Olho no Senado
Nesta semana, mais que em qualquer outra, voltam-se as atenções
para o Senado, onde se decidirá a sorte do governo Dilma, sob um clima que
conta com o pessimismo dos situacionistas, em grande parte descrentes da
capacidade de reversão de um quadro hostil. A admissibilidade do processo de
impeachment é tida agora como certa, considerando-se que 45 dos membros da Casa
são claramente favoráveis ao afastamento da presidente.
O Senado representa a
unidade nacional, razão porque cada Estado da Federação conta com três
cadeiras, independentemente do seu tamanho ou de sua importância
político-estratégica. Assim, na sua essência não é um plenário político, como
se vê na Câmara. Pelo menos em tese há que promover um julgamento diferente do
que se viu no plenário dos deputados.
Com tal
característica, a presidente tem ali a derradeira esperança de seu mandato.
Pensa que pode gozar da influência dos governadores junto aos senadores, embora
eles não tenham se mostrado tão fortes como se imaginava na Câmara. No embate
anterior a presidente só ganhou em três estados.
A formação igualitária nas bancadas na Câmara Alta sempre teve
seus adversários, pois discordam de um critério que confere o mesmo poder de
voto a unidades federativas tão diferentes. Isso vem desde a Constituição de
1891. No Império era pior, pois muitos senadores gozaram da vitaliciedade. Na
República começaram ganhando nove anos, reduzidos para oito em 1934. O senador
Lúcio Alcântara (PSDB-CE) propôs a redução do mandato para quatro anos.
Quase foi escalpelado pelos colegas.
Dever do vice
O filósofo Brasílio Sallum, da Universidade de São Paulo,
estudioso do mandato presidencial de Itamar Franco, informa que em 1992, nos
três meses que antecederam o impeachment do presidente Collor, seu vice
começou a se preparar para assumir, a partir de criação de uma base de coalizão
política. Sabia que os dias do titular estavam contados, e não podia esperar o
capítulo final.
O filósofo lembra o episódio para concordar com as
articulações feita pelo vice de hoje, Michel Temer, que se prepara para
assumir, mesmo faltando a palavra e o voto conclusivos do Senado. Faz o que tem
de se feito em nome da responsabilidade do cargo.
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