quinta-feira, 18 de maio de 2017






Uma encruzilhada


1 -  É exatamente por estar vivendo um momento crítico de sua história republicana que o Brasil se coloca diante da mais delicada de todas as encruzilhadas com que já se defrontou. O que quer que aconteça a partir de amanhã, serão sombrios os próximos tempos, e com isso haverão de concordar tanto os que querem ver o presidente Temer pelas costas, como os que, contrariamente, admitem que melhor é que ele fique, pois, se com ele as coisas andam complicadas, mais complicadas ficariam com sua ausência; ainda que não seja pelos méritos, mas por causa do vácuo que sua despedida provocaria.

2  -  Se parece claro que com a crise desta semana  as reformas resvalam para o abismo, não  menos visível é que as instituições também estão em risco, porque em situações como de agora é frequente o aparecimento de façanhudos e golpistas, os salvadores de fachada.

3  - Nesta noite, depois de um dia povoado de boatos e incertezas, a dúvida maior e mais preocupantes estava na conduta que o presidente Temer adotaria frente à grave denúncia que lhe pesa, isto é, o abono que deu a um ato de corrupção gravada e filmada. Estamos no começo da noite e as garantias chegadas de Brasília davam conta de que não haveria renúncia, pois no episódio da JBS ele teria sido mal interpretado.

4 -  Permanecendo no cargo, arrastando-se arranhado até 2018, o presidente Temer viveria um clima de absoluta insegurança política, que fica muito perto da ingovernabilidade. Não há país  capaz de conviver com isso. Nossos problemas já são suficientemente amplos e graves para não se desejar outros. Quando inexiste governo legitimado e apoiado o caminhar se revela  impossível.

5 – Os analistas políticos precisam considerar que o mesmo terremoto que se abateu sob os pés do presidente Temer e do senador Aécio Neves também faz estremecer a terra onde pisam Lula e o PT. Por que? Porque esse novo capítulo da crise sepultou de vez o argumento petista de que a Lava Jato, o juiz Moro e o Ministério Público só trabalham contra Lula. De forma alguma o ex-presidente chega ao fim da semana menos vulnerável que o presidente e o senador mineiro.

6 – Se se inviabilizar totalmente a permanência de Temer no cargo, a saída honrosa já está prescrita: esperar junho para o Tribunal Superior Eleitoral condenar a chapa Dilma-Temer, acusada de compra de votos, porque nesse caso o presidente pode atribuir todas as culpas à sua antecessora. Ele então cairia por culpa dela. Interessante é que, se os esforços do governo direcionavam-se para separar Temer de Dilma no Tribunal, agora pode ser melhor que fiquem juntos para naufragarem juntos. A política tem dessas coisas. 



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