- Repete-se em Juiz de Fora
cena vivida pelos partidos em anos anteriores: a dificuldade em
“laçar” mulheres que se disponham a disputar a vereança.
Encontrá-las e abrigá-las é imposição da legislação eleitoral,
que lhes reserva a terça parte das vagas existentes nas chapas. Com
uma espécie de “reserva de domínio”: não havendo presença
feminina suficiente, nem por isso os espaços podem ser ocupados por
homens.
Em
casos anteriores muitas candidatas permitiam ser registradas, apenas
em troca de alguns favores. Agora correm o risco de serem processadas
se se prestarem ao papel de “laranjas”.
2
- Tão logo as autoridades municipais autorizem a reabertura do
Parque Halfeld, fechado para não favorecer a contaminação da
coronavírus, podiam aproveitar a ocasião para corrigir um erro na
placa que identifica o local. O Halfeld que ali se lê não é o
fundador da cidade, o Henrique; mas o filho dele, coronel Francisco,
que no começo do século passado financiou a urbanização do
espaço, onde antes amarravam-se cavalos e realizavam-se touradas.
Incomoda o erro na placa.
3
– Em programa de TV o senador e ex-presidente Fernando Collor, com
certo otimismo, admite que Bolsonaro realmente adotou nova postura,
menos provocador, mais calmo e sem disposição para desnecessárias
hostilidades. Sobre as más relações com a imprensa, que ele também
experimentou antes do impeachment, confessa agora ter percebido o
erro, mas já era tarde.
4
- Nestes tempos em que a pandemia viaja a bordo de tantas
incertezas, recorro a uma reflexão do redentorista Padre Dalton.
“Estamos numa travessia inimaginada: águas tumultuadas, mas
redentoras (..), o mundo ferido na sua pretensa maneira de tudo
contemporizar mediante a criatividade técnica, o apego a produzir e
consumir, mesmo gerando desigualdades”.
Ainda
assim, “nada de capitular na desesperança e no desencanto. Confiar
e ousar nas transformações “.
(((((((
“nada de capituar na desesperança e no desencanto” ))))
5
- Comenta-se, entre as novidades deste tempo pré-eleitoral, o
torpor vivido pelo MDB, depois de longas e agitadas campanhas na
política municipal. Permanente queixa nesse sentido fazia o
ex-vereador Júlio Gasparette, que morreu na semana passada. Ele
andava “incomodando” nas reuniões de segunda-feira.
6
– Quaisquer que sejam os planos e ambições dos candidatos que se
preparam para o embate de novembro, e para que não se vejam expostos
a decepções, recomenda-se levar em consideração a
imprevisibilidade que tem se identificado no eleitor mineiro. Um
exemplo: em 2018 todas as pesquisas para o Senado contemplavam a
ex-presidente Dilma Rouseff em primeiro lugar, antes de ser
abandonada às feras pelo partido. Ela acabou em quarto lugar.
7
- O imprevisível sempre acontece também nas eleições de Juiz de
Fora. Em todos os tempos; muitas vezes derrubando os maiorais, como
se viu em 1860, ano em que foram escolhidos os primeiros vereadores:
Henrique Halfeld em 11º lugar e Mariano Procópio em 18º...
8
- Raramente lembrado na cidade, a não ser por dar o nome a uma rua
do Poço Rico, Pinto de Moura acaba de ser citado na Enciclopédia
Decenal Latino-Americano de Trabalho Primário, editado no Chile. A
razão é o seu pioneirismo. Quando vereador, ele fez aprovar a
primeira lei que regulamentou o trabalho do menor, há 108 anos: 18
de outubro de 1912.
9
- Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça, falando a uma TV francesa,
concluiu que o Brasil tem duas lideranças populistas: Lula, na
esquerda, e Bolsonaro na direita. Disse o que todos já sabem.
Geralmente citado como possível candidato à presidência, Moro
melhor faria se ensinasse o que se faz para escapar do populismo, que
alguém já definiu como doença venérea da democracia: infecciona e
não fecunda.
10
– O deputado mineiro Zé Vitor (PL), uma das vozes ruralistas na
Câmara, queixa-se dos excessos burocráticos que perturbam a vida
dos fazendeiros. Um exemplo: na Zona da Mata o proprietário de 800
alqueires que adquiriu 300 alqueires do vizinho ao lado é obrigado a
pagar um novo caríssimo plano de preservação ambiental, mesmo que
as duas já tivessem todos os procedimentos legalizados.
11
- É incontestável que o mapa dos casos de suicídio em Juiz de
Fora, como em todo o Brasil, se desfigure na subnotificação. Muitas
famílias das vítimas preferem esconder a tragédia, achando que ela
resulta de uma fraqueza moral do suicida. De forma que, com toda
certeza, os 11 casos registrados no ano passado foram mais numerosos.
Mesmo assim, sabe-se que houve aumento de 33% em relação ao período
anterior.
