PT NA ENCRUZILHADA
A história das republiquetas e ditaduras
desmedidas geralmente confundem política e corrupção, como se siameses fossem,
onde o organismo de uma depende da outra. Oxigenam-se mutuamente. O
Brasil, lamentavelmente, tem servido de cenário para mostrar que aquela
dependência é real e substancial, e de certa forma mostra-se até mais
indecente. Não é outra coisa a que estamos assistindo. De fato, o jogo
interdependente dos interesses de empreiteiras e dirigentes políticos chegou a
um nível que nos permite saber porque estamos aquinhoados com a distinção de
país que convive com a maior corrupção conhecida no mundo ocidental. Em
nosso caso, a imensa corrupção gerada nas entranhas da Petrobras.
O Brasil padece dessa doença, cuja
gravidade faz lembrar o quadro epidêmico que se agrava e se robustece todo dia
com novas descobertas policiais. Nos jornais as editorias política e policial
trabalham embreadas, porque as pautas são as mesmas. Pergunta-se: Quem se
salva no governo do mosquito dessa dengue imoral?
As denúncias de gravidade crescente contra
o ex-presidente Lula, das quais não escapam a mulher e o filho, se deixam a
sociedade perplexa e envergonhada, por outro lado vão arrastando o PT, seu partido,
a uma encruzilhada a ser traçada nas convenções municipais que se aproximam.
Naquela hora, que chegará dentro de cinco meses, será posto diante do dilema de
ter decidir entre o seu futuro, renovar-se como partido, ou abraçar
solidário o passado de Lula que hoje sobrenada em mar tenebroso. O futuro do PT
significa retomar antigos sonhos, fazer o mea-culpa e assumir o compromisso com
novos tempos. Mas se ao contrário preferir a lealdade a Lula e acobertá-lo
terá, como tarefa imediata, de descobrir candidatos a prefeito que se disponham
a carregar a sigla nos ombros e enfrentar uma batalha em que o apoio
do ex-presidente, outrora tão desejável, agora se afigura perigoso e
infrutífero. Quem na TV e no palanque diria que essas coisas que estão acontecendo,
essa orquestra desafinada e desencontrada, não teve e tem a regência dele.
A esses corajosos o PT, sem ignorar a
jornada tenebrosa, terá de oferecer garantias reais, a começar por lhes dar
certeza de que não sairiam pessoalmente endividados da campanha. Na eleição
passada candidatos houve que ainda hoje amargam o dissabor de herdar dívidas
que foram autorizados a assumir, com promessa de ressarcimento, e ainda
hoje têm seus bens nas mão de credores. Confiaram no partido e se
endividaram, sem terem recebido um naco das imensas fortunas que as
empreiteiras distribuíam. Haja coragem.
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