A GÊNESE DO GOLPE
Cabe
indagar onde estaria o berço desse golpe que o governo denuncia?, e o vê como
nome verdadeiro das intenções de impeachment da presidente. Em que gabinetes
sinistros estaria sendo costurado o plano arquitetado para empurrar dona Dilma
contra a parede do dilema: sair por conta própria ou pelo impedimento
definitivo?
Pois
muito bem. O combate eficaz a tão grave trama, se verdadeira, importaria em
identificar sua verdadeira origem; o foco onde prospera a insídia projetada e
nela aplicar um fumacê prodigioso, tal como se faz com os mosquitos da dengue.
Mas
há uma certa confusão quanto às origens. Antes de tudo porque os governistas
levantam como primeiro suspeito o vice Michel Temer, que foi escolhido a dedo
por dona Dilma para acompanhá-la na chapa da reeleição. Uma confiança que vem
de longe, e a ele ficou devendo o apoio sempre fundamental do PMDB. Não teria
logo identificado nele vocação golpista?
Suspeita-se
do Congresso Nacional. Mas ali o governo sempre teve e tem maioria fiel,
generosa, “acessível”, como ainda agora se vê nos acordos pragmáticos e
objetivos conduzidos pelo ex-presidente Lula.
Suspeita-se
da Polícia Federal. Mas ela é parte do próprio governo, diretamente vinculada
ao Ministério da Justiça, e em seu nome, contra imoralidades, tem obrigação de
agir.
Suspeita-se
do Ministério Público. Porém ele constitui parte da administração pública em
que o governo sempre buscou e obteve caminho para suas demandas.
Suspeita-se
do Supremo Tribunal Federal. Ora, ali a maioria é constituída de ministros
nomeados pelos governos do PT. É um tribunal onde o governo raramente perde.
Suspeita-se
até da Procuradoria-Geral da República, a mais fiel e republicana das
Procuradorias.
Suspeita-se
do povo, que em 70% manifesta desconfiança na capacidade da presidente em
conduzir soluções para os gravíssimos problemas do momento.
Suspeita-se
do ex-líder do governo, senador Delcídio, a quem se atribui o agravamento dos
problemas palacianos depois de promover esforço suicida para afastar o governo
dos estilhaços do Lava Jato.
Na
busca desesperada de culpados, ideal é que a presidente volte preocupações para
as entranhas de seu próprio governo. As evidências mostram que golpe, se
houver, então é de governistas, simpatizantes, agregados, dos dependentes de
copa e cozinha. Coisa bem doméstica.
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