Na Câmara, quem tem
tratado frequentemente do problema é o vereador José Fiorilo (PL),
que acaba de aprovar projeto que define 10 de setembro como Dia
Municipal de Prevenção do Suicídio.
(((((
“casos de suicídio desfigurados na subnotiicação” )))))
12
- Agentes de fiscalização orientados para abordar pedestres sem
máscara, queixam-se de hostilidades e resistências, mesmo fazendo
abordagem educadamente. Infratores mais audaciosos, reagem às
máscaras, afirmando que têm direito de não usá-las. Têm direito,
mas também têm o dever. Em questão de liberdade, quando se
desfruta de um, automaticamente se submete o outro.
13
- Leio no blog da deputada Sheila Oliveira: “Juiz de Fora não
aguenta mais com tanto tempo o comércio fechado”. Não só à
deputada aflige o problema, do qual padecemos todos nós. A questão
é que, tratando-se de medida drástica para evitar que as pessoas
morram, qual a alternativa que ela adotaria, tratando-se der virtual
candidata à prefeitura.
14
- O estigma do estado do Rio de Janeiro, nas últimas décadas, é
sofrer cruelmente com a péssima qualidade dos governadores, a
começar pelo campeão da bandidagem, Sérgio Cabral, já contemplado
com mais de dois séculos de cadeia. Do mesmo naipe, com ele ou
depois dele, Garotinho, Rosinha Garotinho, Pesão, e para enriquecer
a “Lista Metralha”, Wilson Witzel. Quanto a este, tratando-se de
um juiz, esperava-se coisa melhor.
15
- Aberta a temporada das pesquisas eleitorais, é preciso atentar
para o que exige a lei. Têm de ser registradas na Justiça
Eleitoral, identificando-se a empresa ou instituto encarregado do
trabalho, quem encomendou e quem financiou. É uma tentativa de
impedir que falsas conclusões sejam usadas para influir no destino
da votação.
A
História de Fato
Um fato insólito, tendo Juiz
de Fora como cenário, contribuiu muito para agravar as relações
entre Getúlio Vargas e seu interventor em Minas, Benedito Valadares.
No centro do tiroteio, sem qualquer culpa, o grande Lindolfo Gomes
(foto). Escreveu o presidente em seu diário, 4 de junho de 1937: “O
governador de Minas ameaça crise porque nomeei, sem consultá-lo, um
inspetor de ensino para um colégio de Juiz de Fora (Escola Normal).
Faz ameaça e intimou o ministro da Educação a pedir demissão (…).
E esse inspetor chama-se Lindolfo Gomes, um professor cultíssimo e
paupérrimo”.
A
História de fato
Em
1934, tentando preservar-se
da hegemonia política dos
mineiros e paulistas, o ditador Getúlio Vargas tentou, e fracassou,
criar a representação classista na Câmara dos Deputados, uma
inovação que não havia
sido experimentada tentada
por qualquer outro
pais. Tentou depois as representações profissionais, mais inviáveis
ainda, porque faltava a elas a
necessária personalidade
jurídica, como explicou Antônio Carlos, contrário à manobra
getulista. No ardil do
ditador argumentava-se que era preciso tirar o poder legislativo dos
currais eleitorais do interior. E
nisso tinha alguma razão. Mesmo
com vida efêmera, a classista chegou a ter seus representantes
votados. De Juiz de Fora, entre os 11 mineiros, Alberto Surek (foto),
que aqui promoveu o primeiro congresso proletário do estado e ajudou
a fundar o Sindicato dos Bancários.
Mulher
na política. É preciso
Quando qualquer eleição se
aproxima - e isso não é de hoje - é usual estranhar e criticar a
sempre a modesta participação das mulheres na política, sem que se
possa censurá-las por desinteresse, embora sejam maioria no colégio
eleitoral. Verdade é que a culpa não é delas; culpa da própria
política, que cada vez mais desencanta, deixa de ser atraente, além
de se revelar infestada pelos maus exemplos da maioria masculina.
Elas votam, e preferem limitar a esse ato cívico a sua participação.
Da mesma forma, já sabendo que a política tem revelado pequena
capacidade de aperfeiçoar a vida do cidadão comum, sem bons
remédios para os grandes males, elas acreditam que nem vale a pena
eleger representantes da população feminina. Mulher não vota em
mulher, está na boca do povo. Mas isso talvez ajude a explicar o
fato de apenas 14% das cadeiras da Câmara dos Deputados estarem
ocupadas por elas. No Senado, 3,4%.
Em Juiz de Fora, onde nunca se
elegeu prefeita, em 160 anos só 10 vereadoras.
Mas, neste ano, para quebrar a
tradição, devem apresentar candidatas a prefeito nada menos que
cinco partidos: PSL, PT, PSTU, Psol e Republicanos. A se confirmar,
não deixa de ser um to
v
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