Os caminhos de Temer
Não sendo assim, cairia ele diante de soluções emergenciais que
vêm povoando a imaginação das lideranças, estas sem ineditismo na história
republicana. A primeira, premida pelas circunstâncias, a renúncia. Seria o
quinto voluntário desembarque presidencial. O primeiro, com Pedro I, em
1831; em 1837, a renúncia do regente Feijó. Depois, Deodoro da Fonseca, em
1891, coagido pelo vice Floriano. Em 1961 a renúncia de Jânio Quadros.
Mas, se a solução para a eventual saída de Temer for a eleição
indireta de um novo presidente, seu sucessor seria o nono na escala dos que
chegaram ao cargo por essa via. Indiretamente elegeram-se Deodoro da Fonseca,
em 1889, depois Getúlio Vargas em 1934, seguindo-se os cinco generais da
ditadura que começou em 64: Castello Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici,
Ernesto Geisel e João Figueiredo. Por fim,Tancredo Neve em 1985, sob um clima
de tensão, incertezas, espectro golpista, mas também clima de alegria, antes da
decepção comovida ante a tragédia que o impediu.
Sem a vírgula
“Fora, Temer”, esse grito tantas vezes ouvido nas praças e
nas ruas, ganha, nestes momentos difíceis, um sentido novo, quando se der a
inversão das palavras. Ao ”Fora, Temer” cabe indagar aos que gritam o que fazer
com ele ausente? Sem a vírgula, fora Temer não é mais um desejo raivoso, mas ganha novo sentido. Fora ele, o que fazer? Afasta-se a vírgula,
o presidente excluído, cabe indagar: excluído ele, ausente, o que fazer
sem ele? Quem no seu lugar? Graças a uma vírgula, que tanta diferença pode
produzir numa frase ou numa ideia, o apelo da oposição vai saindo das ruas para
definir nosso futuro imediato.”Fora, Temer” é muito diferente de Fora
Temer.
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