Os primeiros dados convergem para a expectativa de que 2012 poderá ser o ano de uma das mais tensas campanhas para a prefeitura, e suficientemente longa até para levar os candidatos à exaustão. Entre os fatores que concorreriam para tanto, está a reedição da disputa entre PSDB e PT, tal como ocorrer em 2008. Só que, desta vez, os tucanos vão querer confirmar em novo mandato para Custódio a superioridade que trouxeram da última eleição, enquanto os petistas vêm anunciando mudanças, com Margarida Salomão, e desde já propondo calor no seu discurso: “Temos que retirar do poder esses inimigos implacáveis do povo de nossa cidade. Tratam a população daqui como bárbaros e temos que derrotá-los”.
O prefeito, segundo suas próprias palavras, vai jogar tudo nas obras iniciadas ou por iniciar, sabendo que o tempo é curto, e obras também trazem transtornos. Portanto, para ele, a campanha começa na primeira fita simbólica. Certo mesmo é que a temperatura da campanha vai oscilar à medida em os candidatos do PSDB e do PT optarem pelo terreno da polarização.
Quebrar essa polarização e impedir que ela se torne a marca do segundo turno (dificilmente a vitória sorriria para um dos candidatos já na primeira rodada) é tarefa para os novatos na disputa, dois dos quais já expostos: Bruno Siqueira e Júlio Delgado. Porque, se eles têm a seu favor a novidade, também haverão de enfrentar a parcela do eleitorado que prefere nomes tradicionais.
Salvo melhor juízo
É muito agradável a leitura das estatísticas e relatórios dos órgãos de segurança pública, quando se esforçam para anunciar que os índices de criminalidade vêm caindo, embora sem ousar dizer que o tráfico está sendo vencido. Seria demais para as evidências, pois não houve um único dia deste ano em que as drogas deixassem de ser notícia. Por causa delas, centena mataram e morreram.
Esses relatórios falam de importantes medidas a serem tomadas em 2012; e quanto a isso não há como duvidar de véspera. Mas entre essas medidas, para que a população conheça os números reais da violência que cresce, seria necessário instruir melhor os policiais responsáveis pelos chamados BOs - boletins de ocorrência. Não se pode admitir que tentativa de homicídio fique registrada nas delegacias como lesão corporal. E as vítimas da violência que acabam morrendo nos hospitais? Em que estatísticas elas entram?
Da mesma forma, os que sofrem acidente de trânsito. A polícia registra os feridos, sem saber que dias depois morrem nos hospitais, longe dos números.
Convenhamos, também no campo da segurança pública a estatística é como o biquini: nunca mostra tudo.
Sob controle
Sai a primeira definição para o cumprimento de normas no processo eleitoral do próximo ano. Adverte o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Ricardo Lewandowisck, que os candidatos a prefeito e vereador estão impedidos de receber ajuda financeira de pessoa jurídica além do limite legal estipulado. Esse limite fala que à empresa é vedado ajudar candidatos com o correspondente a mais de 2% do seu faturamento bruto relativo a 2011. No caso de a empresa doadora ser criada em 2012 permanece o limite de 2%, só que calculado com base no capital social.
Novo terror
Em tempos idos, o que mais assustava os presidentes latino-americanos eram os generais descontentes, sempre prontos para a conspiração. Agora, o que os ameaça é o câncer. Hugo Chávez, da Venezuela, foi atingido em cheio. Antes dele, Fernando Lugo, do Paraguai, que ainda luta para vencê-lo. A contribuição brasileira chegou mais ampla, porque depois de Dilma veio Lula. Agora, para fechar o ano nessa escala sinistra, Cristina Kirchner, da Argentina.
Mas, como a medicina anda ligeiro, ao contrário de seus antecessores que sofreram do mesmo mal, suas chances são muito maiores.
Mineiro na bica
Havia o temor de que, removido o ministro Fernando Pimentel, Minas estaria sem um representante no primeiro escalão do governo. Pois, além de se saber que ele será mantido, é quase certo que um outro mineiro se sentará à mesa ministerial. O PP, dono da cadeira, está indicando o economista e deputado federal Márcio Reinaldo Dias Moreira, de Sete Lagoas, para ficar com o Ministério das Cidades.
Explicar é bom
Representantes do Ministério Público em Belo Horizonte, Uberlândia e do Espírito Santo querem que as câmaras municipais lhes deem informações objetivas e argumentos claros sobre os aumentos que acabam de conceder aos vereadores, em média nunca inferior a 40% . E em Juiz de Fora, o que os promotores pensam a respeito disso?
Tudo igual
João Gualberto Jr, de “O Tempo”, foi quem registrou trecho do “Tio Vânia”, que Anton Tchekov escreveu há 114 anos, e parece que foi hoje:
“O ser humano foi dotado de razão e força criativa para multiplicar o legado da Terra em que vive, mas só destrói. Cada dia é menor o número de florestas, há enchentes e secas em toda parte, espécies animais são exterminadas, o clima se torna hostil ao homem, e a Terra mais triste, pobre e feia.”
______ Em 2011, talvez mais que em outras épocas da história republicana, o Congresso Nacional primou pela subserviência. Muitas vezes, curvado frente ao Executivo e ao poder econômico, foi possível lembrar o que Tibério dizia do Senado Romano: “Homens demasiadamente prontos para servir.” ______
(( publicado também na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))
VERGONHOSO
ResponderExcluirÉ de entristecer o que se vê no Caderno de Retrospectiva 2011 da Folha de São Paulo em anexo, desta última sexta feira, 30/12/2011.
Dentre os fatos que marcaram o ano que terminou, dão destaque ao casamento do príncipe William (foto de meia página), Morte de Amy Winehouse e Rock in Rio (meia página), Morte de Steve Jobs e Vitória do Barcelona sobre o Santos (Meia Página). MORTE DO PRESIDENTE ITAMAR FRANCO, duas linhas.
Fico imaginando, qual virtude faltou a nosso grande líder político e estadista, que literalmente mudou a direção da história contemporânea Brasileira, para que merecesse algum destaque no referido caderno.
http://acervo.folha.com.br/fsp/2011/12/30/587