Eleitor
com raiva
A gente lê e ouve pessoas
afirmando disposição de anular o voto em novembro ou abster-se,
sendo mais frequente a explicação de que não adianta: os políticos
não servem ou apenas se servem. Os que optam pela abstenção
preferem pagar a multa, quando forem chamados a explicar a ausência.
Essa multa, em geral, é apenas o dinheiro que se gasta para comprar
uma lata de cerveja. Ora, se para a Justiça o voto vale tão pouco,
começa exatamente nela o pouco caso, o baixo valor com que define a
manifestação do ato cívico do cidadão. Se os legisladores
realmente considerassem voto como algo valioso fixariam multa capaz
de machucar a bolso de quem faltasse à urna.
Essa é uma questão
importante, mas não a única, quando se analisa a raiva do eleitor
com os agentes políticos, que para ele não prestam, genericamente.
A começar, por mais que se respeite a opinião contrária, a
generalização é errada e injusta.
Depois – e aqui vai o crime
da omissão - é que o eleitor que protesta, que tem competência
para julgar e decidir, se não vota acaba deixando espaço aberto
para o mau eleitor; aquele que vende ou o troca o voto por qualquer
interesse. Percebam que o eleitor corrupto – esse não deixa de
votar, porque precisa do cargo que lhe foi prometido; ou aquele que
recebe do candidato corruptor metade da nota de 100, para receber
depois a outra metade.
Aquele tipo de eleitor irado,
omisso, é tão pernicioso como o que vende o voto. O omisso entrega
de graça seu direito e o interesseiro toma seu lugar. Faz lembrar
Padre Vieira, o grande sermonista: a omissão é o pecado que se faz
não fazendo…
O
que fazer?
O
deputado Noraldino Jr levou à Assembleia um problema que, até
agora, não tem sido objeto de maiores atenções. Com a passagem da
pandemia, o mundo fica na obrigação de descobrir um destino para
cerca de 65 bilhões de luvas plásticas descartadas, principalmente
pelos agentes de saúde. Para ele, ainda que o mundo não se preocupe
com o problema, em Minas podíamos pensar alguma coisa, porque também
aqui já são conhecidos casos de esgotos entupidos com esse material
descartado.
Prenúncio
sombrio
A
greve do pessoal do transporte coletivo, que ofendeu a uma população
já sacrificada com problemas de saúde, talvez seja a primeira de
uma série de crises das quais dificilmente poderá escapar o próximo
prefeito. A começar pelas planilhas em que se baseia o cálculo para
a fixação da tarifa. Esta, para remunerar o que os empresários
julgam merecer, pode chegar a um valor que o usuário não terá como
aceitar. Eis o impasse previsto: é justo cobrar, mas não há como
pagar. Fala-se em que parte da tarifa seja subsidiada pela
prefeitura, mas também com ela as vacas andam magras, como atestará
o futuro prefeito, com uma bomba nas mãos.
A
fala comunista
Primeiro
a falar como candidato a prefeito, pelo PCdoB, João Vítor Garcia
deu trato à questão da greve dos motoristas de ônibus, categoria
profissional que ampliou os problemas da população. Diz ele que a
cidade não pode dispensar os ônibus para se locomover, mas os
motoristas, por sua vez, não têm como tolerar atrasos no pagamento
dos salários.
Os
políticos, sem preferência, solidarizaram-se com usuários e
grevistas. Mas não falaram sobre a solução, que sempre cabe à
prefeitura, poder concedente das tarifas e das permissões.
Voz
do Brasil
O
programa Voz do Brasil, que sobrevive sem se preocupar com índices
de audiência, está completando 85 anos de irradiação permanente.
Sua história tem dados interessantes, como o fato de ter realizado a
cobertura oficial da outorga ou promulgação de cinco constituições
brasileiras, o que prova nossa vocação legiferante. A atual
presidente da Adesg em Juiz de Fora, jornalista Neusa Bernardes, já
integrou o quadro de comunicadores da Agência Nacional, que produz o
programa.
Terapêutica
amarga
Quando
se fala, com tantos temores, sobre a custosa obra de recuperação da
economia, quando tivermos vencido a Covid 19, o que se tem como
certo, impossível evitar, é que haverá grande sacrifício da parte
da população. O governo federal já prepara o remédio, embora
preferindo não usar a expressão “aumento de imposto”, que,
segundo Roberto Campos, é perigoso purgante para se prescrever em
tempo de eleição. Sobre as dificuldades a serem enfrentadas, é
aquela velha máxima: se complexa a doença, complexa a terapêutica.
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