segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

As prisões que viraram escolas

Certa vez, o presidente Antônio Carlos sentenciou: vamos abrir escolas para não termos de abrir prisões. Pois Juiz de Fora fez melhor: fechou prisões para abrir escolas; e, bem pensado, é o que deve nos orgulhar mais que as usinas e as estradas por onde caminhou nosso pioneirismo. Isto vem à lembrança, quando transcorrem os 120 anos da criação do Conservatório Estadual de Música, que ocupou na Rua Batista de Oliveira o prédio sinistro da velha Delegacia de Polícia. Os sons que saem dos instrumentos de mil alunos sufocam e empurram para o passado os gemidos do frio e dos espancamentos que saíam das celas.
Muitos anos antes, o próprio Andrada fechou a cadeia pública da Praça da Alfândega, e ali abriu a Escola Normal, hoje Instituto de Educação. Mudou o nome, mas não mudou o objetivo de preparar gerações de juiz-foranos. .
Depois, vieram Benedito Valadares e Israel Pinheiro. Visitaram as obras do novo presídio, e acharam que melhor seria destinar o prédio a uma escola de alto nível, o que é hoje o Instituto Cândido Tostes.
Mais recentemente, coube a Itamar Franco, então governador, fechar o presídio de Santa Teresinha, que um juiz já havia apelidado de “Sucursal do Inferno”. Pois daquele lugar, que como nenhum outro assistiu a tantas tragédias humanas, surgiu a Escola Estadual Mercedes Nery Machado, para ensino de primeiro e segundo graus.
Queira Deus essa tradição não se interrompa.

“Distritão” sem consenso

Defendida por alguns senadores do PMDB, diz a agência Senado, a proposta de eleger vereadores, deputados estaduais e federais por meio do voto majoritário dentro de cada município ou estado - modelo chamado de "distritão" - divide opiniões mesmo dentro do partido. Alguns identificam a proposta como única alternativa viável para o sistema atual, o voto proporcional em lista aberta. Outros acreditam que o "distritão" vai enfraquecer os partidos, encarecer as campanhas e favorecer os candidatos mais ricos e as celebridades.
Hoje, vereadores e deputados são eleitos levando em conta os votos recebidos por um e o conjunto de votos obtidos por seus partidos. A legenda com mais votos elege mais representantes. O "distritão" simplificaria a eleição: seriam eleitos assim os candidatos mais votados, independentemente do desempenho de seus partidos.
O "distritão" é uma variação do voto distrital. A principal diferença é que, no distrital, cada estado é subdivido em tantos distritos quantas forem as vagas a que tiver direito na Câmara, e cada distrito elege o candidato mais votado. Por exemplo, o estado de Minas Gerais seria dividido em 53 distritos, pois é representado por 53 deputados federais. No distritão, seriam eleitos os 53 candidatos mais votados em Minas.

Dissidentes

Nem tudo foram flores e confetes na festa de confraternização que o PMDB promoveu no fim de semana. O ex-prefeito Tarcísio Delgado deplorou que as executivas estadual e municipal não tenham trabalhado o suficiente para impedir dissidências.


Bem dito

Essa história de que o homem é diferente na vida privada e no exercício da função pública, e, portanto, não interessa o que fez antes de assumir um cargo, de forma alguma convence o escritor e acadêmico Eduardo Almeida Reis. Diz ele, ao sair de férias:
“ Entendo que o homem público é indissociável dele próprio. Não tem cabimento, não faz sentido o gatuno ser transformado em santo quando investido de um cargo público. Se o sujeito é bandido em casa não deixará de sê-lo na Câmara, no Senado, na Esplanada dos Ministérios, no STF, no Planalto.”


(( publicado também na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

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