises institucionais, sem clima e sem vagar para ser adotado, sem paixões e sem traumas. É preciso tentar outra vez.







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