domingo, 18 de dezembro de 2011

Tarcísio só revela seu candidato em junho

Na festa de confraternização do PMDB, no fim de semana, o ex-prefeito Tarcísio Delgado disse o que todos sabiam que ele estava para dizer: não está na hora de manifestar apoio a candidato à prefeitura, mesmo que o partido já tenha antecipado o plano de lançar o deputado Bruno Siqueira; e ainda que boa parte do diretório manifeste “cansaço de se esconder como vice em outras chapas ou em desacreditadas alianças”. Sobre a candidatura de seu filho, Júlio, mostrou-se reticente: “ainda há muita água para passar debaixo da ponte”.
A promessa de Tarcísio é só se declarar em julho. Mas, desde agora, uma coisa ele considera certo: Bruno só será lançado se for para ganhar, pois não considera justo queimá-lo como politico.

O deputado disse que ainda não se considera lançado, mas se une à proposta do partido de haver candidato próprio. Bruno também não deixou de dizer o que o PMDB queria que dissesse: enalteceu Tarcísio, que “pegou a cidade, no inicio de 1997, sem perspectivas de emprego e de crescimento”, e criticou a administração de Custódio.



Um preciosismo

Na sexta-feira, no Rio, a empresa Útil, prometendo ser tão exata como os trens da Suíça, vendeu passagens para 20h41m, como se um minuto em serviço de transporte coletivo não fosse a coisa mais desacreditada do Brasil. Pois o ônibus saiu às 21h2m. A hora prometida para a partida foi quando o ônibus chegou à plataforma. O motorista, procurando ser atencioso e severo, apresentou-se em voz alta e anunciou que a empresa é rigorosa em relação ao cinto de segurança. Não explicou por que esse rigor não se aplica também em relação aos horários, o que serviria a alguns passageiros que ali se encontravam, e haviam sido vítimas de frequentes atrasos em dias anteriores.


Mapa de Minas

A recente derrota da proposta de seccionar em três partes o estado do Pará deixou para trás, talvez com a mesma sorte, outros 14 projetos de revisão do mapa do Brasil. Em que isso isso pode interessar diretamente a Minas?
Já que parece definitivamente sepultado o sonho do estado Paraíba do Sul, com Juiz de Fora no centro, cabe lembrar que sempre estiveram mornas as velhas cinzas do sonho de autonomia do estado do Triângulo, englobando toda aquela região e o Alto Paranaíba.
Ontem, como hoje, poucos apoiam essas bandeiras emancipacionistas. Em seu “Chão de Ferro”, Pedro Nava já escrevia:
“Minas, eterna Minas, perene. Como rimos quando falam do projeto de dividi-la em outras unidades federativas. Que importa? Serão gotas separadas de azougue. Encontrando-se, juntam. Para acabar com Minas seria preciso esquartejar cada mineiro.”


Nada de novo com o velho
projeto do voto distrital

Dez meses depois de ter sido formalmente proposto para a reforma eleitoral, o voto distrital voltou às suas antigas gavetas. Não resta qualquer chance de ser introduzido ainda nesta década, porque a sociedade não manifesta interesse pelo assunto, e por isso não cobra posição do Congresso. Em março, quando o tema foi debatido, logo se revelou a realidade: a eleição de vereadores, deputados estaduais e federais por meio do voto majoritário dentro de cada município ou estado, conhecido como "distritão", não conta com unanimidade.
Aos parlamentares não interessa explicar ao eleitor o que isso significa. Em março, a Agência Senado bem que tentou, mostrando que “o distritão simplificaria a eleição: seriam eleitos os candidatos mais votados, independentemente do desempenho de seus partidos. Trata-se de uma variação do voto distrital. Outro sistema em debate é o voto proporcional em lista fechada. Nele, os eleitores votam apenas no partido. O nome dos candidatos constaria de uma lista organizada antes das eleições pelos partidos. Os eleitos serão aqueles que estiverem nos primeiros lugares da lista, até o limite de vagas conquistadas pela legenda”.
Mas o eleitor comum ouve ou lê a Agência? Tudo ficou como dantes no quartel de Abrantes.

Fica pra depois

A comemoração do Natal e a passagem do ano exercem tamanho fascínio sobre as pessoas, que elas se agitam. Agem e andam mais, esgotam suas forças. Diferentemente dos políticos: a Assembleia transfere para o ano que vem a apuração da responsabilidade no caso do painel que acusou o voto de três deputados que não estavam em plenário. A presidente vai descansar no litoral, sob a nebulosa ministerial, e o Congresso acha que a reforma política, que já esperou tanto tempo, pode esperar mais um pouco. Se ninguém é de ferro, por que o Supremo Tribunal não empurrar a Lei da Ficha Limpa? O País anda tão sujo, que deixar a limpeza para depois não haverá de fazer muita diferença.
Passadas essas festas, esticadas pelas férias, logo vem fevereiro com o carnaval. O Brasil vai se deixando levar.

A presidente protege

Trinta dias de fogo cerrado, que o ministro Fernando Pimentel enfrentou como foi possível, debaixo de denúncias apimentadas, e ele vai chegando ao Natal como estrela guia do apoio definitivo da presidente e sua amiga Dilma. Ela encerrou o papo com uma única sentença: o que Pimentel fez antes de tomar parte no governo, não interessa, seja lá o que ele tenha feito. A não ser que seus opositores montem outra artilharia, com armas de grosso calibre, ele está a salvo. E, se sair do Ministério do Desenvolvimento, será para assumir o Relações Institucionais.
Nem todos deram conta de um desdobramento importante, mas se a presidente diz que o que passou, passou, ela também está ajudando a mandar às favas a Ficha Limpa. Porque, tanto como Pimentel, os outros denunciados e suspeitos são de ontem; e neste País o tempo é um bálsamo e o ontem perdoa tudo.

(( PUBLICADO TAMBÉM NA EDIÇÃO DESTA SEGUNDA-FEIRA DO TER NOTÍCIAS ))

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