Um contraste inevitável em ano eleitoral é a luta dos partidos para indicar o vice nas chapas dos candidatos a prefeito: a característica do cargo é a discrição, porque só eventual e temporariamente ele assume o poder. Seu prestígio é controlado, até porque não pode se igualar ao do titular. Apesar disso, a escolha de seu nome para disputar passa por conversações delicadas, resulta sempre do esforço do partido de maior expressão na aliança, e exatamente por isso nem sempre o vice coincide com a preferência do candidato a prefeito;em alguns casos, até contra a vontade do prefeito, como se deu em 1966, quando Itamar Franco foi forçado a aceitar o general Oscar Silva na chapa do MDB.
O vice teve prestígio maior quando a eleição não era casada, isto é, ele se elegia independentemente dos votos, da chapa e do partido do candidato a prefeito. Foi o caso de Eudóxio Infante Vieira, vice de Dilermando Cruz, e Arlindo Leite, com Olavo Costa em 54 (caso único em que o vice teve mais votos que o prefeito). Os dois, e mais recentemente José Eduardo Araújo, ficaram seis meses corridos como efetivos. José Eduardo é hoje o nome do PMN para uma composição.
O PDT era o mais forte dos que acompanharam Custódio em 2008, e indicou como vice o ex-vereador Eduardo Freitas. O partido deve tentar segurar a vaga, mas para isso, em 2012 é provável que também tenha de medir forças com o PP ou, se estiver na aliança, o PPS.
Para o Partido dos Trabalhadores, o ideal, na próxima campanha, é ter como vice um nome do PMDB, e acha que a ideia seria bem aceita pelo ex-prefeito Tarcísio Delgado, mas desistir de candidatura própria não é ideia aceita por metade do diretório que ele lidera, e essa metade vai preferir aliança com o PSB.
Dividir para depois unir
Quando o presidente Collor disputou a presidência da República, foram 22 candidatos no primeiro turno, o que ficou sendo a maior disputa já registrada. Faltando três anos para a sucessão de Dilma, é provável que a fartura não se repita, mas é quase certo que serão muitos os candidatos, como estão sinalizando alguns partidos, que começam a caminhada isoladamente, para se distribuírem no segundo turno.
Já com a certeza de que PT e PSDB estarão na corrida, o DEM anunciou na semana passada que terá seu candidato, e agora o PPS aprova a proposta do ex-ministro Raul Jungman para concorrer em faixa própria. Seriam, desde agora, quatro candidatos.
Um mineiro como estepe
Ainda é cedo para se medir a capacidade de resistência do ministro Fernando Pimentel, que é o mais recente alvo das denúncias de corrupção, o que já derrubou seis ministros. Único mineiro a tomar parte no primeiro escalão do governo Dilma, os gabinetes palacianos informam que ela não deixará o estado sem representação no Ministério. Caso Pimentel não resista, o substituto poderia ser Patrus Ananias, outro da confiança do ex-presidente Lula.
Essa solução poderia ser adotada, mesmo que o ministro do Desenvolvimento resista, ou seja transferido para a pasta das Relações Institucionais, o que é do desejo da presidente.
Guerra à burocracia
Há dez anos, cumprindo um de seus mandatos como deputado federal, Bonifácio Andrada dedicou-se, como membro de comissão especial, a estudar a formidável avalancha de leis, decretos e portarias que complicam e infernizam a vida do brasileiro. Não eram os 3,4 milhões de dispositivos ossetos que se conhecem hoje, mas já andavam por aí. A comissão, apesar de sua importância, acabou extinta.
O assunto foi retomado ontem à tarde, com o lançamento da Frente Parlamentar da Desburocratização, iniciativa do deputado catarinense Valdir Colatto. Duzentos deputados aderiram.
Fora de cogitação
O secretário de estado da Saúde, Antônio Jorge Marques, pediu aos seus companheiros do PPS para que não adotem a possibilidade de ser candidato a prefeito, mesmo que o diretório municipal insista na ideia de o PPS concorrer em faixa própria. Se for o caso, seria outro nome, não o seu. O secretário alega que tem compromisso com o governador e não considera deixá-lo em nome de um projeto eleitoral no município.
MP nas pegadas
O Ministério Público mineiro quer concluir, até o dia 30, seus trabalhos em relação à Operação Pasárgada, onde é apontado como um dos corruptos mais atuantes o ex-prefeito alberto bejani. O que está sendo prometido como desdobramento, nos próximos dias, é a tomada de depoimento da desembargadora Ângela Catão Alves, que sabe das coisas.
O MP parte agora das gravações telefônicas grampeadas pela Polícia Federal, que acabam de ser liberadas, mostrando detalhes da tentativa do ex-prefeito de receber comissão correspondente a R$34 milhões do Fundo de Participação dos Municípios, liberados pelo esquema de fraude montado pelo lobista Paulinho da Status.
Tancredo e JF
Flávio Lins, que nos últimos anos vem se dedicando a pesquisar a história da TV em Juiz de Fora, localizou, acidentalmente, um discurso de Tancredo Neves, pronunciado provavelmente na Academia Mineira de Letras, em que fala dos olhares da cidade para o mar:
- Tenho até agora acentuado os aspectos sociais da profunda transformação por que estão passando as cidades mineiras sob a ação dos dois grandes focos − o horizontino e o carioca. Quanto aos materiais desta transformação, a situação é diversa. Há cidades que se transformam − como Juiz de Fora, que é quase uma miniatura do Rio, se não um subúrbio dele; mas, há outras que mantêm o seu tipo tradicional, insensíveis à influência urbanizadora daqueles dois centros. É o caso de Ouro Preto. Esta cidade é a mais característica da Minas da Tradição.
As reivindicações
Começaram a chegar à presidência da República as reivindicações conjuntas de Minas, resultado da união de partidos e entidades, liderada pelo governador Antônio Anastasia, com a expectativa de que, com todo o apoio da bancada federal, o atendimento vencerá os óbices de natureza política.
Em relação a Juiz de Fora e municípios da região, o projeto de interesse direto é a conclusão das obras de duplicação da BR-040. Outra proposta, a duplicação da BR-267, no trecho entre Juiz de Fora e Leopoldina, ainda ficará na dependência de estudos de viabilidade técnica que nem foram iniciados.
Entidades diretamente envolvidas na campanha de fortalecimento das postulações mineiras pretendem propor reuniões periódicas com o governador para avaliação.
Ministra comanda
A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, é quem estará na presidência do TSE no próximo ano e, portanto, com a responsabilidade de dirigir o processo eleitoral em todo o País. Será a primeira vez em que uma mulher presidirá o processo eleitoral do Brasil, mas levando a incerteza sobre a Lei da Ficha Limpa, cuja aplicação sobre os próximos candidatos não está assegurada no Supremo.
Em 2012, quando se elegem prefeitos e vereadores, é provável que a única novidade seja a experiência com o voto biométrico.
(( publicado também na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))
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